Os últimos dois anos e três meses, desde que assumi meu primeiro cargo público, eleito vereador na cidade de Franca, têm sido de imenso aprendizado – o que, como em qualquer processo educativo, traz conquistas, mas nem de longe exclui as inevitáveis decepções, alguns fracassos e muitos aborrecimentos.
Nada, nem de longe, se equipara à frustração que cerca a discussão do transporte coletivo, um perrengue que se arrasta há décadas. Era um problema conhecido. Tinha gente com disposição para enfrentar a batalha. Mas tinha, também, a forma peculiar do prefeito Gilson de Souza de lidar com as horas, as dificuldades e a construção de soluções. O tempo passou rápido. Agora, diante do dilema imposto pelo fim do contrato com a São Jose, que se encerra em junho, resta tentar fazer do limão, uma limonada. Pode ser que até dê para engolir. Mas espetacular, nunca será.
Falta de falar, cobrar, insistir, brigar não foi. No primeiro pronunciamento na tribuna da Câmara, naquele janeiro de 2017, alertei sobre a necessidade de concentrar esforços para fazer uma nova licitação. Recebi apoio de muitos colegas. Ao lado de dois deles, Diretor Marcos, suplente que estava no exercício do mandato, e Ilton Ferreira, formamos uma CEAR (Comissão Especial de Assuntos Relevantes) que se dedicou, por meses, a analisar o problema e apontar soluções. O trabalho foi feito, com o fundamental auxílio de assessores e assistentes legislativos.
Foram ouvidos representantes da prefeitura; da Emdef, que gerencia o contrato; da empresa de ônibus... Analisamos milhares de páginas de documentos. Visitamos locais onde o sistema funciona de forma sensivelmente melhor. Constatamos que aqui havia falhas na organização das linhas, na manutenção dos pontos, na quantidade da frota, na composição do preço. O relatório final foi encaminhado para o Ministério Público, o Tribunal de Contas, a Justiça, a Emdef – e, claro, a Prefeitura. Trabalho feito, a limitação da atuação de um vereador me obrigou a passar dois anos questionando e cobrando o prefeito, já que obrigá-lo a força não é uma opção. A caneta que decide fica na posse do ocupante do principal gabinete da avenida Presidente Vargas.
Desde então, no paço municipal, nada foi feito. Pelo menos, até a semana passada, quando a dois meses do fim do contrato, fomos enfim convidados para uma reunião. Não havia muito a acrescentar, além dos protestos. Não há tempo hábil para realizar uma nova licitação e a opção que resta é a renovação, por mais dez anos, com a mesma empresa. O que resta é bater o pé, por mais difícil que seja, não desistir e lutar para colocar cláusulas que garantam melhorias significativas naquilo que é oferecido hoje.
Qualquer discussão sobre a tal “renovação” tem que partir de quatro pontos. Primeiro, a redução da tarifa. É um imperativo. Segundo, a construção de quatro terminais nas zonas norte, sul, leste e oeste, para que a integração possa ser feita sem necessidade de vir ao Centro. Terceiro, a reforma do terminal central, hoje sucateado. E quarto, a criação de mecanismos de controle e multas que coibam os atrasos e as “corridas matadas” que tanto incomodam a população. Isso é o mínimo indispensável. Se esses itens não fizerem parte da discussão, a ideia de ficar sem transporte coletivo a partir de julho não pareceria tão absurda assim. Porque engolir o mesmo contrato, sem nenhuma mudança, simplesmente não dá. De jeito nenhum.
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