Prima presta homenagem a jovem que morreu


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Marina com a prima Tárcia Saad
Marina com a prima Tárcia Saad
A francana Marina Saad Reigada Aery, de 30 anos, que lutava contra um câncer no estômago, morreu na manhã dessa quinta-feira, 28, em Miami, onde morava com o marido e realizava o tratamento contra a doença. Diagnosticada em novembro deste ano, a jovem descobriu o câncer já com algumas metástases na coluna e também no ovário esquerdo. Para tratar da doença, que necessitava de quimioterapia e radioterapia, além de uma alimentação especial, amigos e familiares da jovem realizavam nas redes sociais uma ‘vaquinha’ virtual com o objetivo de arrecadar R$ 100 mil para auxiliar no custeio do tratamento. A história de Marina foi contada pelo Comércio na edição do último dia 21 de dezembro. 
 
De acordo com familiares, na última semana a publicitária passou mal e um coágulo precisou ser retirado do cérebro dela. Apesar da cirurgia ser um sucesso, outros coágulos apareceram, tanto no cérebro como no pulmão, e os médicos informaram a jovem que não haveria mais nada a ser feito. Marina seria encaminhada para casa, mas acabou morrendo ainda no hospital em Miami.
 
Na página do Facebook do pai de Marina, Evernon Nino Reigada, muitas pessoas lamentaram a morte e prestam homenagens à jovem que tinha uma imensa vontade de viver. “Descobri a doença já em estado mais avançado, por isso resolvi ficar aqui (em Miami) onde moro com meu marido e fazer o tratamento imediatamente. Tenho seguro saúde do meu trabalho, mas ele não cobre todas as despesas. Faço sessões de quimioterapia a cada 21 dias, além de radioterapia para as áreas afetadas na coluna”, explicou Marina, em entrevista ao Comércio, na primeira quinzena de dezembro.
 
Na ocasião, ela ainda comemorou o resultado da campanha que era realizada pelos amigos com a qual já havia arrecadado mais da metade da meta estabelecida, que era R$ 100 mil. “Em pouco mais de duas semanas já ultrapassamos 50% da meta e isso me deixa muito feliz”, disse na época. 
 
Até o fechamento da reportagem não haviam sido divulgadas informações sobre o velório ou se o corpo de Marina será encaminhado para o Brasil. 
 
 
Prima presta homenagem a francana que morreu de câncer 
 
A professora Tárcia Caires Saad, prima da jovem francana Marina Saad Reigada Aery, presta homenagem à publicitária.  
 
“Jamais pensei que iria escrever sobre isso. Marina, minha amada prima! Escrevo diretamente a você, em primeira pessoa. Me recuso a me referir a você de outra maneira, pois você era e sempre foi a primeira pessoa, em tantos momentos, de tantas formas. Me recordo de quando você nasceu. Seu pai, todo orgulhoso, foi em minha casa e anunciou: “nasceu! E é ruivinha, igual a Marcinha!”. Você foi a primeira prima do núcleo Saad a nascer ruiva. Aquele cabelinho espetado, cor de laranja, que saía as pontas pra fora quando sua mãe colocava uma touquinha de laise. 
 
Fui a primeira prima a te pegar no colo. Eu, que tinha 8 anos na época, fiquei toda orgulhosa de ser a primeira da família a fazer isso. Você sempre foi uma criança adorável, inteligente, perspicaz. Aprendeu a falar rápido, não pronunciava nada errado... E sempre com aquelas tiradas impagáveis. Ao ouvir sua própria voz gravada num aparelho de som, você abaixava, e perguntava: “o que você falou, menininha?”. E quando repetia, em qualquer momento a frase “assim desse tamanho”? Adorável! Virou nosso refrão preferido para dizer o quanto te amamos. Assim desse tamanho!
 
E quando você se apaixonou pelo David Coperfield, aquele mágico, falou pra sua mãe: “Mãe! Já pensou?? Se David Coperfield virasse uma expressão idiomática??”. Eu mal sabia o que era isso. Mas você... Ah, você! Sempre sabia alguma coisa a mais do universo adulto. E quando você caiu de amores pelo David Bowie, após assistir milhares de vezes o filme “Labirinto”? Foi um amor pra vida inteira. Você chorou copiosamente quando Bowie partiu. E eu te escrevi, pra te dar os meus sentimentos. Você sempre esteve antenada a tudo o que acontecia no mundo. Sempre atenta, desperta, nos divertindo com seus comentários.
 
