O ex-prefeito de Franca Maurício Sandoval Ribeiro morreu, na madrugada do último domingo, 18, aos 77 anos. Vítima de câncer no fígado, o ex-político estava internado há cerca de dez dias no Hospital Regional, onde morreu. Apesar de afastado da vida pública há quase duas décadas, o ex-prefeito ainda era considerado um dos políticos mais respeitados da cidade e sua morte comoveu, além de familiares e amigos, autoridades que fizeram questão de acompanhar o velório, realizado na Câmara Municipal de Franca, e seu sepultamento, ainda na tarde de domingo, no cemitério da Saudade.
Casado há 53 anos com Regina Célia Ribeiro, Maurício deixou três filhos e quatro netos. “Meu marido deixa uma grande saudade. Ele descobriu que estava doente há pouco tempo, mas já estava em um estágio avançado. Infelizmente ele nos deixa, mas ficam conosco as boas lembranças e tudo o que ele fez durante sua passagem conosco. Mais que um grande político, ele foi uma pessoa maravilhosa. A morte veio como uma forma de descanso, pois ele estava sofrendo”, disse a mulher, emocionada.
O atual prefeito de Franca, Gilson de Souza (DEM), que foi vereador durante o segundo mandato de prefeito de Maurício Sandoval Ribeiro, fez questão de se despedir e ressaltou a importância do legado que ele deixou. “Maurício era um ser humano diferenciado em todos os quesitos. Foi prefeito, deputado e deixou um legado muito grande para a nossa cidade. Político dinâmico, humano e com uma consciência incrível da importância de agir pelo bem comum, ele nos deixa muita saudade. Foi um bom político, bom pai, chefe de família e, principalmente, ser humano”, disse.
Presente no velório, o deputado estadual Roberto Engler (PSDB) foi outro a lamentar a morte do ex-prefeito. “O papel dele na sociedade francana como um todo foi enorme. Ele nasceu em um grupo novo na época e a população acreditou na sua proposta e ele fez um grande governo. O Maurício sempre fez o melhor pela cidade e hoje nos deixa um sentimento de tristeza”, disse.
“Trabalhei com o Maurício no meu primeiro mandato de vereador e, apesar de ser oposição, sempre tivemos uma ótima relação. Ele foi muito importante para Franca, pelo trabalho desenvolvido e por sua retidão de caráter. Como político, cumpriu o seu papel e sua morte é uma perda, sem dúvida nenhuma, para a cidade”, disse Gilmar Dominici (PT).
Em fevereiro de 2011, em uma entrevista concedida ao Comércio, o ex-prefeito falou sobre o afastamento da política. “O que eu procurava estava na palavra de Deus. A mudança foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Hoje, tenho uma perspectiva e a esperança de vida eterna. Cada dia mais, entendo de uma maneira progressiva a palavra de Deus. Isso me traz um conforto muito grande”.
Antes do sepultamento, realizado pela Funerária Santa Bárbara, a Congregação Testemunhas de Jeová, da qual o ex-prefeito fazia parte, realizou uma oração especial de despedida, ressaltando o seu trabalho como divulgador da palavra de Deus.
Carreira política
Maurício Sandoval Ribeiro era considerado um dos políticos mais respeitados da cidade. Ex-prefeito e ex-deputado, Maurício teve a oportunidade de administrar a cidade por dez anos, durante dois mandatos distintos: de fevereiro de 1977 a janeiro de 1983 e de janeiro de 1989 a dezembro de 1992. Foi deputado estadual nos anos de 1987 e 1988. Em 1994, então candidato a deputado federal, começou a estudar a Bíblia e participou de cursos bíblicos. Dois anos mais tarde, se afastou de vez da vida pública após disputar as eleições municipais como vice-prefeito na chapa liderada pelo médico Joaquim Pereira Ribeiro.
Natural de Franca, Maurício Sandoval Ribeiro fazia parte do Grupo Novo quando venceu as eleições para prefeito pela primeira vez, mesmo sem ser conhecido ou ter ocupado qualquer cargo político anteriormente. O professor José Chiachiri Filho era seu vice-prefeito.
Já nos primeiros anos de governo, Maurício foi responsável por grandes avanços no desenvolvimento da cidade. Entre seus feitos mais notáveis está a viabilização da implantação da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado) e a construção da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) em Franca, uma obra que na época custou mais de R$ 100 milhões e teve parceria com o Governo do Estado de São Paulo, proporcionando que a cidade tivesse 100% de água e esgotos tratados. Foi ele também o responsável por construir o Terminal Rodoviário; terminar a construção do Teatro Municipal “José Cyrino Goulart”; instalar a Usina de Reciclagem de Lixo e a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) na cidade; realizar a iluminação do estádio “José Lancha Filho”, o Lanchão, além de adquirir a área onde foi construído o Parque Vicente Leporace e aprovar dezenas de novos loteamentos, o que possibilitou um importante aumento no perímetro urbano do município. Também em seu governo, asfaltou milhões de metros quadrados da cidade e ampliou as marginais.
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