Quem acompanha as redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter, entre diversas outras ferramentas populares para postagens pessoais) percebe que muita gente não vê limites para o que compartilha. Não é de hoje que, no mundo todo, fatos graves são provocados por esta exposição desnecessária, muitas vezes culminando com crimes graves, agressões, assaltos e estupros. Nas postagens muita gente coloca todos os detalhes de suas vidas -- endereços, localização e o que está fazendo --, inclusive com fotos. Dois exemplos recentes reforçam a necessidade de maior proteção dos internautas, que devem, sim, velar por sua própria segurança.
Uma garota de 16 anos foi estuprada por um homem de 22 anos, na cidade de Pontes e Lacerda, a 483 km de Cuiabá (PR). Segundo a Polícia Civil, o suspeito mantinha contato com a estudante há quatro meses, por meio de uma rede social. Ele acabou preso. Na noite do último sábado, a modelo e apresentadora Ana Hickmann foi ameaçada por um fã enlouquecido no hotel onde se hospedava, em Belo Horizonte (MG). Rodrigo Augusto de Pádua invadiu a suíte que Ana ocupava e rendeu, além dela, seu empresário (irmão do marido de Hickmann) e a mulher dele, assessora da modelo. No final, a assessora foi ferida a tiros e o fã foi baleado e morto.
Tanto em um quanto em outro caso, as postagens nas redes sociais ajudaram na aproximação dos agressores. No Paraná, a estudante havia confirmado ao estuprador que estava saindo da escola. O mesmo se deu com Ana Hickmann: ela havia postado textos e vídeos detalhando o seu dia e sua localização exata, facilitando a ação de Rodrigo, que se hospedou no mesmo hotel e teve acesso à apresentadora. Não é o caso, obviamente, de culpar a vítima em nenhuma das situações. Isso seria absurdo. No caso de uma artista, tanto pior, pois sua vida é naturalmente exposta. Mas é que fatos como esses (além dos milhares de outros, de diversos tipos, inclusive envolvendo pedofilia) devem servir de reflexão sobre como expor dados nas redes sociais. Elas são, sem dúvida, importantes para a aproximação de indivíduos, mas não podem ser usadas sem prudência.
Ainda hoje, mesmo diante destes exemplos perigosos, há quem detalhe todas as suas ações cotidianas desde a hora em que acorda. Com um aplicativo, ainda marca os locais por onde passa, tornando ainda mais fácil a vida de eventuais agressores. A utilização da Internet tem que ser responsável: o usuário precisa entender que não pode expor a sua vida da forma como vem sendo feita. Não se pode trazer a violência para dentro de casa, expostos a ela que estamos na maior parte de nosso dia. Prudência é imprescindível nos dias de hoje, quando o inimigo pode estar do outro lado da tela de computadores, smartphones e tablets. Que todos se previnam, pois.
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