'Comércio' completa 101 anos leal à cidade, fiel aos fatos


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Parte da vida diária de milhares de pessoas, o Comércio da Franca chega incansável aos 101 anos e pronto para novos desafios e conquistas
Parte da vida diária de milhares de pessoas, o Comércio da Franca chega incansável aos 101 anos e pronto para novos desafios e conquistas
A história do jornal Comércio da Franca crava neste 30 de junho 101 anos de lealdade à cidade cujo nome carrega no título e de fidelidade aos fatos que todos os dias estampa em suas páginas. Lealdade é escolha. Pressupõe compromisso, responsabilidade, até sacrifícios pessoais. Fidelidade é obrigação. Exige verdade, transparência, zelo.  Dentre outros valores, lealdade e fidelidade sustentam a credibilidade, sem a qual um jornal não sobrevive. E explicam a longevidade do Comércio, dos poucos jornais brasileiros chegados a esta marca em condição de acompanhar as mudanças que nas últimas duas décadas se mostraram avassaladoras. 
 
Continuar cada vez mais presente na comunidade francana, e na região que congrega cerca de vinte municípios paulistas e mineiros, é conquista. Fruto de trabalho de competente equipe, a postos dia e noite em busca da excelência, o Comércio faz parte da vida de milhares de leitores de todas as idades que nele encontram informação, podem expor opinião e  aplaudem a defesa dos interesses da cidade que hoje já conta com mais de 350 mil habitantes. 
 
Quando o Comércio circulou pela primeira vez, o número dos que povoavam as três colinas não chegava a 30 mil. Desde cedo, porém, Franca revelou  potencial inesgotável rumo à  transformação que a vem perfilando. A economia agrícola evoluiu para industrial e as fábricas  chegaram a produzir 9 milhões de pares de sapatos em 1969. A contínua geração de empregos atraiu gente de todo o Brasil. Grandes redes do varejo se instalaram aqui. Cresceu de maneira  surpreendente o número das médias e pequenas empresas. O mercado imobiliário se expandiu e a fisionomia urbana se modificou com muitos novos bairros. O crescimento da população pôde ser aferido também na frota de veículos, que veio se duplicando até atingir os atuais  200 mil.  Na área do ensino, faculdades foram aos poucos instaladas até que a cidade se tornou polo universitário, atraindo milhares de estudantes. A economia de base agrícola nos anos 30  passou a industrial a partir dos 50, viu declinar a produção de calçados, mas chegou firme à de comércio e serviços no começo deste nosso século. Tudo isso o Comércio contou. 
 
Mas com o progresso vieram os problemas, consequência inevitável. O Comércio também os registrou, fez cobranças, voltou a trazê-las à baila em sucessivas edições, muitas vezes ao longo de anos. Por exemplo, dentre centenas de manchetes, várias chamaram a atenção para deficiências graves em rodovias próximas que culminaram com a morte de muitos; para a   vazão  previsível e perigosa das águas pluviais nos dois córregos que cortam a cidade; para o crescimento da violência disfarçada em números que não refletem a realidade vivida pelos francanos. Também  atento observador da cena política, o Comércio  desvelou desmandos, quer no legislativo, quer no executivo. Com seu jornalismo investigativo, que exige foco, sola de sapato, paciência e sobretudo muita coragem, trouxe à  baila desmandos, ilegalidades, abusos, arbitrariedades e até crimes como a recente atuação de quadrilha de falsários  na rede pública municipal de saúde, fato que pode levar à cassação do mandato do atual prefeito.  
 
