Fazer jornal, decididamente, não é uma tarefa fácil. Estando tudo certo, já é bem trabalhoso, complicado e de uma responsabilidade tremenda apurar dados, entrevistar pessoas, transmitir isso ao leitor em forma de texto e imagens claros e isentos. A parte industrial e a de logística, então, nem se fala. Quando o jornal fica pronto, ou seja, quando termina o trabalho da redação, começa uma longa etapa desse processo, que é gravar chapas, imprimir o jornal, encartá-lo e distribuí-lo pela cidade. Agora, imagine quando algo dá errado. É o caos. O Comércio já passou por poucas e boas e esteve a ponto de não ser publicado. Mas o compromisso de seus diretores é colocá-lo na rua todos os dias, aconteça o que acontecer. Então, em muitos momentos, foi necessário muito sangue, suor, lágrimas e horas de sono perdidas para honrar esse compromisso com o leitor. Veja alguns deles.
1 - O dia em que viramos personagens
O ano era 2015, dia 21 de abril, feriado de Tiradentes. Cinco assaltantes armados com fuzis e metralhadoras invadiram a sede do Comércio, renderam o vigia e explodiram o caixa eletrônico do Banco do Brasil que ficava instalado no balcão de anúncios. As bombas devastaram o setor de Classificados, destruíram paredes, teto, móveis e computadores. Mesmo em meio aos escombros, respirando fumaça e sentindo o cheiro forte de pólvora - e com funcionários aterrorizados - o jornal foi produzido e detalhou em suas páginas o ataque que havia sofrido.
2 - A impressora deu pau, e agora?
A tecnologia é uma forte aliada dos jornalistas, mas quando o sistema resolve dar pau é um Deus nos acuda. Em abril de 2013, os mecanismos eletrônicos de controle dos motores da rotativa Pressline 30 resolveram entrar em colapso e foi justamente na hora em que a edição de domingo, a maior da semana, começaria a ser impressa.
Dado o tamanho e a complexidade da edição dominical, não havia gráficas na região capazes de atender a demanda no prazo necessário. A alternativa foi procurar em outras cidades um local para imprimir. A solução veio com a impressão feita na gráfica no Jornal da Cidade de Bauru, a 300 quilômetros de Franca.
Após uma complexa operação, que envolveu a atuação ininterrupta de 30 funcionários, o Comércio começou chegar às bancas por volta das 14 horas de domingo. A distribuição atrasou, foi concluída já no período noturno, mas não deixou de ser realizada.
3 - Quando o apagão levou nossa redação para o hotel
Em julho de 2006, o Comércio montou um grande estande no Pavilhão do Anhembi, em São Paulo, para fazer a cobertura de mais uma Francal. Pelo menos 20 funcionários foram empenhados no trabalho. Foi um dia agitado, com visita de presidente da República, governadores e muitos compradores. Jornalistas colheram dados, ouviram empresários, gravaram entrevistas com especialistas, fizeram centenas de fotos. Havia muito o que contar e mostrar aos leitores. Quando se sentaram para começar a escrever as matérias e desenhar as páginas, houve um pico de energia no Anhembi. Em seguida, o locutor deu o recado: ‘Em dez minutos, a energia será desligada definitivamente por conta do racionamento‘.
Entramos em pânico. E, agora? Parte da equipe que tinha ficado na redação, em Franca, já começava a se desesperar, se solidarizando com os colegas que não tinham a condição técnica necessária para concluir o trabalho. Eis que Corrêa Neves Júnior teve o que podemos chamar de insight. Colocamos os computadores em uma van, atravessamos a cidade e fomos para o hotel onde a equipe estava hospedada. Balcões, mesas, camas e pias se transformaram em redação. Não havia cadeiras para todos e o jeito foi escrever de pé ou sentado no chão. Foi bonito de ver o empenho de cada um, na missão de fazer a notícia circular. O dia já havia amanhecido quando a última notícia foi enviada para Franca.
Nenhum leitor percebeu.
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