#prontocansei

No último final de semana, cheguei a ficar aliviado ao ouvir ele após a derrota nas prévias tucanas.

08/05/2016 | Tempo de leitura: 4 min

“A vergonha de confessar o
primeiro erro nos leva a muitos outros”

La Fontaine, escritor francês
 

 

Você está cansado de ler notícias sobre o prefeito Alexandre Ferreira (PSDB) e sua trupe? Não aguenta mais ouvir no rádio ou assistir na TV as sucessivas denúncias que recaem sobre sua administração? Fica com urticária quando quem surge no seu Facebook é o próprio prefeito de Franca num “link patrocinado”, usando o dinheiro que sai do seu bolso, através de impostos, para custear as tragicômicas versões com que tenta se justificar? Pode acreditar, eu também.

No último final de semana, cheguei a ficar aliviado ao ouvir Alexandre Ferreira após a derrota nas prévias tucanas. “Eleição você ganha ou perde. É um processo tranquilo. (...) As prévias são interessantes e o partido sai fortalecido”, vaticinou, com surpreendente humildade. Imaginei que, afastado da disputa eleitoral, Alexandre, ainda que abatido, reservaria integralmente seu tempo e energia para administrar a cidade e tentar construir um legado qualquer, por mínimo que fosse.

Fiquei animado. Enfim, sobraria tempo para escrever sobre um outro assunto qualquer. Quem sabe seria possível dividir com os leitores minhas impressões sobre a série The Walking Dead, cujas seis temporadas disponíveis assisti numa toada só. Muito além de uma história de zumbis, o pano de fundo sobre o qual se constrói a verdadeira narrativa, Walking Dead é um profundo ensaio sobre as relações humanas e os limites de cada um na luta pela sobrevivência.

Como hoje é Dia das Mães, pensei que talvez fosse melhor escrever um pouco sobre esta relação tão especial que une mulheres a suas crias. Gostaria de, uma vez mais, destacar as virtudes da minha mãe, uma mulher tão especial e corajosa, que me inspira permanentemente com sua resiliência, sua inteligência, seu caráter — e seu amor. Seria uma boa oportunidade também para dizer como minha sogra, Maria Helena, tem sido importante com seu carinho, sua generosidade, seu jeito engraçado que nos garante momentos de muita leveza e alegria em memoráveis almoços de domingo. Poderia ainda dizer como minha mulher é uma grande mãe, presente, preocupada, indispensável na vida do João... Exatamente como são, em boa medida, todas as mães para seus filhos.

Mas, há o Alexandre Ferreira. Um político singularíssimo, que parece viver numa realidade paralela onde sua única missão é assombrar quem está do lado de cá, no mundo real. Ele não para, não recua, não muda, não suaviza. É um fenômeno, daquele tipo que se vê nos “filmes catástrofe”. A última semana é o mais perfeito — e triste — exemplo do “jeito Alexandre de ser”.

A confusão começou já na manhã de segunda-feira. Menos de 48 horas depois de dizer que partido saía unido das prévias, Alexandre Ferreira começou a demitir quem considerava “traidor”. Até o final daquele dia, seriam 12 comissionados defenestrados. Se isso é o que Alexandre entende por união, nem consigo imaginar o que para ele seria um gesto de hostilidade.

Houve ainda o grotesco imbróglio do fechamento da sede do diretório municipal do PSDB. O próprio vice-presidente da legenda, Wagner Artiaga, denunciou a medida tomada por Alexandre Ferreira, reforçando que o prefeito não poderia ter agido à revelia da executiva municipal. A primeira reação de Alexandre foi desmentir. Chegou a “convocar” uma entrevista na sede do PSDB para mostrar que não era nada disso.

Na hora marcada, nossa equipe estava no diretório. Mas Alexandre não apareceu. Escalou em seu lugar o assessor para assuntos legislativos, Edvaldo Costa, que nem tucano é, para mostrar que... a sede do partido estava sendo desmontada. Exatamente conforme havíamos narrado, havia salas vazias e muito material encaixotado. O próprio Edvaldo Costa confirmou que a sala, alugada, seria devolvida para o proprietário porque as contribuições dos filiados tinham diminuído. A retirada de material no dia anterior tinha sido confirmada pela atendente do diretório. Mas, então, o que mesmo queriam “desmentir”?

Como Alexandre Ferreira é incansável, arranjou tempo para se encalacrar em mais uma denúncia do Ministério Público. Desta vez, por conta de uma acusação de fraude e irregularidades na licitação que definiu a quem caberia recolher animais no município, o programa “VetMóvel”. Neste caso, vale lembrar que houve vários alertas da própria Copel (Comissão Permanente de Licitações) indicando que a escolha estava viciada. Alexandre mandou deixarem para lá e fazer do seu jeito. O MP não engoliu.

Nesta mesma semana, houve também a decisão judicial que determinou busca e apreensão de documentos na casa da então secretária de Saúde, Rosane Moscardini, na sede da própria secretaria e no pronto-socorro “Álvaro Azzuz”. Rosane, atolada em denúncias, deixou o cargo. Até agora, a prefeitura não conseguiu dizer se ela foi demitida ou se pediu para sair.

O prefeito está sumido e ainda não se manifestou sobre o assunto. Definido como “menino mimado” por seu mentor e algoz, Sidnei Rocha, especula-se que esteja dedicando esforços na busca por um substituto para Rosane. Entre as opções aventadas, cogita-se que Vergara (PSB), o vereador que ganhou notoriedade por desferir um tapa na cara de um cidadão dentro da Câmara Municipal, pode ser o novo secretário de Saúde. A outra opção seria seu vice, Fernando Baldochi, que usaria a pasta como “vitrine” (sic) para disputar o cargo de prefeito pelo PMDB com “ajuda” do prefeito. Como se vê, Alexandre Ferreira não sai de cena nem deixa ninguém em paz. Que Deus nos dê paciência — e também nos proteja!
 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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