Seu apelido sempre foi “Pi”, de Pituca. “Beiba”, era só a Nani quem te chamava. E como é bonita essa sua amizade com a prima Nani e seu irmão Matheus! Companheiros de toda uma vida. Fiéis espectadores de Harry Potter, Senhor dos Anéis... Fãs número 1 dos Beatles. Por tudo o que é atemporal, você se apaixonou. 
 
Você sempre soube o que queria da vida. E como você ama viver!!! Raramente ouvimos de você: “não sei o que quero, não sei o que fazer”. Você sempre soube muito bem. Decidida, bem resolvida, forte, com um senso de justiça inigualável.
 
Amorosa, carinhosa, fiel defensora de seu irmão mais novo, Matheus. Sempre divertida, com um humor ácido, crítico, inteligente. Quantas reflexões acaloradas você nos proporcionou com essa sua rara percepção das coisas! Política, moda, cultura de massa, filmes, séries, músicas... Você estava antenada em tudo! E sempre deu sua opinião com muita firmeza, lucidez, segurança.
 
Quando encontrou seu grande amor, Brian, foi um belo encontro de almas gêmeas. Combinavam em tudo! A semelhança física era de espantar. E pra viver esse lindo amor, você resolveu ir embora para os EUA. Mas sempre com o coração conectado ao nosso.
 
Você é uma daquelas pessoas, como você mesma dizia, “virada pra lua”, tamanha a sorte de conhecer gente famosa. Era muito engraçado ouvir suas histórias em terra americana... Trabalhou para a família do ex-beatle Pete Best, conheceu Bon Jovi, Sting, Donna Karam, foi vizinha de P. Daddy, deu entrevista para o Alan Severiano, da Globo... Fora o dia em que foi assistir a um jogo do São Paulo, seu time do coração, dentro do camarote do próprio time, porque tinha uma amiga que conhecia alguém, que conhecia outro alguém. Tudo isso da maneira mais inusitada. Encontrou o emprego que tanto queria em sua área, Relações Públicas, em uma grande empresa, Young and Rubicam. Foi deixando seu rastro de competência, companheirismo, dedicação por onde passou...
 
Quantas vezes eu tentei planejar ir a um show do Paul McCartney com você! Nunca consegui. Você foi inúmeras vezes. Em uma delas, ao invés de comprar o ingresso mais caro, você preferiu comprar o mais barato para assim poder também levar seu irmão Matheus com você. Afinal, sua generosidade “era assim desse tamanho”!
 
Você não perdeu a batalha, mas sim ganhou os céus, a plenitude, a graça divina. Seu brilho é tanto que irá nos guiar daqui pra frente. Seu corpo estava mais fraco... Mas seu corpo estava. Você é. Sempre foi, sempre será. Sua alma magnífica, que só quem a conheceu pode mensurar o que digo. Seu espírito justo, sensato, amoroso é bom demais para esse mundo em que vivemos. Você sempre fala “eu te amo” para quem você realmente ama. Que sorte a minha ter ouvido isso de você tantas vezes! Você sempre trocou mensagens comigo, sempre terminava dizendo “te amo”. E como eu também amo você! 
 
Assim como a música do Coldplay, “Fix you”, eu ouço você nos dizer: “luzes te guiarão até em casa e aquecerão seus ossos, e eu tentarei consertar você”. É você, meu amor, a sua luz, que nos guiará. É você quem irá consertar este buraco que ficou no peito de tanta gente. Você, Pi, sempre você. Você agora pode voar, meu amor. Deus te recebeu de braços abertos, escancarados. Deus estava com saudade de você, e quis ter de volta uma de suas mais preciosas criações, para que pudesse iluminar mais ainda o céu. Esse mesmo céu que hoje está acinzentado, chuvoso. São as lágrimas dos anjos, emocionados com sua chegada. Daqui a pouco o céu estará azul, claro, límpido. E o sol brilhando como nunca, transmitindo muito calor. Pois é você quem estará lá, emitindo calor divino, abrilhantando todo o paraíso com sua indescritível beleza. 
 
Somos todos gratos por termos sido escolhidos para fazer parte da sua breve, mas intensa vida. Eu espero poder te encontrar nos meus sonhos, sempre. Até um dia, meu amor”.
 

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