Quando percebeu que tinha esse “dom”, de enxergar o futuro das pessoas? E há quanto tempo faz seus atendimentos?

Solange Morato - Comecei com 12 anos. Nossa Senhora Aparecida (numa visão) me pedia para reerguê-la três dias seguidos nos meus sonhos. Comecei a estudar pessoas na oração e prossegui nas orientações (atendimentos). Depois que comecei, eu havia perdido um bebê e uma voz apareceu para mim e disse que eu ia engravidar de um menino. Era uma voz linda, de um homem, que em curtas palavras falava que eu ia engravidar de um menino. Engravidei no resguardo de um menino. A voz ressurgiu e disse que a partir daquele momento eu ia ler a vida das pessoas através das folhas, da natureza... Então, obedeci. Mas tenho o dom da vidência desde os três anos. Quando eu tinha seis anos, disse pra minha mãe que meu pai se suicidaria. E ele se suicidou na minha frente, quando eu tinha 12 anos. 

 

As visões podem se manifestar em outros momentos, como por exemplo, enquanto cozinha ou dorme?

Solange -Sim, a qualquer hora, em qualquer lugar. É como se acendesse uma lâmpada, um filme voltando rápido. “Seguro” as imagens e transmito às pessoas. Ver as pessoas, olhar fotos me transmite a orientação que devo passar. São flashes. Vejo nascimentos, casamentos e carreiras.

 

A senhora consegue ver seu próprio futuro? Sabe quando vai morrer, por exemplo?

Solange -Minhas visões sobre mim, são muitas vezes cinco minutinhos de alegrias. São mais orações, mais choro e mais dor. 

 

Se a senhora vê alguma coisa muito triste, sempre compartilha com quem está na sua frente? Ou mantém silêncio sobre uma tragédia, por exemplo?

Solange -As tragédias são o que mais aparece para mim. Já previ assassinatos e afogamentos. Sempre fui uma criança diferente, minha família tem medo do que eu falo. Quanto às tragédias, sempre sou cautelosa, faço como um quebra cabeça, aos poucos eu narro. Muitas vezes as pessoas não entendem. Previ a tragédia da Nicole (jovem francana assassinada), que foi arrastada em Ribeirão; a de um menino que morreu em Itambé. Já tive a visão de data da morte de pessoas, a descrição da pessoa no caixão e até a sala em que ela iria ficar. Sinto quando um corpo vai falecer, pois o corpo dá noticias. Isso é passado para mim através de energias.

 

Quantos atendimentos diários você faz?

Solange -Ah, muitos. Cinquenta, sessenta por dia.

 

E isso não sobrecarrega você? O que você faz para repor suas energias?

Solange -Sim. O cansaço mental é devido ao número de pessoas com quem você fica falando e enxergando vidas. É como se estivesse lendo livros. Isso me cansa. O que me faz descansar é mexer com as plantas. E rezar.