Há 50 anos o homem chegava à lua. Foi uma façanha sem precedentes. Pela primeira vez na história, deixávamos este planeta para fincar nossos pés em outro corpo celeste. Foi na tarde de 20 de julho, mais precisamente às 17h17, que Neil Armstrong, o comandante da missão, anunciou ao mundo: “a águia pousou”.
Era a confirmação de que a nave que havia deixado a Terra quatro dias antes estava a salvo no Mar da Tranquilidade, como se chama a região da lua onde havia pousado. Seis horas depois, enfim Armstrong deixou o módulo e pisou na lua – com o pé esquerdo, registre-se. A missão foi um sucesso.
Nasci cinco anos depois, mas fui fortemente influenciado pelos acontecimentos de julho de 69. Desde pequeno, era fascinado pela corrida espacial, a ponto de sonhar, durante muito tempo, ser astronauta, delírio que já dividi com vocês, que me acompanham, em textos anteriores. Papai tinha conhecido Armstrong antes de ele pisar na lua, quando o astronauta, que tinha ido ao espaço nas pioneiras missões Gemini, viera ao Brasil, ainda nos anos 60. Criança, ficava encantado com os relatos dele.
Comecei a semana desejando escrever sobre este momento singular da história da humanidade. Fui atropelado pelos acontecimentos. Havia Gilson de Souza (DEM) e Jair Bolsonaro (PSL) no meio do caminho. A lua teve que ceder espaço para a tolice dos homens.
Nunca vou entender porque Gilson faz algumas coisas de um jeito tão medonho. Tirar férias e sumir da cidade sem avisar ninguém é de uma bizarrice sem fim. O prefeito deveria estar neste instante percorrendo rádios e emissoras de TV para explicar o projeto de subsídio do transporte coletivo. Tinha que mostrar que cidades do porte de Franca aportam recursos, em valores muito maiores, em termos tanto absolutos quanto proporcionais, nos seus sistemas de transporte. Que o dinheiro não vai para a empresa, mas sim, para a passagem. E que baixar a tarifa faz diferença para quem usa ônibus.
Gilson tinha também que explicar o decreto do corte de horas extras. Deveria ter participado da cerimônia de posse do novo comandante da Polícia Militar. E, obviamente, tinha obrigação moral de, como anfitrião, estar à frente da cerimônia de abertura dos Jogos Regionais, que reúne 5 mil atletas aqui em Franca. Mas Gilson preferiu trocar a cidade que governa pelas areias de Maceió. Péssimo.
Bolsonaro segue com seu plano de transformar o filho-fritador-de-hambúrguer no embaixador do país nos Estados Unidos. “Se puder dar um filé mignon para o meu filho, eu dou”, argumentou o presidente da República, com uma lógica capaz de fazer qualquer rei absolutista se sentir diminuído. O supremo mandatário ainda achou tempo nesta semana para defender a tutela da Ancine, a agência que regula a produção audiovisual do país, dizendo que quer, sim, interferir nas decisões sobre o que se produz no cinema nacional. De quebra, num café da manhã com jornalistas, xingou os nordestinos, a quem classificou pejorativamente como “paraíbas”, e defendeu explicitamente boicote ao governador do Maranhão, Flávio Dino, cujo “pecado” é ser de esquerda.
“Um pequeno passo para um homem, um gigantesco salto para a humanidade”, profetizou Neil Armstrong, tão logo pisou na lua. Verdade, tanto quanto é verdade que, não importa o quanto avancemos, alguns líderes continuam capazes de atitudes absolutamente estúpidas – e isso, para dizer o mínimo.
Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.