A Francal 2017 foi encerrada ontem em São Paulo dividindo as opiniões dos expositores. Há empresários que vão voltar para Franca satisfeitos com o resultado e dispostos a ampliar a produção e o número de empregados para dar conta de atender os pedidos fechados ou encaminhados. Mas, há também aqueles que não gostaram e que esperavam mais da feira.

 

No geral, a avaliação é de que, apesar das crises econômica e política, o setor calçadista mostrou sua força e segue em recuperação, mesmo que de maneira lenta. A previsão é de que o segundo semestre seguirá a tendência de crescimento das vendas tanto para o exterior, quanto para o mercado interno.

 

Ocorrida entre os dias 2 e 5 de julho, a Francal teve uma visitação menor do que em edições anteriores, embora o número oficial não tenha sido divulgado pela direção. 

 

Heitor Klein, presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), afirma que a feira cumpriu a função de lançar a temporada de vendas mais importante, em termos de volume, para a indústria nacional. “A primavera-verão responde por quase 70% do total de vendas brasileiras de calçados. Neste contexto, a Francal sempre é um termômetro importante do comportamento do mercado, e nesta edição não foi diferente. Empresas que conseguiram segurar custos e manter o preço, apostando em produtos inovadores, tiveram bons resultados, outros nem tanto.”

 

Para ele, o setor calçadista, apesar de iniciar uma recuperação gradual, ainda está muito inseguro quanto aos rumos da economia, que historicamente é abalada pelas turbulências políticas.

 

Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal, também avalia que a feira atendeu à expectativa de dar continuidade à recuperação das vendas no mercado interno e externo, iniciadas neste ano. “O retorno que tivemos dos expositores foi bastante positivo, com vendas efetivas e futuras, inclusive para clientes internacionais.”

 

Pelo menos 4,1 mil pessoas passaram pelo Espaço Moda Franca, onde 17 pequenos e médios produtores de calçados expuseram os seus produtos. O Comércio ouviu a opinião da maioria sobre os quatro dias feiras (veja nesta página).

 

A gerente de negócios do Sindifranca, Ana Tereza Arruda Rocha, disse que o sindicato recebeu retorno positivo das indústrias, principalmente, em relação às exportações, já o mercado interno é incógnita por conta da economia e da crise política.

 

Ela avaliou o motivo pelos quais empresas que estavam expondo no mesmo espaço tiveram opiniões diferentes sobre a Francal. “Existe composição de fatores que determinam se a empresa achou a feira boa ou não. Primeiro, o lojista precisa estar interessado no tipo de produto que está sendo exposto. A empresa também precisa acertar na coleção, tendências e estar atenta aos custos para passar o preço adequado ao mercado.”

 

A Francal 2018 será realizada no período de 16 a 19 de julho, também no Expo Center Norte. A abertura acontecerá em uma segunda-feira.

 

 

 

Opiniões

Veja o balanço feito por expositores do Espaço Moda Franca, na 49ª Francal (Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios)

 

 

 “Não posso reclamar, não. Para nós, a feira foi boa. Apesar de o mercado interno estar meio agarrado ainda, tivemos muitos contatos de exportações com grandes possibilidades de negócios futuros. Com certeza, vai virar. Conseguimos fechar pedidos bacanas. O principal é a abertura de novos clientes.”

José Carlos Perente - Comfort Plus

 

“Tivemos alguns contatos de exportação, mas nada relevante. As visitas e vendas ficaram abaixo do esperado. A feira não atingiu nossas expectativas.”

Letícia Souza - Via Paula Comfort

 

 “Foi uma feira com pouca visitação, mas com bons negócios. Fizemos ótimos contatos com comerciantes e representantes. Valeu à pena ter exposto nossos produtos na feira. Não podemos ficar presos em Franca, achando que o cliente vai vir atrás de nós.”

Vinícius Barbosa - Balatore Calçados

“Em nível de contatos, a feira surpreendeu nossas expectativas. Foi o nosso primeiro ano. Estamos estreando com a marca agora. Para nós, não tenho do que reclamar. Foi melhor do que o esperado. Vendemos, conseguimos representantes e abrimos contatos. 

Voltaremos para Franca satisfeitos.”

Aparecida Ribeiro - Zutz

 

“Participo de feiras há 30 anos e sempre é muito importante. Feira é para você abrir mercado. Nesta edição da Francal, achei a visitação baixa, deixou a desejar. 

Acredito que poderia ter sido melhor se não fosse a situação econômica e a instabilidade política. Fizemos alguns contatos, mas poucos. A Francal enfrenta a concorrência da SICC (em Gramado-RS), que ocorre em maio. Acho que a data precisa ser reavaliada, pois o lojista vai para o Sul e não vem para São Paulo. 

Também acho melhor abrir na segunda-feira.”

Maurílio Nunes - ArtShoes

“Feira boa em termos de visitação. Negócios bem devagar. Venda é consequência posterior. Mostramos nossa coleção e a tendência dos produtos. Agora, começa o trabalho de campo da equipe de venda pós-feira. Vamos colher o que plantamos. Eu volto satisfeito pela aceitação dos produtos junto aos clientes. Acredito que o segundo semestre será melhor. Se os políticos deixarem a gente trabalhar, estamos aí para gerar produção e emprego.”

Cleomar Cardoso - Lecas

 

“Ficamos surpresos com a presença de exportadores. Também fizemos novos clientes no mercado interno. O resultado foi satisfatório. Levando em consideração a situação econômica do País, eu avalio a feira como bem produtiva. Temos que estar sempre presentes. Acredito que teremos uma repercussão positiva e é possível que a gente tenha que aumentar funcionários para dar conta da produção.”

José Alexandre - Mironneli

“Nossos produtos tiveram boa aceitação e atingimos o resultado que havíamos planejado. Os clientes gostaram muito da nossa coleção. Posso dizer que foi uma das melhores feiras que já participamos. Se os contatos que abrimos se concretizarem, vai ser muito bom. Em função do quadro econômico do País, é prematuro falar em aumentar produção e abrir novos postos de trabalho. É preciso ter cautela e crescer com passos sólidos.”

Caio Figueiredo - Artmille

 

“Avaliamos como uma feira positiva. Vamos sair com algumas negociações bacanas. O pós-feira, com certeza, será muito forte, pois fizemos contatos bacanas. Identificamos alguns pontos que podem ser melhorados, como a data da feira e abertura em um dia útil. Não gostamos do início no domingo. Existe a possibilidade de aumentar a nossa produção, não de imediato, mas a partir do mês de setembro.”

Paulo Geminiano - Cotton&Co

“Voltamos para a feira após um período fora. Foi excelente. A gente tinha um foco muito forte na coleção de inverno, mas conseguimos um resultado similar agora com a moda de verão. Todos os dias da Francal, tivemos uma grande 

visitação. Não conseguimos sair 

da feira nenhum dia no horário, pois ainda estávamos atendemos aos lojistas. Tiramos pedidos na prateleira, pois não havia espaço nas mesas. A economia do País está instável, porém, com o resultado da feira, a chance de aumentar a produção e vagas de emprego não é remota, é uma chance cabível.”

Vítor Barberato - Perlatto

 

“A avaliação que fazemos é satisfatória. Foi a primeira vez que ficamos no espaço Moda Franca, e valeu à pena. O resultado foi bom. A feira não é só para vender. Você tem que mostrar sua marca, pois aquele que ficar quietinho em seu canto terá mais dificuldade. Volto para Franca muito satisfeito.”

José Silva - Camilla Venturini