Em uma manhã, infinitamente azul, de nuvens brancas, quando o sol dourado, empurrando a aurora, irrompia pelo céu e iluminava a terra, Isaura procurou por esta luz, chorando forte e anunciando sua presença neste mundo. Cresceu e brincou pelas campos e veredas de um sítio, estudou em escola rural e aprendeu com a mãe costura e outros afazeres, ditos como femininos, além da arte da comunicação que a acompanhou pela vida a fora.

Na cidade, já moça, teve diversas ocupações, sempre conquistando algo melhor. E conseguia. Sua aparência delicada acobertava uma mulher decidida, segura e determinada. A simpatia, o sorriso espontâneo, a fala convincente só lhe traziam acréscimos. Criava efeitos decorativos em toalhas, almofadas, tapetes, confeccionava cortinas, mas ela não nascera para pequenas coisas. Apaixonada, casou-se com o jovem Paulo, mais novo, estudante, e não titubeou em custear- lhe os estudos e pagar-lhe todas as despesas, investindo no futuro dos dois. Ele correspondia aos seus esforços e eram felizes. Quando o filhinho chegou, decidiram mudar-se do Brasil para um país que lhes oferecesse mais oportunidades. Mas como? Era um plano quase impossível!

Aos poucos, foram se organizando, estudaram Inglês, providenciaram a documentação, economizaram dinheiro para as passagens. O sonho, a expectativa, a esperança eram seus nortes e, logo, Paulo comprou sua passagem e partiu. Mulher destemida, Isaura ficou com o filho que crescia a olhos vistos. Tudo foi encaminhando, a cidade escolhida por eles era à beira mar e ele trabalhava num hotel. Isaura, em pouco tempo, foi ao encontro do marido, que já arrumara acomodações para eles.

O talento e a espontaneidade dela conquistaram os turistas endinheirados que frequentavam o balneário. Inspiradoras, suas bonecas de pano brasileiras, ricamente vestidas com trajes regionais, enfeitadas com rendas, miçangas, fitilhos, trancinhas e babados, representando a nossa diversidade, fizeram tanto sucesso que, hoje, ela mantem uma numerosa equipe para ajudá-la, inclusive o marido que administra a empresa e que cresce, sempre, mais. O filho estuda em escola bilíngue, de alta referência e está construindo uma nova história. A habilidade de Isaura não tem fim, com adornos coloridos e característicos cria bonecas pretinhas, baianas, índias, loirinhas e nordestinas. Quem resiste?

Isaura buscou novas possibilidades e levou para outro país os emblemas típicos de nossa cultura multifacetada.