Em meio a teto desabado, materiais carbonizados, chão transformado em massa terrosa e cheiro de carvão queimado, a família Donadelli cogitava, na manhã de ontem, possíveis “ses” capazes de terem evitado o incêndio que destruiu a pequena fábrica de calçados D’Kardelli, além da casa e comércio da família, no Jardim Tropical. O incidente ocorreu pouco após o início do horário de verão, à 1h30 do último domingo, enquanto amigos e familiares comemoravam um aniversário na garagem anexa ao prédio consumido pelo fogo. Embora não haja nenhum laudo conclusivo por parte das autoridades, a família acredita em uma ação intencional.
“O perito que esteve aqui não deu nenhum laudo, mas disse que a parte elétrica da fábrica estava ‘ok’. Também não afirmou que era (um incêndio) criminoso, mas eu acredito que seja”, disse um dos proprietários do local, Thiago Gomes Donadelli. “Tinha uma molecada que se juntou aqui na porta e jogou uma bombinha dentro da fábrica”, completou. Ainda segundo a família, o grupo seria formado por penetras que não teriam entrado na festa.
Como foi dito por um dos proprietários, ainda não há um laudo oficial capaz de determinar como os fatos aconteceram mas acredita-se que o conteúdo inflamável da fábrica tenha alimentado o fogo, dando maior dimensão à destruição. No piso superior, onde ficava a casa da família, não é possível caminhar pela cozinha, pois o chão está prestes a cair. As paredes ficaram pretas e o balcão descolado da parede.
“É um trabalho de uma vida inteira que a gente perdeu. É uma angústia inexplicável, uma tristeza sem tamanho”, disse a mãe da família Aparecida Rosana Gomes Donadelli. “Mas, graças a Deus, ninguém se machucou. A gente estava na festa e, de repente, escutamos os vidros quebrando, explosões, madeira estalando... Saímos correndo, gritando e eu chamei os bombeiros.”
Apesar do abalo emocional, a família se concentra agora em resolver questões práticas. “Reconstruir tudo é muito difícil, porque não temos um dinheiro guardado para isso. Ficou tudo destruído. Tive que sair de casa e estamos morando com minha filha mais velha até termos condição de arrumar (o estrago). Vamos precisar da ajuda dos amigos”, disse Aparecida.
A fábrica destruída produzia, em média, 80 pares de calçados por dia, com foco em botas texanas e trabalhavam, ali, quatro membros da família. Já a loja era de administrada por Aparecida, que se dedicava à venda de bolsas e roupas fitness. O prédio não estava segurado.
Na noite dos fatos
De acordo com o Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, os bombeiros precisaram arrombar a porta da frente do galpão para conseguirem acessar o interior, que já estava todo destruído.
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