Ler o noticiário do Comércio desde a sua fundação, em 1915, é percorrer os caminhos que levaram a cidade a ser hoje  uma  das maiores do interior paulista.  A evolução de Franca está toda retratada nas  páginas deste jornal.  Do anúncio de pequena sapataria do começo do século XIX à notícia auspiciosa do êxito da primeira Francal e sua expansão. Da construção do seminal grupo escolar à formação do polo universitário. Do edifício de apartamentos na praça principal ao crescimento horizontal que espichou a cidade na direção dos quatro pontos cardeais.  Dos poucos automóveis que circulavam na avenida Presidente Vargas ainda sem asfalto ao atordoante número de veículos que entopem hoje nossas ruas. E o Comércio nunca deixou de lado a cobertura dos dois esportes que ainda despertam a paixão dos francanos- o futebol e o basquete. Enfim, o  historiador encontra nas edições do Comércio um repositório imenso de relatos factuais que espelham  a evolução da cidade.
 
Como Franca, o Comércio enquanto estrutura física e volume de informação  também mudou, pois não se faz jornalismo sem se adequar às mudanças da sociedade. É essencial estar totalmente afinado com os acontecimentos, 24 horas por dia, 365 dias no ano, e durante todos os 101 anos de existência para se fazer jornalismo genuíno. É uma atividade estressante, exigente, de risco. Por isso, é de justiça lembrar os diretores jornalistas que estiveram à frente do Comércio, como José de Mello, Vicente de Paiva, Ricardo Pucci, Alfredo Costa, Correa Neves. Eles enfrentaram muitos obstáculos para manter o jornal em circulação ininterrupta, avançando com o tempo na forma e  nas ideias, até que ele chegasse à atual direção de Correa Neves Junior, cuja marca é a vanguarda. Em 2007, com a criação do GCN, grupo que integra três mídias (jornal, rádio e portal),  o então reduzido site do Comércio da Franca ganhou novo desenho e turbinou o conteúdo. Passou a ser alimentado 24 horas  e se tornou rapidamente o Portal que hoje se encontra, segundo o IVC  (instituto que audita a circulação), no ranking dos 23 mais acessados do País.
 
Um jornal que celebra 101  anos tem muito a dizer sobre a cidade que ensejou seu nascimento e o alimentou com suas conquistas e  demandas mais aflitivas. Muitas vezes também com os imprevistos. Pois estes, é bom que se diga, constituem um dos ingredientes primordiais do jornalismo. O imprevisto, o que não está no script, o que não consta da pauta mas acontece e por conta disso precisa ser relatado, é o espírito vital do jornalismo. Ilustra bem a assertiva  o  tapa desferido por vereador na cara de munícipe que lhe fez cobrança dentro da Câmara. O fotógrafo do Comércio estava lá, registrou a cena, percebeu a gravidade do fato. A imagem, com toda a carga selvagem que a câmera capturou, ganhou o Brasil e o Mundo. E provocou muitas reações, que é o que o bom jornalismo deve estar apto a produzir, refletindo a  vida que acontece de forma antiburocrática,  surpreendente, no caso citado, assustadora.  
 
Quando o assinante recebe o Comércio da Franca em sua casa ou  quando o adquire em uma banca, ele se habilita a tomar conhecimento não apenas do noticiário. Ele está fazendo a opção pela leitura de uma cidade de múltiplas vozes. Ele está optando pelo direito de conhecer o que muitas vezes se manteve escondido. Ele  está manifestando seu repúdio a tudo o que seja corrupção, desídia, dolo, violência, abuso.  Ele está reavivando a fé na liberdade de informar e ser informado. Ele está reafirmando o valor da democracia. Ele está em busca da verdade. Ele está compactuando com o princípio básico do jornalismo que é incomodar o poder. Sabe que o Comércio, completados 101 anos, seguirá explorando a paisagem urbana, geografando o dia-a-dia dos francanos, radiografando as entranhas do poder, historiando o que não deve ficar encoberto. Sabe, especialmente nesta data de aniversário, que fiel aos fatos e leal à Franca,  o jornalismo praticado no Comércio prosseguirá mapeando a realidade  em sua contribuição para tornar a cidade o porto seguro dos que a escolheram para viver. 

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