Venda da Usina Jaguara alivia proprietários de ranchos


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Donos de ranchos às margens da represa de Jaguara eram alvos de ação movida pela Cemig
Donos de ranchos às margens da represa de Jaguara eram alvos de ação movida pela Cemig
A companhia francesa Engie venceu a disputa pelo lote B do leilão de hidrelétricas promovido pelo governo federal, quarta-feira, e conquistou a concessão da usina Jaguara, localizada entre Rifaina e Sacramento (MG). O negócio de R$ 2,1 bilhões deixou animados os donos de ranchos construídos nas margens do Rio Grande. Não pelos valores envolvidos, mas pela troca de comando na hidrelétrica.
 
A usina de Jaguara era operada pela Cemig, que é a responsável pela maior parte das ações que pleiteiam na Justiça a reintegração de áreas ocupadas pelos ranchos e que já culminaram com a derrubada de pelo menos três propriedades este ano. 
 
A Cemig havia firmado acordo com o Ministério Público Federal se comprometendo a retomar as áreas supostamente ocupadas de maneira irregular pelos ranchos sob pena de ser multada e processada. Por isto, estava empenhada em acionar os donos de ranchos na Justiça. 
 
“Agora, com a troca no comando da usina, vamos pedir a extinção dos processos em andamento. A Cemig não é mais parte legítima. Advogados da empresa nos disseram, informalmente, que vão desistir das ações. A nova concessionária não tem acordo nenhum com o MPF. Por isto, avaliamos que a mudança no comando vai dar fôlego, sobrevida aos donos de ranchos”, disse o advogado Fábio Roberto Cruz.
 
Os processos de reintegração movidos pela Cemig não são os únicos. O MPF move ações civis alegando danos ambientais nas margens de represas em diversas partes do País. A polêmica se deve às diferentes interpretações sobre a lei em vigor.
 
O antigo Código Florestal determinava que a construção deveria obedecer uma distância de 30 metros dos rios e de 100 metros das represas. O Novo Código flexibilizou a exigência e diminuiu a faixa da área de preservação permanente, que varia de acordo com o nível operativo da represa. 
 
“O Ministério Público questiona a nova lei dizendo que ela é inconstitucional. Mas, neste caso, temos um alento: com a exceção de Minas Gerais, onde a Cemig opera e a situação é mais complicada, a maior parte dos Tribunais de Justiça do País é contra o entendimento do MP”.
 
A Procuradoria Geral da República ingressou com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no Supremo Tribunal Federal contra a lei que reduziu o espaço de preservação. O julgamento estava marcado para o último dia 13, mas foi adiado. 
 
“Nossa expectativa é de que a Justiça não mande fazer novas demolições até que o tema seja pacificado”, concluiu Fábio Cruz.

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