Químico de formação, o empresário francano Fernando Xavier trabalhava com vendas e assistência técnica em uma multinacional ligada ao setor de couros. Em 2010, buscando um desafio diferente, resolveu reativar com sangue novo a tradição de 50 anos da família, iniciada com seu avô Joseph Paschoal, em produzir calçados de maneira artesanal. Por três anos, conciliou as duas atividades. Em 2013, com a prosperação dos negócios, deixou o emprego na firma e passou a se dedicar exclusivamente à fabricação de sapatos clássicos. Com a experiência em acabamento de couros, aprendida com profissionais italianos, lançou a linha Joseph Paschoal. Construído com técnicas centenárias, seu sapato é todo feito e pintado a mão e composto por dezenas de etapas de trabalho para encontrar o equilíbrio certo entre design contemporâneo e clássico. A “obra de arte”, como ele costuma nomear seus produtos, demora sete dias para ficar pronta, vem personalizada com o nome do comprador e custa para o lojista entre R$ 1,8 mil e R$ 5 mil, dependendo do tipo de couro e do acabamento. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) ganhou um par com seu nome e a bandeira do Estado, ontem, e calçou na hora. O dono da marca, uma das três da fábrica Amsterdam, sediada na Vila Industrial, está expondo pela primeira vez no estande coletivo de Franca na Francal. Acompanhe sua entrevista.
Quais são as linhas produzidas pela Amsterdam?
Nós temos três linhas de produtos: uma linha industrial que vendemos no atacado, que é o sapato feito em couro e sempre respeitando a essência de sapataria, que é a marca Amsterdam. Intermediário, nós temos a Raphaelo Lespinasse, que é um sapato semi-artesanal. Até o momento de colocar a sola, ele é todo feito a mão. São todos pintados manualmente. Também temos o Joseph Paschoal que é um sapato que representa toda a arte da sapataria. Ele é confeccionado com técnicas centenárias, do século XIX, 100% de couro e, totalmente, feito a mão. Não tem nada de máquina.
Como é a produção deste sapato?
A produção é feita sempre sob encomenda, sob medida, tem a opção de numeração de meio em meio ponto, todo ele é cortado a mão. O par leva sete dias para ficar pronto. Para produzi-lo, tem que ser um sapateiro das antigas. O pessoal que trabalha com a gente fazendo este sapato tem de 60 anos para mais. O calçado é vendido em um kit de madeira, vem com bolsa de couro e acessórios, como escova, calçadeira e aromatizador de ambiente.
Quem são os clientes, quem compra o Joseph Paschoal?
Empresários são os principais clientes. Alguns políticos e artistas também compram. Nossa maior clientela está em São Paulo e Brasília. Temos alguns negócios de exportação, mas o mercado nacional é o que mais nos traz pedidos hoje.
Como você define o seu calçado?
Costumo dizer que, se você pegar o nosso sapato e colocar no ouvido, você escuta um coração, porque tem tanto amor, tem tanto tempo de confecção que, cada par que sai da fábrica, leva um pouquinho de cada um de nós. Tem um pouco do meu irmão, um pouco do meu tio, do meu pai e um pouco de mim. É um sapato com alma. Temos muito orgulho deste produto.
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