Vanessa Maranha é o nome da vez. A psicóloga e escritora esteve na mídia nacional essa semana após ser indicada como uma das finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura 2015, com sua obra contagem regressiva (Selo Off Flip), ao lado de grandes nomes como Chico Buarque e Míriam Leitão. Com os livros As Coisas da Vida (1995, Editora Ateniense); Cadernos Vermelhos (2003, RGE); Oitocentos e sete dias (2012, Editora Multifoco); contagem regressiva (2014, Selo Off Flip); e Quando não somos mais (2014, Editora da Universidade Federal do Espírito Santo) publicados, além de participações em coletâneas do SESC-DF, Editora Record e Editora da Universidade Federal de Minas Gerais, Vanessa nos revela no Jogo Rápido de hoje como é seu processo criativo e as novidades de sua carreira para 2016. Confira:
Qual foi sua reação quando soube que é finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2015, ao lado de grandes nomes nacionais?
Foi um susto grande, soube por meio de postagens de amigos na minha página de Facebook, só então fui ler os jornais na internet.
Nos conte um pouco sobre sua obra finalista, contagem regressiva.
É um romance não-linear escrito em três atos, a ontogenia de um homem, iniciando-se de trás para frente. No primeiro ato da leitura tem-se a velhice amargurada de João, o protagonista; no entremeio, a juventude fugaz e no final, que é na verdade início, a larga e colorida infância, povoada de elementos que reincidirão na velhice. É o meu livro mais lapidado.
Como funciona seu processo criativo?
Como você faz para conciliar a escrita com seu trabalho como psicóloga e os cuidados com a família? Embora eu tente alguma disciplina, acontece de forma espasmódica, não estruturada. O texto vai se fazendo ao escrevê-lo e não como algo esquemático. É claro que tenho um mote, temas, alguma direção a percorrer, mas o corpo do texto se tece nesse transitar por entre mundos e personagens criados. A conciliação de tempo para produzir vem de uma família que me respeita quando eu me retiro e também por lapsos de tempo literalmente roubados, no meio da noite, entre uma atividade e outra. Quisera eu ter as manhãs livres para produzir... Acho que me acostumei tanto à escrita em meio ao caos, como lugar cavado de remanso, que teria de aprender a lidar com o tempo programado para a escrita. Mas eu aprenderia, sim! (risos)
Quais são seus projetos literários para 2016?
Encontrar editora para publicar os inéditos: o livro de contos Pássara, já finalizado; o infanto-juvenil A Ordem do Dragão e terminar de escrever o meu segundo romance, que já vai pela metade. Se contagem regressiva é um livro escrito sob ótica masculina, esse é densamente feminino, o mar aparecendo quase como uma personagem que metaforiza esse ser mulher no mundo.
Como você analisa o mercado literário em Franca?
O mercado literário francano, como mercado, e é natural que sejamos assim, podemos, inclusive, nos valer de ilações sociológicas e históricas para embasar essa idéia, é restrito, embora haja uma expressiva produção literária na cidade e ações isoladas de apoio aos literatos, como o suplemento Nossas Letras, do Comércio, onde eventualmente compareço há mais de 20 anos.
Quem são seus ídolos?
São cambiantes. Ando apaixonada agora pelos contemporâneos portugueses, sua sintaxe quase barroca e paradoxalmente enxuta, o seu olhar profundo, Nuno Camarneiro, José Luís Peixoto, Sophia Breyner Andresen; o africano José Eduardo Agualusa considero fantástico, tanto que a epígrafe do meu próximo romance é dele. Sou meio nietzscheana, não muito afeita à ideia de ídolos ou gurus, mas as minhas grandes referências são Kafka, Dostoiévski, Virginia Woolf, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, André Breton e tantos mais.
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