Quando encontramos um amigo triste podemos dizer que ele está “jururu”. Um lugar humilde e distante costuma ser chamado de “biboca”. A abóbora também é conhecida como “jerimum”. E aquele jogo infantil, a “peteca”, não é invenção de fábrica, e sim brinquedo criado e nomeado pelos índios.
Jururu, biboca, jerimum e peteca são quatro palavras no meio de centenas que nos foram deixadas pelos indígenas. Eles deram também nomes a outras centenas de rios, montanhas e lugares do nosso país. Por exemplo, Curitiba (lugar de muito pinhão); Goiás (onde vivem os de mesma raça); Ipanema (água ruim); Jundiaí (rio dos jundiás); Paraná (rio caudaloso); Uberaba (água cristalina)... A lista é bem comprida. É grande o legado dos índios à língua portuguesa falada no Brasil.
A mesa do dia a dia também guarda lembranças do tempo em que aqui chegaram os portugueses. Eles descobriram com os nativos certas iguarias que consumimos até hoje, como as farinhas de mandioca e milho. Aprenderam a moquear (defumar) a carne. Experimentaram dezenas de frutos tropicais então desconhecidos dos europeus como caju, araçá, sapoti, jabuticaba, abacaxi, cajá, pequi, pitanga, maracujá, gabiroba. E guaraná, uma frutinha que os civilizados transformaram em refresco!
Não se sabe ao certo quantos índios viviam no Brasil na época do descobrimento. Alguns pesquisadores acreditam que eram cerca de 2 milhões, divididos em mais de mil povos. Depois de muitos conflitos com o ‘homem branco’, como eles chamavam aos colonizadores, e também por causa de doenças, a população se reduziu a 200 grupos ou povos. Atualmente cerca de 600 mil índios vivem em áreas protegidas pelo governo.
Alguns grupos permaneceram isolados, procurando viver em locais afastados de outros povos. Eles ainda são encontrados na região amazônica e sobrevivem da caça, pesca e coleta de vegetais. Há estudiosos que se dedicam a localizá-los e protegê-los, evitando a destruição dos espaços que ocupam.
Por outro lado, em algumas aldeias a vida é bem parecida com a de outras cidades brasileiras. As pessoas usam roupas e calçados comuns, trabalham e se divertem. Para preservar a cultura, os adultos ensinam aos filhos seu idioma nativo e mantêm o costume de realizar cerimônias tradicionais.
Cada grupo indígena tem seu jeito de celebrar datas especiais como nascimentos, aniversários, casamentos ou mortes. Uma das festas indígenas mais famosas é o Kuarup, que acontece em reserva do Parque Xingu, no Mato Grosso. Nessa festa, convidados de várias aldeias se reúnem para rezar, cantar, dançar, lembrar seus antepassados. A dança é fundamental nessas ocasiões. Usa-se a maraca, feita com cabaça oca recheada de pedrinhas. O katukinaru, tipo de tambor de madeira coberto por pele de animais. O tacapu, semelhante a uma flauta e usado para chamar chuva. O catacá, feito com bambu, madeira, cascos da tartaruga. Os sons produzidos pelos índios são parecidos aos barulhos da natureza. Lembram o chocalho das serpentes, o canto dos pássaros, o cair da chuva.
Uma das regras que valem entre todos os povos indígenas é o respeito pelos mais velhos, que têm mais experiência, conhecem as tradições e, por toda sua vivência, são considerados mais sábios. Eles são consultados na hora de tomar decisões importantes para o grupo. São considerados os maiores responsáveis por transmitir conhecimentos para os mais jovens.
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