Escola sem partido

O governador eleito do Estado de São Paulo João Doria, disse ser favorável à implantação do projeto chamado Escola sem Partido. Isso reavivou polêmica que já vem de longa data.

13/11/2018 | Tempo de leitura: 2 min

O governador eleito do Estado de São Paulo João Doria, disse ser favorável à implantação do projeto chamado Escola sem Partido. Isso reavivou polêmica que já vem de longa data. Ocorre que nas últimas décadas algumas instituições de ensino aderiram a correntes ideológicas partidárias e passaram a “pregar” literalmente em sala de aula tal posicionamento.

Nos ciclos básicos a doutrinação, em razão da pouca idade e discernimento dos alunos, muito facilmente molda o pensamento daquela geração. Agora no ensino superior a polêmica se torna muito mais acirrada, pois há contraposições, porém os contrários sofrem pressões e bullying. A maioria dos contrários a que a escola seja um ambiente sem ideologia partidária defende que a escola pública é ambiente de diversidade e discussão, com o qual concordamos, mas experimente algum aluno aparecer nesse ambiente dito “democrático” com uma camiseta verde e amarela para ver o que acontece? Imediatamente é chamado de fascista, nazista, machista, homofóbico etc., e sua vida no ambiente acadêmico, nos desculpe o palavreado, vira um “inferno”.

O ponto alto da polêmica foi o reitor da USP (Universidade de São Paulo), em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, afirmar que a Escola Sem Partido não entra na USP. Afirmou ainda que: “a USP obedece às leis, mas coisas que ferem nossa autonomia a USP não precisa seguir”. Ora, se o reitor da USP não respeita as leis quando acredita que não lhe convêm, como é que conseguirá ensinar formas de convivência social aos seus discentes? Pois é regra básica que para se viver em um Estado que quer ser considerado democrático de direito, que todos os cidadãos se submetam às leis positivadas. O reitor precisa entender que ele, como tantos outros detentores de cargos públicos, estão a serviço dos cidadãos que pagam seus salários, e o mesmo tem que entender que não queremos nas instituições de ensino a defesa de ideologia de esquerda ou de direita, mas sim queremos a formação dos jovens, que serão o futuro de nosso país, com opiniões, discernimentos próprios e mantendo suas personalidades através de análises sobre posicionamentos recebendo doutrinas de várias correntes e não somente a visão de um lado como ocorre na maioria dos casos.

Enfim, como docente do ensino superior, o que esperamos dos competentes professores é o máximo de neutralidade em muitos contextos, e naqueles mais polêmicos espera-se ser ético e que no mínimo forneça aos alunos uma perspectiva plural, que coloque sobre o tema as principais teorias que possuem reconhecimento acadêmico e científico. Faz-se necessário apresentar a multiplicidade de posicionamentos, promovendo o raciocínio crítico dos alunos, para que assim os mesmos formem suas próprias convicções, sem nenhum direcionamento e principalmente com estórias inverídicas que baseiam e sustentam aquele pensamento unilateral.

 

Toninho Menezes
Advogado e Professor Universitário
toninhomenezes16@gmail.com
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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