Sala 'Luiz Cruz'

Homenagem é prestada ao escritor francano mais profícuo em obras e mais querido por várias gerações de leitores.

23/03/2019 | Tempo de leitura: 3 min

Luiz Cruz
Luiz Cruz

Aos 77 anos, Luiz Cruz foi alvo de mais um preito dos que o admiram. Desde o dia 15 de março nomeia uma sala na Casa de Cariolato. Para louvar sua história de escritor, professor, agitador cultural, intelectual no seu sentido mais pleno, membros da Academia Francana de Letras propuseram seu nome para singularizar o espaço onde acontecem eventos artísticos durante o ano. Além da sala, batizada em meio a um grande público que compareceu para aplaudir e abraçar o homenageado, outro ambiente foi aberto para a exposição “Sapataria Literária”, criada pelo próprio Luiz Cruz para exposição que aconteceu há dez anos na Escola “Ave, palavra”. Na ocasião, Cruz e a escritora Sônia Machiavelli se uniram para mostrar suas obras distribuídas em várias instalações.

Cruz confessa que fica feliz com a homenagem em vida, mas, modesto, afirma não se achar merecedor. “Sou um escritor entre outros. O importante é ter conseguido levantar, recolher e conservar os livros de tantos autores de Franca”, disse. Ele assina a “História da Literatura Francana”, volume que resultou de árduo trabalho para pesquisar e elencar todos aqueles que escreveram em Franca desde o século XIX até nossos dias.

Na ”Sala Luiz Cruz”, ficam expostos seus mais de trinta títulos (romances, contos, crônicas e didáticos), além de fotos e notícias da mídia impressa que fixaram momentos importantes de sua história. Na segunda sala, ele organizou a “Sapataria Literária”, grande acervo que mantém à disposição do visitante obras de mais de 200 escritores francanos. De Antônio Constantino a Angelina Gramani Gomes, de Josaphat Guimarães França a Vanessa Maranha, cada autor tem suas obras acolhidas em uma caixa de sapato. A metáfora é expressiva para indicar os vínculos com a cidade cuja produção calçadista está atrelada ao seu desenvolvimento sócio-cultural. Ambas as salas ficam abertas todos os dias para visitação. Não há cobrança de ingresso.

Na inauguração, Cruz protagonizou uma apresentação intitulada “Só Vinícius” em que declamou, por 50 minutos, poemas de Vinícius de Moraes. Sua memória, tornada já proverbial, mais uma vez despertou a admiração de todos. Ao ser questionado a respeito, afirmou: “Passei a vida inteira fazendo isso, não é difícil para mim.”

Além de Vinícius de Moraes, Cruz lembra que gosta também de declamar outros autores nos eventos de que participa. Seus poemas favoritos são os reflexivos. “Gosto muito dos sociais, que mexem com a consciência política das pessoas. E também dos que tratam da investigação da psique humana” disse.

Sempre dinâmico, passos ágeis, voz firme e rápido nas respostas, Cruz continua na ativa. Reafirma que tem uma “fé cega na atividade do magistério” e descreve a educação atual como “uma lástima”. “É preciso voltar a formar alfabetizadores e não teóricos” revelou. Acredita que a educação ainda vai passar por muitas mudanças. E que as coisas possam mudar, mas daqui a alguns anos. Sua experiência docente é imensa: licenciado em 1962, teve oportunidade de lecionar Língua e Literatura Portuguesa e Brasileira em escolas de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, estados por onde passou como funcionário do Banco do Brasil.

Mesmo com tantos títulos publicados, o homenageado diz que não almeja ser lembrado como escritor, mas como professor. Questionado se pretende se aposentar do ensino, afirmou “Acho que vou morrer na sala de aula, ou ser expulso de lá, aí eu aposento.”

É preciso ressaltar que seu senso de humor é um dos traços que o tornam muito estimado no rol dos amigos com quem costuma se encontrar na Praça Barão da Franca, cenário de alguns de seus memoráveis textos.
  

Fale com o GCN/Sampi! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Franca e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.