Ano Novo, velha política...

O ano de 2015 terminou com escândalos em série, delações dos envolvidos, além das costumeiras más notícias do descontrole governamental

05/01/2016 | Tempo de leitura: 3 min

O ano de 2015 terminou com escândalos em série, delações dos envolvidos, além das costumeiras más notícias do descontrole governamental em todos os níveis, causando aos cidadãos pesado sentimentos de desapontamento e descrédito, bem como insegurança econômica e trabalhista para este 2016.
 
Os discursos de nossas autoridades parecem totalmente desconectados da realidade. São os mesmos discursos eleitorais da política retrógada, ultrapassada, que já não correspondem aos anseios da população. De um lado, o atual governo tenta imputar responsabilidade pela crise à oposição e ao governo passado, o que não podemos admitir. Existência de oposição é pilar da democracia. Além do mais, governo que está há 13 anos no poder já teve tempo suficiente para tomar medidas e impor sua política administrativa. Por outro lado, oposicionistas tentam reunir provas e aglutinar deputados e senadores para possível impeachment da presidente Dilma. Infelizmente, ninguém tem coragem de falar à população sobre a real crise que passamos e que, provavelmente, irá se agravar se não forem tomadas providências eficazes. 
 
Os governantes sabem que este ano promete ciclo administrativo sob peso de dificuldades financeiras. O cenário nos Estados e no governo federal tem que ser enfrentado com forte corte de gastos e baixo investimento, priorizando-se serviços essenciais e cumprindo obrigações administrativas, mesmo com reduzida perspectiva de resultados no curto prazo. 
 
A manutenção da política econômica ortodoxa de inflação/juros trará, como reflexo, bolsos mais vazios nas classe média e baixa, em processo cumulativo onde empresas e pessoas passam a reduzir gastos. Com preços crescendo mais que os salários, aumenta a inadimplência e avança o desemprego, produzindo cenário de aceitação de novos postos com salários menores.
 
A queda na atividade econômica irá trazer consequências diretas no orçamento das cidades, local das próximas disputas eleitorais. Os municípios são a parte mais fraca do elo administrativo nacional. Passada a onda de crescimento econômico dos anos anteriores, as cidades, este ano, terão poucos recursos e continuarão com folhas de pagamento inchadas. Prefeitos que tentarão se reeleger não terão coragem e civismo necessários para cortar cargos políticos.
 
Esperamos também que a população brasileira dê uma ‘sacudida’ nas casas legislativas, pois somos nós que estamos sofrendo com as mazelas de nossos representantes, falta de ética de seus membros, corrupção endêmica, troca de favores e tráfico de influências como práticas comuns, loteamento de cargos, uso abusivo de verbas públicas, baixa produção legislativa e desmoralização junto à opinião pública, sendo o legislativo elemento básico da democracia brasileira. O Senado, a Câmara dos Deputados, as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais não estão cumprindo seus relevantes papeis institucionais. Aliás, é porisso que a população tende a entender que casas de leis, da forma como agem, são desnecessárias. 
 
Enfim, que a ‘sacudida’ que nossos políticos precisam venham na forma de redução de seus gastos e benefícios diretos, através do exemplo de correição ética na busca permanente pelo interesse público. Que sejam criados novos requisitos para a inscrição de candidaturas para cargos eletivos, investigando-se melhor o passado dos candidatos e retirando-se dos pleitos aqueles que apresentam indícios inegáveis e claros de má conduta. Que o Legislativo seja mais fiscalizador pois vemos contratos, concessões e convênios públicos não controlados em suas execuções, favorecendo desmandos e produzindo corrupção de todas as espécies. Com certeza a classe política precisa levar um ‘susto’ para relembrar que representa a sociedade brasileira e que, por isso, deve estar sintonizada com ela. Tem que servi-la, e não somente se servir de benesses que o exercício do poder proporciona.
 
 
Toninho Menezes
advogado, professor universitário - toninhomenezes@netsite.com.br
 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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