Pelo futuro de milhares de francanos, vamos à luta

Eleição é coisa para quem tem coragem. É simplesmente impossível para o candidato e seu entorno passar alheio à tensão, o que inclui cônjuge, mães e pais, filhos, sobrinhos, amigos e, claro, a equipe de trabalho.

09/10/2016 | Tempo de leitura: 4 min

“Melhor lutar por algo, do que viver para nada”
Winston Churchill, político e escritor inglês
 
 
Segunda-feira, 3 de outubro, 7h30. Apesar de ter ido dormir por volta de 3h30 da madrugada, a emoção acumulada não me permitiu ficar muito tempo na cama. Meu primeiro compromisso do dia era as 11h mas, mesmo assim, não conseguia descansar. Olhei para o lado, vi que minha mulher já tinha acordado e tomei coragem para, com cuidado, me levantar. Queria evitar despertar o João - muito ansioso, meu caçula havia dormido conosco. Não adiantou. 
 
Antes que eu desse o primeiro passo, ouvi sua voz. “Papai, papai. Tive um pesadelo horrível”, dizia João, quase em tom de choro. Perguntei com o que ele havia sonhado. “A gente ganhou ou perdeu, papai? Quantos votos a gente conseguiu?”, disparava, sem pausa. Abracei meu filho, dei um beijo e, tentando segurar o riso diante daquela situação que descambava para o cômico, lembrei-o de que havíamos vencido. “Ganhamos. O papai foi eleito. Você não se lembra de ontem, da apuração?“. E lá veio a resposta do João. “Sonhei que você tinha perdido para a Dilma...”
 
Para uma criança de seis anos, vereador, prefeito, deputado, governador ou presidente da República são todos a mesma coisa. Meninos e meninas entendem que a eleição é uma disputa, que alguns ganham e muitos perdem, e que os vitoriosos se dividem entre os que ficam na própria cidade e os que têm que morar fora. 
 
Mas uma coisa, as crianças – independente do quanto elas entendam do processo eleitoral – e os adultos que têm parentes ou amigos candidatos partilham sem distinção: a angústia. 
 
Eleição é coisa para quem tem coragem. É simplesmente impossível para o candidato e seu entorno passar alheio à tensão, o que inclui cônjuge, mães e pais, filhos, sobrinhos, amigos e, claro, a equipe de trabalho. Sofre todo mundo junto, desde o princípio. A excitação da campanha, a luta pelo convencimento do eleitor, o cansaço com as jornadas intermináveis, o nervosismo com o dia da eleição e o desespero com a contagem dos votos são grandes testes para o coração – e vale tanto para quem foi eleito com muitos votos como para quem passou longe da vaga.
 
Para o candidato propriamente dito, à medida que se multiplicam os contatos com eleitores, aumenta também a responsabilidade que pesa sobre seus ombros. Estar diante de alguém que promete lhe confiar o voto, que tem ideias parecidas com as suas e que reconhece em você alguém capaz de defendê-las, que acredita que você pode fazer diferença apesar do descrédito generalizado da classe política e que, de quebra, ainda pede para tirar uma foto para guardar de lembrança e “postar no Face”, deixando público seu apoio e endosso, é uma experiência maravilhosa.
 
Ser recebido nas casas de muitas dessas pessoas e entender, in loco, seus dramas, dificuldades e necessidades é uma lição e tanto. Só na rua é possível compreender, de fato, o grau do desastre da atual administração municipal. Quando se vê alguém obrigado a morar num casebre insalubre mesmo tendo direito a ocupar um apartamento num conjunto habitacional cuja entrega não chega nunca é que se constata quão nefasto é o imbróglio da prefeitura/governo federal na liberação de recursos para predinhos como o Copacabana. 
 
Ao se percorrer as distâncias enormes que hoje separam os extremos de Franca, têm-se a real dimensão do que significa pagar R$ 3,80 pela tarifa de transporte coletivo e ainda ser obrigado a conviver com a péssima prestação de serviços, com atrasos constantes, e com “viagens” que parecem nunca terminar no ritmo do sacolejo dos ônibus da São José. 
 
Quando se ouve um pai chorar a morte da linda filha vítima de descaso na rede pública; quando se vê estampado no rosto a revolta de alguém que mesmo com dor é obrigado e esperar até cinco meses por uma simples consulta; quando se ouve o relato da queda da qualidade de vida de uma paciente que era bem assistida por um programa vencedor como a Casa do Diabético; ou quando se ouve o desespero de uma mulher cujo filho foi atendido por um falsário, têm-se a exata noção do tamanho do sucateamento aplicado na saúde do município.
 
Não faltam exemplos de inúmeros problemas que, menosprezados pelo poder público, transformaram-se em verdadeiros tormentos para a população que não tem alternativa.
 
Graças aos votos de 6.060 francanos, fui eleito vereador com uma das maiores votações da história. Obviamente, a vitória nas urnas não me conferiu superpoderes. Não há milagres à vista. Mas posso garantir que estou absolutamente animado e disposto para começar a atuar. Espero participar de uma legislatura renovada, que se preocupe muito mais em discutir os problemas e a lutar por soluções do que se dedicar a dizer simplesmente “amém” ao prefeito. Que ninguém conte comigo para isso.
 
Represento hoje milhares de pessoas. Entre elas, João, o meu filho, e Cacá, Bia, Lavínia, Murilo, Miguel, Miguelzinho, Manuela, Rafaela, Nando, Dudu, Guilherme, Maria Clara, Stelinha, Amanda, Lorena, Ana Clara, Ana Helena... Todas, crianças maravilhosas que brigaram, sofreram e lutaram com as “figurinhas” do “Tio Junior” por toda a cidade. É pelo futuro delas, e de milhares de outros pequenos francanos, que esta batalha merece ser travada. Vamos à luta. A partir de 1º de janeiro de 2017, também na Câmara Municipal. Muito obrigado!
 
 
Corrêa Neves Júnior, diretor executivo do GCN 
email - jrneves@comerciodafranca.com.br

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