Francal: Veja como voltam os empresários de Franca


| Tempo de leitura: 5 min
Paulo Henrique Geminiano da Calvest
Paulo Henrique Geminiano da Calvest

Vinte e nove de junho de 2016, último dia da 48ª Francal, última vez da feira no Pavilhão de Eventos do Anhembi, em São Paulo. Pelos corredores, nada de grande euforia ou algazarra. Mas as paredes dos estandes também não se transformaram em muro de lamentações. Houve quem esperasse mais da feira, mas diante da expectativa mais baixa com que os fabricantes embarcaram para esta Francal, o que poderiam ser consideradas vendas discretas, se transformou em um conformado “estamos no lucro”.

A feira reuniu cerca de 500 expositores em quatro dias de atividades. Com o lema “a retomada da confiança”, os organizadores tentaram incutir entre fabricantes lojistas, representantes comerciais e outros profissionais do setor que o momento era de otimismo e cabeça erguida, mesmo diante das turbulências econômicas que o país atravessa.

O presidente da feira, Abdala Jamil Abdala, garante que as expectativas iniciais dos expositores foram superadas tanto no mercado interno como no externo. “Foi uma feira com os pés no chão, mas terminamos muito mais satisfeitos do que nos últimos três anos, quando enfrentamos greves, Copa do Mundo e problemas econômicos. A nuvem está mais leve, o sol está surgindo. Não tenho dúvidas de que o segundo semestre será muito melhor. Estamos reconquistando a confiança. O sinal é positivo. O mercado interno vai reagir melhor e a tendência é de que o crescimento das exportações se mantenha”, disse.

Segundo ele, todos os projetos satisfizeram expositores e visitantes. “Além de negócios, a Francal foi uma feira contendo informações gerais. O propósito foi atingido. Contribuímos para um ambiente mais leve e oferecemos muitas oportunidades de negócios. Os expositores saíram fortalecidos e acredito que todos vão voltar no ano que vem.”

Para o presidente-executivo da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), Heitor Klein, a feira cumpriu o que se propôs, ratificando uma pesquisa recente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), que apontou o melhor índice de confiança por parte dos empresários desde novembro de 2014. “Acredito que, mais importante do que os negócios realizados, que foram bons para boa parte dos expositores, o aspecto mais relevante da feira foi a retomada desse clima de confiança.”

Ele disse acreditar que o Brasil parece ter chegado ao fim de um ciclo de baixas e deva retomar o crescimento econômico gradualmente, a partir do segundo semestre de 2016.

Dados da Abicalçados mostram que mais de mil importadores de 60 países compareceram à feira. Embora a associação não tenha divulgados números, a motivação dos importadores em razão da valorização do dólar frente ao real teria fomentado, e muito, as exportações.

FRANCANOS

A opinião de Taylor Hajel, diretor comercial da Francajel, corrobora com os dados da Abicalçados. Ele disse que sua empresa sai da feira com um saldo positivo. “Quem veio à feira, veio para comprar. Fechamos muitos negócios, principalmente com importadores”, afirmou.

Com o típico tom de otimismo, a Calvest repetiu o feito dos últimos anos e comemorou as vendas. Segundo o gerente comercial da marca, Paulo Henrique Geminiano, a meta de vendas - que era de 50 mil pares - foi alcançada ainda no terceiro dia de Francal, configurando um desempenho melhor do que o de 2015.

Enquanto houve quem reclamasse do fato de a feira estar mais enxuta em relação a anos anteriores, Geminiano disse que a empresa francana se beneficiou disso. “O fato de grandes marcas terem desistido da feira foi extremamente positivo para nós, já que o lojista comprou ainda mais da gente. Agregamos a coleção certa a preços certos e fizemos bons negócios. O que fecharmos hoje (quarta-feira, último dia do evento) é lucro, pois a meta já foi atingida”, disse.

O gerente afirmou que a Calvest, que hoje produz 2,5 mil pares por dia, já confirmou presença na Francal 2017 e não descartou que mais vagas de emprego - além dos 800 funcionários diretos e indiretos que mantém - sejam abertas em Franca.

Téti Brigagão, diretor da Clave de Fá (marca feminina da Sândalo), também disse sair da feira satisfeito com o desempenho de sua empresa. “Todas as novas feiras seguem esse modelo que estamos vendo aqui esse ano. É uma nova era, há uma movimentação mais tranquila, mas é de um público especial (que está de fato interessado em fazer negócios). As feiras que vamos na Europa são assim”, afirmou.

O Espaço Moda Franca - estande coletivo que abriga pequenos fabricantes de Franca - não havia divulgado um balanço oficial de visitações e operações até a tarde de ontem e as opiniões dos empresários se dividiram. Enquanto um dos 11 expositores do local bateu retirada da feira antes mesmo de seu término, houve quem não só se disse satisfeito com o volume de vendas, como também já garantiu espaço na edição 2017 da Francal.

O diretor da Mazuque Calçados, Angelo Costa, é um. Ele afirmou ter chegado à Francal sem grandes expectativas de vendas, mas a feira o surpreendeu. “Embora as vendas ainda tenham ficado abaixo das registradas no ano passado, posso dizer que a visitação foi boa. Acredito que a realização paralela da Fenin (feira de vestuários que aconteceu no pavilhão ao lado da Francal) tenha ajudado nisso”, disse.

Segundo ele, sua empresa está em negociação com importadores e é possível que sejam fechadas as vendas de ao menos 2 mil pares para entrega no segundo semestre – quantidade que ele considera generosa para quem produz pouco.A próxima Francal já tem data definida. Será entre os dias 2 e 5 de julho de 2017 e pela primeira vez será realizada no Expo Center Norte, também em São Paulo.

(colaborou Edson Arantes)

Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários