Anos atrás, comemorações da semana da Pátria davam vida a grande festa cívica: hinos, bandeiras, redações, estudos históricos, tudo culminando com os desfiles escolares e a parada militar do Sete de Setembro. Todos manifestavam sentimento de orgulho pelo país. Hoje, os tempos são outros. Já não vemos mais solenidades cívicas ressaltando orgulho nacional, ou o valor patriótico dos cidadãos. Quase não ouvimos comentários de alunos em relação à comemoração. Não vimos nenhuma inserção comemorativa na mídia, da parte do novo governo. Fato é que nos dias de hoje, uns poucos colégios das redes estadual e particular realizam algo ou se integram, para comemorar a independência.
Nós, que acreditamos que educação é solução para várias mazelas; se é ponto pacífico que educação nos liberta do atraso; e se ela não é mais motivo de festa, conclui-se que vivemos em nação que não cultiva ou cultua valores históricos. Perguntamos: onde estão as autoridades políticas que fazem do patriotismo, marcas de suas campanhas? Onde estão as redes de ensino? O que representa esta festa para colégios e seus alunos? Será apenas mais um feriado quando não cai em sábado ou domingo, como neste ano? Que tipos de civilidade e patriotismo estão as escolas de hoje ensinando aos dirigentes da nação de amanhã?
Deveria ser diferente? Lógico que sim! Basta um pouco de pensamento criativo, uma pitada de quebra de paradigma, uma leve inspiração patriótica e, fundamentalmente, ver a educação como a verdadeira independência do país! O 7 de Setembro poderia se transformar, novamente, em festa esperada por todos! Como? Em primeiro lugar, é uma festa do país! Não é só militar, mas também, civil, principalmente, de cidadania. É inquestionável o quanto impressiona vermos fanfarras, sirenes ligadas, luzes piscando, baionetas e fuzis em punho, trote dos cavalos, músicas militares, o Tiro de Guerra. É impossível não se emocionar! Aceitar que o 7 de Setembro se resume a uma apologia à repressão é assumir que o Brasil ainda não decretou sua independência!
Será que existe melhor combate a todas as situações adversas que hoje vivemos senão pela educação? A educação sempre foi e será a única responsável pelo crescimento da nação, pela transformação do Brasil em país realmente independente da fome, epidemias, miséria, maus políticos, enfim, independente do que ocorre no presente. Existem os que, neste dia, só pregam protesto, luta, rebeldia, porém, falharam quando tiveram a oportunidade de darem parcela de contribuição para a mudança do país, demonstrando que entre as críticas e suas soluções há grande abismo.
Celebrar a Independência é afirmar nossas possibilidades como nação soberana, mas será que para isso seremos obrigados a voltar a obrigar colégios a desfilarem? Espero que não. Basta apenas um pouco mais de criatividade, trazendo de volta as competições entre as escolas, premiando a melhor fanfarra, os temas nacionais e locais mais interessantes; valorizando, enfim, a relevância de tratamento dos temas, performance, encenação. Escolas, por suas vezes, estariam cumprindo o verdadeiro papel de educadoras e formadoras de cidadãos conscientes.
Para entendermos um fato histórico, devemos antes compreender seu contexto de época. Uma revolução, guerra ou revolta não ocorre de uma hora para outra, por simples resolução ou capricho. Pequenos fatos se acumulam como água na represa, até acontecer a gota d’água definitiva, liberando as comportas da história para aquele único e derradeiro momento. Esses momentos, muitas vezes são representados por um nome, uma liderança — homem ou mulher — que, na verdade, representam anseios de uma não inteira. O Brasil será realmente independente quando os nossos jovens tiverem a exata noção de que, antes de tudo têm que ser brasileiros orgulhosos e desejosos de lutar pelos interesses de nosso país!
Toninho Menezes
advogado, professor universitário - toninhomenezes16@gmail.com
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