Reflexões de Ano Novo

Disse o poeta: “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, às quais se deu o nome de ano, foi indivíduo genial. Industrializou a esperança

29/12/2015 | Tempo de leitura: 3 min

Disse o poeta: “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, às quais se deu o nome de ano, foi indivíduo genial. Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Ai entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que dai para adiante vai ser diferente” (Carlos Drummond de Andrade, em A Renovação!).
 
Na história da humanidade, calendário e data de início de ano variaram no decorrer dos séculos. O primeiro calendário foi criado por Rômulo no ano de 753 da fundação de Roma. O ano tinha 304 dias, dividia-se em 10 meses e iniciava-se em 1º de março. Numa Pompílio, sucessor de Rômulo, estabeleceu o ano de 155 dias, divididos em doze meses, iniciando-se a 1º de janeiro. Júlio César reformulou, determinando que o ano fosse de 365 dias. Para ajustar o chamado ano comum ao ano solar, determinou que se acrescentasse um dia novo a cada quatro anos (ano bissexto). Deu origem, assim, ao calendário “Juliano” em 1º de janeiro. Sob Carlos Magno novamente se mudou o início para 1º de março. 
 
No século XII, a igreja fixou o primeiro dia do ano no sábado de Aleluia. Carlos IX restabeleceu o 1º de janeiro. Em 1582, o Papa Gregório XIII, para corrigir diferenças do calendário “Juliano”, retirou 10 dias do ano para determinar corretamente a data da Páscoa. O governo republicano francês de 1792 decretou que o início do ano seria no dia do Equinócio de Outono; no hemisfério norte, 22 de setembro. Finalmente, eme 1806, restabeleceu-se o ano gregoriano, começando a 1º de janeiro.
 
Nossa tradição aponta comidas que dão sorte na passagem de ano: lentilhas — uma colher assegura fartura o ano todo; romãs — atraem dinheiro e devem ser saboreadas em sete partes, guardando-se as sementes na carteira; bagos de uva — portugueses trouxeram-nos a crença de que comer 3, 5 ou o número equivalente a seu número de sorte em bagos de uva, garantiria prosperidade, maior ainda se as sementes fossem guardadas na carteira por todo o ano; nozes, avelãs, castanhas e tâmaras — hábitos dos imigrantes árabes, para garantirem fartura.
 
Ano Novo, no Brasil carrega consigo, superstições. Usar roupa branca se produziu a partir da popularização das religiões africanas, que veem no branco o símbolo de paz, da pureza e da bondade; usar peça amarela representa o poder do ouro e atrai dinheiro; nota de dinheiro no sapato atrai riqueza, já que os orientais acreditam que toda a energia vem dos pés; lençóis novos significam deixar para trás ameaças do ano que termina; fogos de artifício, além de iluminarem o novo ano, têm o poder de afastar maus espíritos.
 
Ao final de mais um ano, é importante que façamos reflexões,  questionar-se aonde queremos chegar, que direção queremos seguir. Se continuamos a fazer as mesmas coisas, seguirmos os mesmos caminhos, naturalmente continuaremos a obter os mesmos resultados e não registraremos mudanças evolutivas.
 
Em teoria, todos nós, seres humanos sabemos como deveria ser o mundo ideal — todos os homens seriam irmãos, respeitariam diferenças e conviveriam em paz; e divergências seriam minimizadas pela prática da confraternização. No entanto, no dia a dia muitos preferem usufruir de riquezas e poder a olhar os seus semelhantes.
 
Em síntese, nova etapa chega, renovando sonhos, crenças e fé no futuro. Todos nós possuímos trabalho a fazer, responsabilidades a realizar, influências a exercer. Assumir a responsabilidade da própria vida e dos resultados obtidos em razão dessas decisões não é fácil, porém, definir o direcionamento de nossas vidas é o mais corajoso dos atos. A todos os leitores deste Comércio da Franca que nos prestigiam com suas leituras, desejamos um Feliz Ano Novo. Desejamos que todos mantenham, sobretudo, a alegria de viver. 
 
 
Toninho Menezes
advogado, professor universitário - toninhomenezes@netsite.com.br
 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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