Em 103 anos de história, o Comércio da Franca acompanhou nascer, crescer e se desenrolar muitas histórias. Ao longo de mais de dez décadas, foram muitos os projetos criados e as expectativas construídas na população de Franca. Entre os que mais marcaram e ainda não saíram do papel estão a unidade de Franca do Sesc (Serviço Social do Comércio) e o famoso “Esqueleto do Jardim Lima”, localizado na avenida Ademar Polo Filho. Enquanto alguns não foram pra frente, outros espaços, como a antiga 21ª Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito de Franca), na Vila Santos Dumont - onde diversos francanos realizaram exames e conquistaram suas habilitações - e a antiga Estação Mogiana, na Estação, além do antigo Fórum, perderam suas funções iniciais e hoje se encontram “esquecidos” e, em alguns casos, sem qualquer função, além de acumular lixo, animais peçonhentos ou mesmo servir de abrigo para andarilhos.
Sesc Franca
Era o ano de 2009 quando Franca recebeu a confirmação de que receberia uma unidade do Sesc (Serviço Social do Comércio) de São Paulo. A obra, orçada atualmente em R$ 158 milhões, deve ser erguida em uma área de 20,2 mil metros quadrados entre a avenida Alonso y Alonso e a rua Rio Grande do Sul, nas proximidades do estádio “José Lancha Filho”, doada pela Prefeitura. A obra, inicialmente prevista para começar em 2012 e ser entregue em 2016, não saiu do papel na época prevista. Em 2013, quando o projeto ainda não havia sido apresentado, o Sesc pediu uma prorrogação do prazo para a construção, que começaria em 2015 e deveria ser inaugurada em 2019.
O primeiro projeto arquitetônico da unidade em Franca do Sesc foi apresentado em agosto de 2015. Com arquitetura moderna e sustentável, com traços que remetem a grandes espaços como o MASP (Museu de Arte de São Paulo), o Sesc Franca deve contar com piscinas cobertas e descobertas, biblioteca, teatro, amplo ginásio de esportes - que também poderá ser utilizado para eventos - salão, áreas de convivência, de atendimento e uma criada especialmente para crianças, vestiários e um amplo espaço de ginástica. Com várias rampas e elevadores, o prédio também atenderá todos os requisitos de acessibilidade.
Apesar da apresentação do projeto, sem que o Sesc iniciasse as obras, o prefeito Gilson de Souza (DEM) cogitou no ano passado não prorrogar o prazo de vigência da lei de doação do terreno onde a unidade deve ser construída. A opção da administração era que a entidade se comprometesse a iniciar a construção em 2019 e terminá-las em até quatro anos. Após alguns meses de impasse, e até um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas cobrando agilidade da Prefeitura na elaboração de um projeto de lei concedendo o novo prazo, a prorrogação foi assinada.
Em maio deste ano, aconteceu o lançamento da pedra fundamental para a construção da unidade do Sesc na cidade. Já em junho, foi aberta a licitação que deve escolher a empresa que será responsável pela construção. A previsão é que as obras comecem definitivamente em 11 meses e a unidade seja entregue entre o final de 2021 e início de 2022.
Ciretran
Desativado desde dezembro de 2015, o prédio onde funcionava a antiga 21ª Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Franca, na Vila Santos Dumont, ficou completamente abandonado depois da transferência dos serviços para o novo espaço, na Cidade Nova.
Ocupado entre os anos de 1976 e 2015, o antigo prédio era motivo de constantes reclamações antes da desativação. A falta de espaço e a constante presença de goteiras e alagamentos em dias de chuva eram apenas alguns dos problemas apontados antes da mudança. Hoje, quase três anos depois, o local encontra-se completamente abandonado. Sem portas, iluminação e até pias, objetos furtados por usuários de drogas que na maioria das vezes venderam os produtos, boa parte trocados por entorpecentes, o prédio serve atualmente como depósito de lixo, restos de comida, bebidas e animais peçonhentos.
Em março deste ano, a Prefeitura informou que estuda recuperar o prédio e transformá-lo em uma escola prática de trânsito para as crianças. No local, existe uma minicidade, com ruas e placas de sinalização, além de réplicas de prédios importantes de Franca, como a Prefeitura, a Concha Acústica, da praça “Nossa Senhora da Conceição”, uma igreja e uma locomotiva.
Inicialmente, de acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Franca, a ideia seria utilizar a estrutura do local para estender as orientações repassadas aos alunos da rede municipal por parte da Guarda Civil e Polícia Militar. Seriam realizadas visitas ao espaço, além de ministradas aulas práticas sobre o trânsito.
