Desfaçatez, escárnio e muita cara de pau


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Quem vem acompanhando, há mais de um ano, os trabalhos de investigação da Polícia Federal em casos de corrupção, percebe que a classe política brasileira acha que os brasileiros são ingênuos. São atos seguidos de desfaçatez, escárnio e, principalmente, cara de pau quando os suspeitos de desviarem dinheiro dos cofres públicos e recebimento de propina tentam explicar a origem de fortunas que surgem do dia para a noite. Desde os anões do Orçamento, no final dos anos 1980, usam-se desculpas esfarrapadas para tentar explicar o inexplicável. Naquela época, o então deputado federal João Alves garantiu que ganhou fortunas ao acertar centenas de vezes na Loteria Esportiva. De lá para cá, pouca coisa mudou. Hoje, usam o mote de consultorias ou então palestras para justificar o recebimento de milhões de reais de empresas investigadas pelas diversas operações em andamento (principalmente Lava Jato e Zelotes).
 
A informação de que os textos que Luís Cláudio Lula da Silva (filho do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva) entregou à polícia para justificar o recebimento de R$ 2,4 milhões de uma empresa de consultoria não passam de “meras reproduções de conteúdo disponível” na internet, “em especial, no site do Wikipédia”, conforme relatório da Polícia Federal, é uma prova contundente de tudo isso. A ascensão social dos filhos do ex-presidente não encontra paralelo em qualquer lugar no mundo. A não ser que tenha sido obra de fraudes e corrupção. O que se tem visto, nos últimos dias, é uma enxurrada de protestos indignados não apenas do pai do investigado, que também pode ser arrastado para o cerne da apuração, como também de líderes do Partido dos Trabalhadores, que já tem vários de seus ex-dirigentes e até um senador da República recolhidos ao xadrez.
 
O trabalho que vem sendo realizado no âmbito da Lava Jato e Zelotes está detalhando de forma clara como as coisas funcionam no Brasil, pelo menos nos últimos doze anos. Depois de instalar um esquema criminoso na Petrobras, agora suspeita-se até da ‘venda’ de medidas provisórias. Não podemos mais tolerar este tipo de situação, onde o tráfico de influência serve para encher o bolso de alguns poucos à custa dos cofres públicos, a despeito de toda uma população que trabalha, produz, paga impostos e sente na pele todo o desacerto dos governos em seus três níveis (federal, estaduais e municipais). Enquanto a Justiça não concluiu as investigações e os processos, precisamos dar uma resposta a quem vem saqueando o Brasil na última década, nas urnas. Que já comecemos no ano que vem, limando da vida pública quem usa o mandato em benefício próprio, em detrimento de todos nós.
 
 
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