Neste ano, meu aniversário coincidiu com a metade do mandato que exerço na Câmara Municipal. Uma coisa puxa a outra, uma reflexão leva a outra e foi assim que me vi, na semana passada, pensando no que fiz até agora como vereador – e, muito mais importante, em tudo aquilo que não consegui fazer. Na minha vida, aos 45 anos, o tempo que me resta é menor do que já tive. No mandato, tenho menos sessões legislativas pela frente do que aquelas das quais já tive oportunidade de participar.
Tanto num caso como noutro, a conclusão, óbvia, é que não há tempo a perder. É hora de agir, de fazer acontecer, mesmo porque o tempo avança rápido – e nunca, jamais, volta atrás. Impossível deixar de pensar também na minha mãe, uma mulher de inteligência, fibra e elegância singulares. E para quem poucos pecados são tão graves como desperdiçar uma hora de vida.
Tudo isso me levou a um forte discurso que fiz na tribuna da Câmara Municipal na sessão da última terça-feira. Passados dois anos do governo Gilson de Souza (DEM), minha sensação pode ser resumida numa única palavra: cansei. Das explicações. Das justificativas. Da lentidão. Da hesitação. Da falta de clareza. Do rumo incerto.
Ë fato que Gilson assumiu uma máquina administrativa complexa, com muitos problemas herdados de governos anteriores. Ainda assim, não serve de desculpa para a falta de ação. Não mais.
Durante a primeira metade do mandato, tentei ajudar de todas as formas possíveis, mesmo porque esse era o desejo do eleitor. Participei de inúmeras reuniões no gabinete, apresentei dezenas de sugestões, alertei para problemas que precisavam de ação imediata, antecipei conflitos que se insinuavam como evidentes – e seriam evitáveis. Poucas vezes fui ouvido. Gilson tem um método peculiar de gestão. Não gosta de decidir rápido e, no mais das vezes, deixa o problema se arrastar até que a vida dê seu jeito. Não tem funcionado para ele, para os vereadores – e, muito menos, para a população. Decidi que o melhor que posso fazer é mudar a forma de agir. Pelo bem da cidade. Pela confiança que em mim depositaram milhares de eleitores. E, até mesmo, para que o próprio governo consiga avançar.
Afinal, onde estão as bolsas de estudo para alunos de Franca nas faculdades instaladas na cidade, especialmente aquelas que ajudariam alunos que não sejam milionários a fazer frente às pesadíssimas mensalidades da faculdade de medicina? Que fim levou a anunciada faculdade pública gratuita? Por que meu projeto de castração itinerante de cães e gatos não foi implantado? E o hospital das clínicas, alguém viu pelo menos o projeto? Que providências foram tomadas para cumprir o TAC assinado com o MP e garantir mais agilidade na liberação de alvarás para novos loteamentos e edificações? Onde está o pontilhão da Champagnat? O mutirão de ginecologia? Tudo precisa de enfrentamento. E, para o que não houver solução, de clareza sobre o as razões.
Tenho um amigo, tão inteligente quanto espirituoso, que diante de alguma situação travada costuma sair com uma expressão que já convertemos em bordão. “Agiliza, bem, agiliza”, repete. Vou gravar uma vinheta e tocar todo o dia para o prefeito. Porque do que a cidade mais precisa, neste instante, é exatamente disso. Agiliza, Gilson. Agiliza! Pelo amor de Deus. E de todos nós.
Corrêa Neves Júnior, publisher do Comércio e vereador.
email - jrneves@comerciodafranca.com.br
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