100 Anos, com orgulho!


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O calendário marcava 30 de junho de 1915. O apoio tecnológico que causaria impacto profundo na maneira de registrar os fatos nos próximos 30 anos talvez fosse, quando muito, sonho. O tempo era ainda o do chumbo. Surgia O Commercio da Franca, “orgam dedicado aos interesses do commercio, lavoura e artes”, como registrava em seu cabeçalho no número inicial. Após 100 anos, e depois de muitos avanços técnicos, o ideal e os propósitos continuam os mesmos: o Comércio da Franca segue dedicado aos assuntos da cidade e da região, numa defesa vigorosa dos interesses de seus leitores francanos e da população do Nordeste do Estado de São Paulo.
 
Aquele jornal que começou numa pequena redação e gráfica localizadas junto à Casa Mello, usava tipos móveis de chumbo, como qualquer outra publicação da época. Passou para a composição em linotipos nas décadas seguintes. Cresceu e chegou aos anos 1970 com a chamada composição a frio, em off set, uma enorme evolução para a época. Hoje possui um dos mais completos parques gráficos do interior do País.
 
O Comércio nasceu como semanário, evoluiu para bissemanal e depois se tornou diário. Avançou, cresceu e acompanhou o desenvolvimento da cidade, do País e do mundo. Enraizou-se junto aos seus leitores como principal porta-voz de uma região combativa, economicamente ativa e em transformação. Tem representado durante sua existência todos os que por aqui vivem, incentivando a cultura, destacando reivindicações, cobrando soluções para os problemas cotidianos. Tornou-se um dos mais respeitados veículos de comunicação do Estado, motivo de orgulho para os que protagonizaram a história de Franca ao longo destes 100 anos e também para os que, no período, sempre acompanharam as notícias do município e de todo o mundo através de suas páginas.
 
O Comércio não se permitiu ser engolido pelos novos tempos, inerte. Acompanhou, sem perder sua identidade, os movimentos tecnológicos, mantendo na atualidade, além da versão impressa, um portal de internet (www.gcn.net.br), com notícias atualizadas ao longo do dia. Seguiu de perto o desenvolvimento da tecnologia e, mais do que isso, tornou-se parceiro da modernidade, numa evolução constante que não se traduziu apenas na forma de informar, mas também na linguagem utilizada.
 
O Comércio registrou em suas páginas, no decorrer dos anos, a história do mundo. Foram momentos tristes, como as duas Guerras Mundiais que deixaram milhões de vítimas (o primeiro conflito começou em 1914 e terminou em 1918. O segundo, de 1939 a 1945); acompanhou o pontificado de sete papas; engajou-se na Revolução Constitucionalista de 1932; passou por ditaduras e censura à imprensa nos governos Vargas e dos militares. Lutou o bom combate diante dos ataques que sofreu - e ainda sofre -, sem nunca desistir ou sonegar a informação aos seus leitores. Uma de suas palavras-chaves é resistência. Outra, a coragem.
 
O Comércio viu surgir o rádio, o cinema e a televisão e registrou a chegada do homem na Lua. Acompanhou a divisão da Alemanha no pós-guerra e, décadas depois, a queda do Muro de Berlim, que rachava o País em dois lados, o Oriental e o Ocidental. Viu a Guerra Fria (que repartia o mundo entre comunistas e capitalistas) recrudescer e definhar e o fim da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Acompanhou mudanças importantes, como a criação da ONU (Organização das Nações Unidas) e do estabelecimento do Estado Israelense, hoje nação. Noticiou as mudanças que se processaram no mundo e no País durante este longo período, pleno de acontecimentos.
 
Nos momentos mais dramáticos da história do Brasil, reportou o suicídio de Getúlio Vargas, o nascimento de Brasília, o golpe militar de 1964, que mergulhou a nação em 20 anos de trevas, a hiperinflação e os sofridos planos econômicos, até o controle da moeda. Publicou as movimentações que restauraram a democracia, desde os grandes comícios das Diretas Já à eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, colocando fim ao governo de exceção que dominava o País. Retratou a comoção nacional com a morte de Tancredo, que nem chegou a tomar posse; e trouxe para as páginas o governo Sarney. Louvou em palavras e imagens o retorno das eleições diretas em todos os níveis. Narrou a ascensão e queda de Fernando Collor de Mello, que não chegou a concluir o mandato devido ao impeachment que conduziu Itamar Franco à presidência do País. Aplaudiu a estabilidade econômica conquistada com o Plano Real, que recolocou o País nos trilhos.
 
Neste mesmo período, viu o País eleger e reeleger o mentor do plano de estabilidade, Fernando Henrique Cardoso, que se notabilizou pela privatização de uma série de empresas e reduziu o peso da máquina estatal. Acompanhou a chegada ao poder do ex-líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, duas vezes presidente, e a eleição de Dilma Rousseff, sua sucessora. No esporte, noticiou todos os campeonatos da Seleção Brasileira de Futebol, os trunfos do vôlei, do basquete e do automobilismo nacional, com os títulos de Fittipaldi, Piquet e Ayrton Senna. 
 
Em Franca, o Comércio deu voz a autoridades e ao cidadão comum, além de acompanhar o nascimento e crescimento da indústria calçadista, passando por períodos difíceis. Um deles, a retração na década de 1980, que causou o fechamento de uma série de empresas tradicionais. Seguiu de perto a atuação de prefeitos e o crescimento da população de Franca e cidades adjacentes. Exerceu papel relevante no desenvolvimento de vasta região apoiando causas e reivindicações que foram atendidas, incontáveis vezes, por quem detinha poder. Por tudo isso, e muito mais, o Comércio pode se orgulhar de sua trajetória que completa 100 anos. Não só registrou, mas também participou de forma ativa da história que todos os dias contou. 
 
Nessa edição especial de centenário que o leitor tem em mãos, procuramos fazer um resgate histórico da vida do jornal. Voltamos a 1915 para descobrir exatamente como e porque o jornal nasceu; de que maneira ele era produzido, quem eram as pessoas que deram início a esse veículo que se tornou tão forte. Descobrimos muito sobre nós mesmos e sobre a própria cidade, maior protagonista do noticiário do Comércio.
 
Os cumprimentos que a data enseja devem ser estendidos a todos que contribuíram para que esta marca fosse alcançada. Aos que mantiveram a chama acesa por José de Mello no dia 30 de junho de 1915; aos leitores, que acreditaram no veículo de comunicação; aos anunciantes, que apostaram na sua capacidade de comunicação; e, acima de tudo, àqueles que também confiaram na liberdade como forma de expressão de ideias, pensamentos, emoções e registro legítimo da história.
 
O lema do Comércio permanece sob o signo da inquietação e da curiosidade. Enquanto houver perguntas sem respostas, seu jornalismo continuará interrogando, questionando, incomodando. É assim que o jornal tem funcionado nos últimos 100 anos. É assim que se manterá vivo, relevante, fundamental para a população de Franca e região.
 
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