Fumaça misteriosa que brota da terra intriga moradores do Horto


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O artesão Inaldo Moscardini revolve o solo da mata próximo à fumaça: origem ainda é mistério para moradores e autoridades
O artesão Inaldo Moscardini revolve o solo da mata próximo à fumaça: origem ainda é mistério para moradores e autoridades
Um fenômeno que há cerca de dois meses ocorre na mata localizada ao fim da rua Iolanda de Santis Raymundini tem intrigado moradores do Parque do Horto. Sem nenhum fogo à vista ou motivo aparente, uma fumaça branca brota da terra provocando um cheiro forte, capaz de causar dores de cabeça em questão de instantes. Ela aparece de forma aleatória - em pontos distantes entre si -, se intensifica e, assim como surge, misteriosamente desaparece.
 
“Tem dias que a fumaça fica tão forte e alta que chega a entrar em casa. A gente tem que sair trancando tudo. Temos uma vizinha alérgica que sofre com isso”, relatou a dona de casa Vera Lucia Alves. 
 
A reportagem esteve no local, na tarde de ontem, e presenciou um ambiente quente e abafado. A princípio, nenhuma fumaça foi avistada mas, em poucos minutos, focos foram surgindo em locais aleatórios. Enquanto uns ganhavam força, outros desapareciam. Outra característica observada na ocasião foi a instabilidade do solo, que tornou a caminhada perigosa em alguns pontos. 
 
Vera Lúcia, que acompanhou a equipe durante a visita, afirmou ter tido a perna “engolida” pela terra no dia anterior, quando foi verificar a fumaça antes de acionar o Comércio. “Me assustei muito e comecei a gritar pelo meu marido.” O buraco deixado pelo incidente tinha cerca de 70 cm.
 
Outro vestígio do “fogo invisível” observado foi a queda de árvores e algumas, recém-caídas, deixaram o cenário ainda mais intrigante. Enquanto seus troncos e folhagem ainda preservam cor verde e seiva, a raiz exposta se apresenta carbonizada, ressequida. 
 
“A gente não entende mas, pelo cheiro forte, dá para imaginar que é um gás que sai da terra. Por baixo, o solo parece ser uma argila queimada e a terra é muito fofa e quente”, afirmou o artesão Inaldo Moscardini, após revolver o solo próximo à fumaça.
 
Causas prováveis
Os fenômenos da mata são compatíveis com os que comumente ocorrem em solos já utilizados como aterro sanitário. No entanto, segundo a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), não há nenhum registro de que a mata tenha sido uma área do tipo. Diante disso, a Companhia - que já realiza estudos na local - trabalha com duas hipóteses para explicar o incidente, mas ainda não possui uma definição, conforme afirma o gerente da agência de Franca, Evandro Gaiad Fischer.
 
“Estivemos lá na sexta-feira passada e, segundo relatos dados ao nosso técnico por moradores mais antigos, tornou-se da cultura local descartar seus resíduos em um valo seco do terreno, onde corre a água da chuva. Com o tempo, essa depressão foi aterrada juntamente com os resíduos.” A prática poderia ter criado condições semelhantes a de um aterro, capaz de produzir gases inflamáveis com a decomposição de materiais orgânicos.
 
Outra possibilidade é a de que os próprios resíduos naturais, como galhadas e folhas, tenham sido soterrados naturalmente. “Uma queimada que tenha ocorrido na área no período da seca poderia ter atingido essa madeira soterrada num subterrâneo oco e esse material combustível, predominantemente madeira, estaria queimando, provocando a fumaça. Mas isso são só hipóteses. Vamos buscar a origem dessa fumaça.”
 
A Cetesb não soube dizer se a fumaça pode ser tóxica.
 
Já a Prefeitura foi contatada para falar sobre o caso e afirmou que uma equipe da Secretaria do Meio Ambiente irá até o local para observar suas condições. Nenhum prazo foi estipulado.

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