Como professor universitário, durante anos pesquisamos o comportamento dos nossos alunos. Detectamos que grande parte deles sonha atingir um modelo idealizado pela sociedade, na maioria das vezes inatingível, mas não conseguem buscar o seu verdadeiro sonho que, por ser contrário aos padrões vigentes, é deixado de lado.
Hoje em dia a motivação é pelo perfeccionismo dominante, é querer ter o que o outro tem, ser superior, apenas para satisfazer o ego ou algo que dê a impressão de ser tão perfeito quanto ao que se vê nos filmes, na televisão ou numa revista. E assim, a grande maioria “rala pra caramba”, apenas para cumprir um modelo imposto sem perceber que estão destruindo seu verdadeiro “eu interior”.
Em nossas observações percebemos que alunos passam a sofrer de “fobia social” sem que efetivamente saibam. Dentre outros aspectos aqueles modelos tidos como ideais para a sociedade, passam a ser o grande problema dos jovens, pois “não podem errar”, a sua família e a sociedade não aceita. A ansiedade e a busca incessante de causar uma boa impressão nos outros, trás uma insegurança marcante quanto à própria habilidade em alcançar tal objetivo.
Muitos alunos, quando questionados, nos confidenciavam que toda vez que tinham que apresentar um trabalho de forma oral ficavam apavorados, pois tinham medo de serem ridículos, de dar um “branco”, um esquecimento. Afirmavam sofrer a semana inteira e na véspera da apresentação não conseguiam dormir. Diziam que se pudessem arrumar alguma desculpa faltariam à aula. No mesmo sentido afirmavam que para ir a algum evento social, fosse a uma festa, a um clube, uma reunião com os estudantes etc., precisavam tomar algum estimulante e só depois de beber tinham coragem. Além das mãos suarem muito, tinham que estar segurando um copo, no intuito de passar confiança. Sempre com o receio de que iriam comportar-se de forma inapta ou inadequada e, como consequência, seriam rejeitados, rebaixados, desacreditados.
Após anos ouvindo relatos, concluímos que o maior temor da juventude hoje em dia é a insegurança em assumir riscos e o medo do fracasso. Coisas que fazem parte da riqueza de experiências que a vida pode nos proporcionar. Os jovens estão cada vez mais hesitantes em viver a vida, com suas disparidades e imprevisibilidades, temem o errar. Assim ao se moldarem ao “sistema” imposto, a cada dia estamos mais longe das mudanças que a sociedade almeja, comprometendo o futuro, pois poucos querem se colocar de forma inovadora, por medo de errar. Enfim, cursos superiores, estudantes e educadores têm que saber que a perfeição não é mais a única meta, mas a harmonia, o equilíbrio e o bem-estar têm que estar acima de tudo.
Toninho Menezes
Advogado e Professor Universitário
toninhomenezes16@gmail.com
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