Emoção. Esse é apenas um dos sentimentos que não faltaram nas páginas do jornal nos últimos 103 anos. De algumas tragédias, nasceram histórias de superação, crescimento e, muitas vezes, de evolução. Em algumas delas, nossa equipe esteve presente e acompanhou o reencontro de personagens que tiveram suas vidas unidas mesmo em meio a acontecimentos trágicos.
O dia 8 de junho de 2012 ficou marcado por uma tragédia para a família Dominciano. Era um típico dia de outono, com chuvas, quando o pedreiro aposentado Adelino Dominciano, de 78 anos, saiu para buscar exames médicos com a mulher, Maria de Lourdes Bruno Dominciano, hoje com 77 e os netos, William Dominciano Moreira, atualmente com 33 anos, e a neta, Sara Dominciano, 15.
Dirigindo um Logus, o pedreiro seguia na rua Marechal Deodoro quando, ao chegar no cruzamento com a avenida Doutor Ismael Alonso y Alonso, perdeu o controle e o veículo caiu no córrego. Levado pela água, Adelino chegou a ser socorrido, mas morreu pouco depois. Sua neta, que também acabou levada pela correnteza, foi encontrada apenas cinco dias depois. Enquanto isso, William e a avó foram socorridos com a ajuda de populares.
Quatro anos após o acidente que transformaria suas vidas, em julho de 2016, avó e neto, que ainda viviam com as dores físicas e emocionais causadas pela tragédia, se reencontram com dois dos principais personagens daquele que se tornaria o capítulo mais marcante de suas vidas. O soldado Murilo, 39, e a dona de casa Ângela Maria Barbosa, 39, que participaram efetivamente do resgate dos dois, foram até a casa dos sobreviventes, no Jardim Aeroporto II e, juntos, eles relembraram daquele dia.
“Em meio a tanta tristeza e sofrimento, por perder meu marido e minha neta, reencontrá-los me trouxe alegria. Estou contente em poder abraçar e agradecer aqueles que nos ajudaram em um momento tão difícil. Não é fácil a perda, mas foi uma vitória de Deus sobreviver e eles foram os anjos enviados por Ele”, disse, em meio a lágrimas, Maria de Lourdes, na época do reencontro.
“Essas são situações que nos marcam profundamente. No dia, infelizmente, não conseguimos salvar o senhor e a neta, e isso nos marca muito. Sei que a dor existe, mas é preciso reforçar que os que ficaram são presentes de Deus na vida de seus familiares e celebrar essas vidas”, disse, emocionado, o soldado Murilo, que na época do acidente trabalhava na Divisão de Trânsito da Polícia Militar.
“Quando vi o carro no córrego, corri para ajudar. No momento, a única coisa que conseguia pensar era em ajudar. Aqueles momentos marcaram a vida de cada um aqui, e hoje sinto como se eles fossem da minha família. Apesar de tudo, dos perigos, sei que se hoje passasse por algo parecido, eu teria a mesma atitude”, disse Ângela, que trabalhava em uma loja localizada perto de onde o carro caiu no córrego Cubatão.
Hoje, avó e neto continuam, de acordo com William Dominciano, morando na mesma casa e lutando para seguir mesmo com a falta do avô e prima.
“Estamos seguindo e morando ainda no mesmo lugar. Lembro constantemente do acidente, seguimos, mesmo em meio a dor. Até hoje não tivemos respaldo algum ou ajuda, de modo geral, vamos levando da forma que podemos. É difícil, mas acredito que Deus tenha sempre um motivo especial, apesar do caminho difícil”, disse ele.
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