Líderes são humanos

Não é de hoje que líderes políticos, no Brasil ou fora daqui, fazem mistério e segredo de seu estado de saúde.

03/03/2019 | Tempo de leitura: 3 min

Não é de hoje que líderes políticos, no Brasil ou fora daqui, fazem mistério e segredo de seu estado de saúde. Pode ser porque prefiram sempre ser vistos como indestrutíveis. Talvez porque tenham receio do julgamento da opinião pública. Ou, ainda, por mera vaidade. Não faz diferença. O fato é que muitas vezes o estado de saúde dos governantes é colocado sob o manto do mais absoluto sigilo. Ninguém fala nada, ninguém diz saber nada.

Quem não se lembra do ex-presidente Tancredo Neves, o primeiro depois da ditadura militar, eleito de forma indireta para tomar posse num hoje distante 1985. Tancredo fingia que nada tinha. “Cansaço”, diziam assessores para justificar seu sumiço de algumas reuniões. “Está resfriado”, apontavam outros. Na véspera da posse, Tancredo foi internado e José Sarney assumiu a presidência. Transferido de Brasília para São Paulo, em busca de melhores condições de tratamento, Tancredo chegou tarde demais. Do hospital, só sairia morto.

Hugo Chaves, o famigerado ex-presidente da Venezuela, foi outro exemplo. Diante das flagrantes evidências de que sofria de alguma coisa grave, fingia que não tinha nada. Culpava a imprensa por querer desestabilizá-lo. Quando os efeitos do câncer se tornaram indisfarçáveis, buscou tratamento em Cuba. Morreu em Havana, dizendo até o final que estava bem e que se recuperaria. Evidentemente, os fatos contrariaram sua versão.

Aqui em Franca, o ex-prefeito Sidnei Rocha passou mal na última sexta-feira. Sentia um desconforto no peito. Conversou com um médico que o assistia. Foi encaminhado para o pronto-socorro da Unimed, onde tem convênio. A plantonista fez um eletrocardiograma e um hemograma. Os resultados foram inconclusivos. Podia não ser nada, mas também podia ser.

Por cautela, acertada, registre-se, acharam melhor que fizesse novos exames e passasse a noite na UTI, em observação. Desta forma, Sidnei Rocha tornou-se paciente do leito 8 da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Joaquim. Pela manhã, foi liberado. A suspeita de infarto não se confirmou. Sidnei deixou o hospital às 8h.

A suspeita de infarto e a internação do ex-prefeito de Franca foram registrados com exclusividade pelo portal GCN. Nas primeiras horas da manhã, Sidnei apressou-se em postar nas redes sociais que não tinha nada e que “muitos o queriam morto”. Alguns veículos de comunicação, ao invés de percorrer o mesmo caminho que os repórteres do GCN fizeram e descobrir se o prefeito havia ou não sido internado, o que foi confirmado com três fontes distintas antes que fosse publicado, apressaram-se em “desmentir” a informação. Erraram.

Sidnei é entusiasta do presidente Jair Bolsonaro. O ex-prefeito, homem de luta, poderia se inspirar no presidente. A forma como Bolsonaro lidou com o tratamento em decorrência da facada que levou, inclusive com detalhes sobre a desagradável colostomia, foram absolutamente elogiáveis. Bolsonaro está bem, e a transparência em nada atrapalhou sua recuperação.

Se há alguém que queira Sidnei Rocha morto, certamente não trabalha no GCN. O que se espera é apenas transparência. Mesmo porque, milhares de pessoas gostam, se preocupam e torcem por ele. Para quem administrou a cidade em três mandatos distintos, dizer o que tem e como está é sinal de apreço e gratidão para com o povo. Sem detalhes desnecessários, sem paranoias quaisquer. Simples questão de respeito. Nada além.


Corrêa Neves Júnior, publisher do Comércio e vereador.
email - jrneves@comerciodafranca.com.br 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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