‘Esqueleto do Jardim Lima’
Doado pela Prefeitura na década de 1980 ao Governo do Estado, que projetou instalar no local a Secretaria da Fazenda, o “Esqueleto do Jardim Lima”, localizado na avenida Ademar Polo Filho, no Parque dos Lima, continua sem qualquer previsão de uso. Em 2006, o Estado repassou o imóvel para o Tribunal Regional Federal instalar a sede da Justiça Federal. Onze anos se passaram e os recursos nunca foram liberados. No ano passado, o Tribunal devolveu o prédio ao Estado. Em março deste ano, o deputado Roberto Engler (PSDB) propôs à Secretaria Estadual da Justiça e da Cidadania que o prédio abrigasse o Fórum, hoje instalado em imóvel alugado na Presidente Vargas. Apenas dois meses depois, a novela envolvendo o prédio ganhou um novo capítulo após o Governo do Estado de São Paulo ceder o imóvel novamente, por prazo indeterminado, à Prefeitura de Franca.
Destino de usuários de drogas e moradores de rua por vários anos, o prédio, com vários andares, está inacabado e, em várias ocasiões, foi motivo de reclamações dos moradores da região que se queixam de insegurança. Estima-se que a reforma do prédio, que caberia apenas à Prefeitura de Franca, possa custar cerca de R$ 15 milhões. Hoje, para manter o espaço com o mínimo de segurança, os portões seguem trancados e um guarda cuida do local durante a noite.
Em junho deste ano, após a cessão do prédio, já que o terreno foi doado ao Estado ainda sem qualquer edificação, o prefeito Gilson de Souza (DEM) afirmou que pretende firmar uma parceria com o governo do Estado para implantar no local uma unidade do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) voltada ao atendimento de mulheres. Se a instalação for aprovada, o objetivo é que o governo se responsabilize pela manutenção dos serviços prestados.
Mogiana
Com 131 anos de história, a estação Mogiana, inaugurada no dia 5 de abril de 1887, com uma locomotiva a vapor com um carro de passageiros e alguns vagões de lastro, ganhou novo prédio no final da década de 1930 e viu seu último vagão de passageiros partir em fevereiro de 1977, mantendo os serviços de carga até 1980. A estação fechou oficialmente em 1983, quando seu último chefe, José Antônio Bosco, entregou suas chaves. Patrimônio tombado pelo Comdephat (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico e Turístico), o prédio da antiga Estação de Trem Mogiana abriga, atualmente, uma biblioteca municipal, um cartório eleitoral e a Viação Cometa.
Considerada um dos mais relevantes patrimônios da cidade, em uma iniciativa compartilhada entre a comunidade, o grupo Amigos da Estação e a Prefeitura, a Mogiana passa atualmente por um processo de revitalização. Com madeiras e telhas condenadas, goteiras, pintura repleta de pichações, o prédio deve receber um investimento que ultrapassa os R$ 100 mil, entre produtos conseguidos através de doações e até a mão de obra realizada por parte da comunidade.
Os primeiros passos já foram dados e algumas das paredes da Estação já foram raspadas e uma primeira parte da pintura realizada. Integrantes do Comdephat acompanham de perto a revitalização para garantir que as características originais do espaço sejam mantidas.
Inicialmente, de acordo com a Prefeitura, a expectativa é que após a revitalização completa, o local seja sede de uma Subprefeitura. O objetivo seria descentralizar grande parte dos serviços públicos hoje concentrados no prédio da Cidade Nova e facilitar o atendimento da população daquela região da cidade.
Aeroporto
Em operação desde a década de 70, o Aeroporto de Franca “Tenente Lund Presotto” sempre serviu, principalmente, como ponto de partida e chegada de pequenas aeronaves em voos particulares. Classificado como aeroporto regional pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o aeroporto francano já operou voos comerciais - a última empresa a ofertar a modalidade na cidade foi a Passaredo, que atuou até 2008 - mas atualmente opera com aviação geral e, segundo o Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo), não há previsão para voos comerciais no terminal.
Com um espaço formado por mais de 1,4 mil metros quadrados, salas para embarque e desembarque, área para check-in e raio x; além de área de manobra das aeronaves, amplo pátio de aeronaves, acessos e estacionamento de veículos, o aeroporto, que está apto para receber voos comerciais regulares, dependendo apenas do desejo das companhias aéreas, recebeu 4.130 pousos e decolagens em 2017, passando pelo terminal 2.639 passageiros. Até maio deste ano, a movimentação de aeronaves foi de 1.484 pousos e decolagens, de acordo com dados do Daesp.
Desde 2014, quando foram inauguradas as obras de reforma e ampliação do terminal, com valores estimados em R$ 6,8 milhões, somente a Azul Linhas Aéreas mostrou interesse em operar no aeroporto. Em março deste ano, a empresa confirmou o interesse em atuar em Franca, assim como em outros 24 destinos. A expectativa é que esses novos destinos sejam viabilizados ao longo dos próximos cinco anos. Os voos, que sairão do Aeroporto Estadual “Tenente Lund Presotto”, segundo a companhia aérea, devem ser realizados em aeronaves modelo ATR 72-600, com capacidade para até 70 passageiros.
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