A crise econômica que atinge o Brasil desde 2014 não deixou o setor calçadista de fora e, nos últimos três anos, culminou em uma queda brusca nas exportações e também nas vendas para o mercado interno. Segundo dados repassados pelo presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), Heitor Klein, atualmente 35% da capacidade do setor calçadista brasileiro está ociosa. Entre janeiro e junho deste ano, as exportações de calçados caíram 6,7% em volume e 7,9% em receita, fechando em 55,3 milhões de pares embarcados por US$ 486,9 milhões. Nos últimos anos, o setor deixou de vender 50% do volume que enviava para o mercado exterior. A média de vendas, em dólares, caiu de US$ 1 bilhão e 800 milhões para US$ 900 milhões por ano. Os dados foram repassados durante coletiva realizada ontem, 17, na 50ª Francal (Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios). 

 

“O cenário do mercado brasileiro como um todo é ruim, não é um privilégio do setor calçadista esta situação. Já explanamos os dados, e todos os números mostram quedas nos últimos anos, na comparação com 2016 e com 2017. Porém, há um fato que nos anima: apesar de todas as quedas, o setor ainda é saudável. Tivemos tropeços, ainda temos tropeços, mas a expectativa é que a partir da Francal, com as vendas das novas coleções, as vendas melhorem e possamos recuperar os números, ao menos do ano passado”, disse Klein.

 

Com a presença do presidente da Francal, Abdala Jamil Abdala, e também do presidente da Ablac (Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados), Marcone Tavares, Klein repercutiu o mercado e ainda destacou os principais desafios do setor. 

 

“O que está de positivo e temos que destacar é o fato de que, diferentemente de situações anteriores parecidas com a que vivemos hoje, o setor está firme. Há uma solidez das empresas calçadistas. Existe uma maturidade do setor, no sentido de prestar atenção nos custos e no fluxo de caixa. Tivemos uma redução linear da atividade das empresas, estimada em torno de 35% da capacidade do setor. Não se percebe, a não ser casos isolados, o fechamento de empresas”, completou o presidente da Abicalçados.

 

Tendo como principais destinos para exportação neste ano a Argentina (aumento de 18,2% em dólares e de 30,6% em volume na relação com o acumulado de 2017); EUA (quedas de 10% e de 21,6%); França (incremento de 40,3% e de 9,8%) e Paraguai (incremento de 5,1% e queda de 32,4%), com dados elaborados pela Abicalçados, o Brasil hoje exporta para 150 países.

 

A 50ª Francal, que reúne uma série de palestras, painéis e desfiles, acontece no Expo Center Norte, em São Paulo, até esta quinta-feira, 19.