Em 102 anos, o Comércio da Franca já emocionou muitas pessoas com as histórias que contou. Em suas páginas foram retratadas milhares de relatos de superação, luta, perdas, vitórias, recomeços, conquistas, tragédias, descobertas, encontros e desencontros.
Algumas dessas histórias emocionantes se tornaram inesquecíveis, seja pelo toque de esperança ou pelo peso trágico que carregam em si.
1 - O milagre de Santa Gianna |
Era fevereiro de 2000 quando tudo começou. A terapeuta familiar Elisabete Comparini Arcolino estava grávida de quatro meses quando sua bolsa rompeu e ela precisou ser internada às pressas. No hospital, os médicos informaram que não havia como a criança sobreviver e anunciaram a necessidade de um aborto. No mesmo dia, o então bispo da Diocese de Franca, Dom Diógenes Silva Matthes, passou no quarto em que ela estava internada. Falou-lhe sobre a beata Gianna e pediu sua intercessão. Bete decidiu não fazer o aborto. Recebeu alta e permaneceu de repouso os três meses seguintes, em casa. A previsão médica era de que a criança morreria assim que nascesse, de forma súbita, inclusive “sem choro”. Caso sobrevivesse, teria uma vida vegetativa, com sequelas. Gianna Maria surpreendeu a todos e chorou ao nascer. Após os exames, nada foi constatado de anormal. Salvas de qualquer complicação, a vida da mãe e da filha foram atribuídas a um milagre que em 2002 foi reconhecido pelo papa João Paulo II. Depois que foi canonizada, em 2004, Santa Gianna ganhou uma imagem que a representa e a mesma foi confeccionada em Franca.
2 - Chacina da Ouvidor Freire
Em 2008 ocorreu um dos crimes mais chocantes já registrados na cidade, que ficou conhecido como a “Chacina da Ouvidor Freire”. Em um crime bárbaro o ex-seminarista Hélder Rezende, 46, utilizando o revólver do pai, atirou contra sua mulher, a cabeleireira Valéria Freitas, os três filhos (as gêmeas Júlia e Letícia, 10, e Alexandre, 7), sua mãe, Lourdes Massucato, 75, e se matou logo em seguida, com um tiro na testa. De todas as vítimas, apenas Valéria e Júlia, que ficou com sequelas, sobreviveram.
Em 2009, Valéria voltou a morar na casa onde o crime aconteceu e, diante da tragédia que enfrentou, disse: “Apesar de tudo, minha escolha foi ser feliz”.
3 - Davi Miguel
O drama vivido pelos sapateiros Jesimar e Dinea Gama, pais do pequeno Davi Miguel, emocionou os francanos em 2014. O bebê tem uma doença rara, que impede a absorção dos nutrientes dos alimentos pelo seu corpo. Sem condições de arcar com um transplante de intestino necessário para que o filho sobrevivesse, os pais travaram na Justiça uma batalha para que a União bancasse seu tratamento nos Estados Unidos. A causa ganhou destaque nacional e várias ações foram realizadas, incluindo uma campanha do Comércio que vendeu mais de 1,7 mil assinaturas e reverteu a renda para Davi. Um pouco depois, a Justiça determinou que a União bancasse o tratamento do bebê nos Estados Unidos.
“Para eu sorrir, uma mãe vai ter que chorar”. Foi assim que a mãe do pequeno Davi Miguel explicou o misto de sentimentos que lhe afligiam em 2015, quando o menino foi transferido para Miami, nos EUA. Lá a família toda ainda aguarda o momento em que ele passará pelo procedimento a ser feito no Hospital Jackson Memorial.
4 - A tortura e morte do menino Adriano
A pequena Cristais Paulista e todos que tomaram conhecimento se chocaram com um caso de tortura que levou à morte o pequeno Adriano Henrique Jardim Ramos, de apenas 5 anos, no dia 26 de fevereiro de 2015. A violência foi cometida por quem era naturalmente responsável por proteger a criança, sua própria mãe, Jane Aparecida Jardim. O crime foi descoberto após o menino, com diversas lesões graves pelo corpo, desmaiado e em estado grave, ser levado até a Santa Casa de Franca. Poucas horas depois, ele morreria em decorrência da tortura. Foi o irmão de 11 anos que, desesperado com a situação, ligou para o pai (separado da mãe) e resolveu contar a rotina constante de agressões praticadas pela mãe e o padrasto, Tiago Rodrigues. Antes da agressão que culminaria na sua morte, segundo relatos do irmão e vizinhos, Adriano já havia sido obrigado a comer suas próprias fezes e um vidro de pimenta. Apanhava diariamente e, no dia da morte, sua mãe teria lhe dado uma surra com uma vassoura. No último dia 25 de maio, pouco mais de dois anos depois da morte do garoto, a mãe foi condenada 17 anos, oito meses e 20 dias de reclusão em regime inicial fechado. A pena do padrasto foi fixada em 4 anos e oito meses de reclusão em regime inicial aberto.
5 - Caso Jheck Brenner
Em agosto de 2005, Jeson de Oliveira, pai de um garoto com uma doença rara que paralisava os movimentos do corpo, buscava no jornal ajuda para conseguir na Justiça autorização para a eutanásia do filho. A história de Jheck Brenner de Oliveira, então com 4 anos, ganharia o mundo através das páginas do Comércio. Na época, o menino estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital São Joaquim e respirava com ajuda de aparelhos. O objetivo do pai era desligar esses aparelhos e, segundo ele, dar fim ao sofrimento do filho. A luta do pai e o desejo da mãe, que era manter os aparelhos ligados, ganhou grande repercussão e equipes de jornais das capitais, como Estadão e o Diário de S.Paulo, estiveram em Franca. O assunto foi pauta do Domingo Legal, do SBT; jornalistas da Itália e da Rússia repercutiram o caso.
No fim, o pai desistiu da eutanásia. O garoto morreu aos 16 anos, no dia 27 de fevereiro deste ano.
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