'Deu ruim' para todo mundo


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A Acif (Associação Comercial e Industrial de Franca) divulgou, nesta última semana, pesquisa de intenção de votos para deputado federal e estadual. O objetivo é identificar os nomes mais viáveis e ajudar a garantir maior representatividade para a região. A iniciativa, bem intencionada, traz embutidos alguns riscos. O mais sério deles o de produzir efeito inverso daquele que almeja.
 
É preciso lembrar que, diferente do que aconteceu em outros anos, quando a Acif contratava institutos experientes na realização de pesquisas eleitorais, desta vez a entidade apostou numa solução caseira. Quem fez o levantamento foi o próprio Instituto de Economia (IE) da Acif, usando uma metodologia ainda não testada em campo, pelo menos por aqui. É também a primeira vez que o IE realiza pesquisa eleitoral. 
 
Obviamente, a resposta definitiva para a dúvida que paira neste instante sobre a coerência de alguns índices só será respondida dentro de 15 dias, quando saírem os resultados das urnas. Mas, admitindo-se que estejam certos, o cenário é de alerta vermelho. Difícil entender porque alguns candidatos tentaram comemorar. Os números são medonhos – para todo mundo. 
 
Tome-se como exemplo o cenário de deputado federal. Se os números refletem a realidade, o líder na pesquisa, Dr. Ubiali (PSB), teria hoje 12,1% das intenções de voto. Sairia das urnas francanas com 28,8 mil votos, nível parecido com o que conquistou há quatro anos - e que se mostrou, resta óbvio, insuficiente. Vale o mesmo para Adérmis Marini, que com 8%, sairia das urnas com 19 mil votos – aproximadamente a mesma coisa que conseguiu na cidade na disputa passada, quando terminou apenas na oitava suplência. Alexandre Ferreira, o terceiro na pesquisa com 5,7%, estaria alcançando hoje em Franca 13,5 mil votos, pouco acima de Gilson de Souza Jr (PRB), que teria 12,5 mil votos. Considerada a margem de erro de três pontos, Adérmis pode estar na frente de Ubiali – ou atrás de Gilsinho e Alexandre. Em qualquer caso ou para qualquer candidato, faltam votos – ainda que mais para uns, do que para outros.
 
Na luta por uma vaga na Assembleia Legislativa, a delegada Graciela (PR) e o deputado Roberto Engler (PSB) estão cabeça a cabeça. Pela pesquisa, Graciela, com 15,7%, somaria em Franca 37,3 mil votos; Engler teria 36,9 mil votos. Ambos sairiam do pleito menores do que nas últimas disputas, apesar do número de eleitores da cidade ter aumentado. Kaká aparece na terceira posição, com 3,3%, pouco acima do que conseguiu para vereador, fato bastante incomum – via de regra, candidatos a deputado têm muito mais votos do que a vereador. 
 
Um último dado, desalentador, mostra que 22,7% dos eleitores, cerca de 55 mil pessoas, garantem que não votam em candidatos de Franca de jeito nenhum.  Outros 32,2% dizem que têm poucas chances de votar em gente daqui. Os que se dizem certos em votar em candidatos da cidade são menos da metade (45%) e somam 130 mil votos, divididos entre 12 candidatos. Nos partidos maiores, é a votação exigida para um único nome entrar – e na lanterna.
 
Sei, por experiência própria, como é difícil fazer campanha. Imagino que, apesar das manifestações públicas de “vitória”, intimamente os candidatos estejam torcendo como nunca para que a pesquisa esteja errada. Porque, se os números da Acif estiverem certos, são reais as chances de Franca eleger... ninguém. 

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