Os irmãos Edson Wagner da Silva e Wilguer Adriano da Silva assumiram em juízo a tentativa de falsificar agrotóxicos. As confissões foram feitas ontem, no Fórum de Franca, em mais uma audiência da Operação Lavoura Limpa, que investiga 31 pessoas envolvidas na falsificação de distribuição de defensivos agrícolas falsificados. Durante a oitiva, que contou com a participação de 16 réus, dois deles se recusaram a responder qualquer pergunta. Antes mesmo de a audiência começar, Fransérgio Ribeiro de Oliveira, foragido há mais de sete meses, se entregou. Depois de depor, o acusado foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória (CDP), de Franca.
“Eu trabalhava de chapa, quando conheci um rapaz e passei a ser o braço direito dele. Se alguém tem que ser considerado chefe de qualquer coisa é ele. Eu até tentei encontrá-lo depois que fomos preso, mas ele sumiu”, disse Edson. “Isso começou cerca de um ano antes da minha prisão, em dezembro. Mas quando eu realmente começaria a fazer os produtos falsificados, fomos presos. Não houve tempo”, completou.
Ainda segundo Edson, o réu Eliezer Reis da Silva, vulgo Russo, apontado como o chefe da organização criminosa, não tem nenhum envolvimento com o caso. “O Eliezer não tem nenhum envolvimento com isso. Entre todos que estão sendo acusados, eu sou o único que tem culpa. Mas culpa dentro dessas condições que falei. Eu assumo que tentei falsificar os agrotóxicos, mas antes disso a ‘casa caiu’ e eu não consegui ganhar dinheiro com isso”, disse.
Logo após a confissão, Wilguer também assumiu que seguia o caminho do irmão, mas negou que tenha concluído a falsificação. De acordo com ele, “por falta de tempo”.
Apesar das declarações dos réus, o promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Paulo Augusto Randuz Júnior, afirmou existir vários indícios, inclusive nos autos do processo, que indicam que a confissão foi armada. “Existem nos autos provas de que foi realizada uma reunião entre vários dos acusados, na qual ficou acordada que Wilguer assumiria a culpa pela falsificação. Para isso, ele ganharia R$ 75 mil”, disse.
Apesar da maioria dos réus afirmar desconhecer a existência da organização criminosa ou qualquer envolvimento no esquema de falsificação, os representantes do Ministério Público afirmaram existir provas contundentes do envolvimento de todos os réus no esquema da quadrilha.
Durante a audiência, a defesa solicitou uma acareação entre “Russo” e Adilson Molina Berdu, que fez um acordo de delação premiada com o MP. Apesar das argumentações dos advogados, o juiz Wagner Carvalho Lima indeferiu o pedido.
Dos investigados pelo envolvimento na operação, 23 respondem o processo em liberdade, oito continuam presos, incluindo o réu que se entregou ontem, e um ainda está foragido.
Nesta segunda-feira, 6, acontecerá a oitiva do réu Marcelo Henrique de Miranda. Na primeira audiência, uma testemunha de defesa do acusado não compareceu e, por isso, o processo foi desmembrado. Miranda será ouvido a partir das 15h20, no Fórum de Franca.
O caso
Depois de meses de investigação, policiais civis e o Gaeco deflagraram a operação e prenderam pessoas acusadas de integrarem uma quadrilha especializada em falsificar agrotóxicos. Ao longo das investigações, que contou com a interceptação de ligações e mensagens de texto, foram feitas diversas apreensões de defensivos agrícolas falsificados, avaliados em pelo menos R$ 6 milhões.
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