Quando todo o resto parece insignificante

A história de Davi, a sua força e coragem, me comoveram profundamente.

05/08/2018 | Tempo de leitura: 5 min

Conheci, nesta última sexta-feira, Isabel e Maria Augusta, mãe e tia, respectivamente, do Davi, um incrível e corajosíssimo garoto francano de 9 anos. Desde então, não consegui dormir nem me concentrar direito no que quer que seja. A história de Davi, a sua força e coragem, me comoveram profundamente. O amor da sua mãe e tia, imenso, me tocou na mesma medida.
 
Davi nasceu e cresceu saudável. Frequentava a terceira série da escola Vanda Badaró, no Recanto Elimar. Tinha todos os sonhos e desejos típicos de qualquer menino de sua idade. Vivia na Santa Cruz com o irmão, dois anos mais velho, e sua mãe, que lutava como caixa de supermercado para pagar as contas do mês. Uma vida difícil, suada, mas repleta de possibilidades.
 
No final do ano passado, Davi começou a sentir tonturas. Apesar de serem esparsas e passageiras, a mãe achou melhor levá-lo a uma neurologista. O diagnóstico foi labirintite. Chegou 2018 e Davi começou a reclamar de dores de cabeça. Isabel o levou então ao pediatra, mas o médico avaliou a condição como normal. A partir de abril, os sintomas mudaram. Vieram vômitos, intensos, sempre pela manhã. Isabel correu com Davi ao PS Infantil. O garoto foi diagnosticado primeiro com sinusite, depois com enxaqueca, por fim acreditaram que fosse virose. Preocupada e com a intuição que só as mães têm, Isabel resolveu pesquisar no Google. Achou como possível diagnóstico, apesar de raro, um tumor. Mais uma vez, procurou o médico, e com ele dividiu sua aflição.
 
Muito provavelmente porque os sintomas não cessassem, ainda que o quadro geral de Davi estivesse bom e ele continuasse frequentando normalmente a escola, o médico resolveu encaminhar o garoto novamente para um neurologista. Foram pedidos vários exames. Os resultados saíram no dia 23 de abril e revelaram a dura realidade que a intuição de Isabel antecipara: Davi tinha meduloblastoma, estágio 4, com metástase na coluna e hidrocefalia. A doença, tão feia e complicada quanto o nome que carrega, é muito grave. 
 
Davi começava então a travar uma duríssima batalha pela própria vida. Ele seria encaminhado para o Hospital do Câncer de Barretos, mas alguém, certamente iluminado, sugeriu que, dado a complexidade do caso, talvez fosse melhor tentar o Hospital do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e Criança com Câncer), na Capital, um centro de excelência mundial no tratamento de tumores em crianças. Foi uma decisão acertada. Davi tem sido cuidado ali com o que há de mais avançado em recursos e profissionais para combater o câncer. Tudo, registre-se, pago pelo SUS.
 
Algumas batalhas impressionantes já foram vencidas. A primeira foi uma cirurgia, realizada no dia 02 de maio, já no Hospital do Graacc, para implantar no crânio uma válvula para aliviar a hidrocefalia, o inchaço no cérebro provocado pelo excesso de líquor. Davi tirou de letra.
 
Quarenta e oito horas depois, o maior desafio até agora. Numa cirurgia arriscadíssima que se estendeu por 16 horas, os especialistas removeram um tumor de 6 cm do crânio de Davi. Eram grandes as chances de sequelas. Ele poderia ficar mudo, cego, surdo, em coma, perder a lucidez, os movimentos. Não aconteceu nada disso. Tão logo despertou no centro cirúrgico, gritou pela mãe, de quem não gosta de se afastar. “Mamãe, mamãe, cadê você?”. Enxergava, ouvia, tinha os movimentos preservados e a lucidez intacta.
 
Viria na sequência a primeira leva de sessões de quimo e radioterapia. Quem tem algum parente ou amigo que já passou por isso sabe o quanto o tratamento é doloroso, como os efeitos colaterais podem ser devastadores. Não foi diferente com Davi que, com muitas náuseas, não consegue comer. O jeito tem sido usar sonda. Enfraquecido, sua mãe o carrega no colo ou recorre a uma cadeira de rodas quando precisa levá-lo a algum lugar. 
 
Não é difícil para ninguém concluir que nada tem sido fácil nesta jornada. Mas o ‘nosso’ Davi da Santa Cruz, assim como o mítico herói que derrotou o gigante Golias, segue firme, com bravura, pronto para enfrentar os próximos oito ciclos de quimioterapia que terá pela frente. Cada um deles compreende 21 dias seguidos de tratamento, que serão realizados no Graacc, em São Paulo. 
 
Diante de uma história dessas, de uma luta capaz de fazer muita gente esmorecer, de um destino capaz de colocar em xeque as mais profundas e íntimas convicções, era apenas para falar sobre a última parte do problema que Isabel, a mãe, e Maria Augusta, a tia, haviam me procurado. Elas precisam conseguir um lugar para ficar em São Paulo pelos próximos meses. Um lugar pequeno, que possa abrigá-los. O tratamento é diário, mas não há internação nesta etapa. Por isso, ela busca um espaço onde ele possa brincar com o irmão, repousar, viver um dia de cada vez, como tem recomendado sua médica. 
 
Fiz alguns telefonemas, falei com deputados e políticos, mas a burocracia é incompatível com a urgência da situação. Existem casas de apoio em São Paulo, mais ou menos como o Iansa aqui de Franca, mas as vagas são limitadas. Melhor arregaçar as mangas, mesmo porque o tratamento precisa recomeçar dia 13. 
 
Tenho certeza de que uma corrente de amor e solidariedade vai se formar em torno desta história. De um jeito ou de outro, tenho fé de que a ajuda vai chegar, quer seja por meio de alguém que ceda um imóvel ou quarto perto do Graacc, na região da Vila Mariana, quer seja através de recursos que sejam possíveis arrecadar para custear as despesas de aluguel, transporte e alimentação. Nesta segunda-feira, no Hora da Verdade, a partir das 11h, na rádio Difusora AM 1030 khz, vamos detalhar como é possível colaborar. Se puder, acompanhe. Se tiver condições, ajude. Davi, um herói disfarçado de criança, só precisa de uma pequena ajuda para ter condições de vencer esta gigantesca batalha. 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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