Também integrante da nova diretoria que assumiu o Comércio em 1955, Jorge Cheade foi sócio e diretor do jornal até 1970. Conhecido por “Professor Jorge”, nasceu em Franca em 15 de setembro de 1923, filho do casal Affif Cheade e Bárbara Herger. Casou-se com a professora Anete Alves Lima Cheade em 1946 e teve cinco filhos: João Carlos, Tereza, Jorge, Paulo César e José Affif.
Formado em Ciências Contábeis, exerceu sua profissão com maestria, sendo sempre muito procurado. Foi diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, integrando o primeiro corpo docente da instituição em1951 e lecionando nos anos seguintes, além de também dar aulas na Faculdade de Direito de Franca, na Escola Industrial e em faculdades em Ribeirão Preto.
Homem empreendedor e dinâmico, seu nome está ligado a diversas entidades francanas, fortemente atrelado à indústria calçadista, que ajudou a desenvolver. Fundou o Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca, em 1959; foi diretor executivo da Acif (Asociação do Comércio e Indústria) nos anos 50; participou do Sindicato da Indústria do Curtimento de Couros e Peles, do Ciesp ( Delegacia Regional do Centro das Indústrias); da Feira do Calçado e Couro de Franca, da Associação dos Empregados no Comércio, do Conselho Regional de Contabilidade, da Associação Atlética Francana e lutou pela constituição do Hospital Regional de Franca, cuja diretoria também ocupou. Também foi vereador por duas vezes, pelo extinto partido UDN.
O jornalismo e a informação figuravam entre suas paixões. Cheade foi proprietário do Diário da Tarde, que adquiriu de José Chiachiri, e foi colaborador de jornas como O Francano, mas foi com seus sócios Alfredo Costa e Márcio Bagueira Leal que ele entrou para a história - fez parte da diretoria que passou a publicar o Comércio diariamente, o que representou um marco na história da imprensa francana. Seu filho , o empresário João Carlos Cheade, rememorou a época em que seu pai era um dos proprietários do periódico: “Eu era pequeno e não me lembro de detalhes, mas nas minhas férias escolares ia ao Comércio com o meu pai todos os dias e até ajudava a entregar o jornal. Gostava muito de observar os funcionários manipulando os tipos (letras em chumbo), que eram colocados em grandes caixas.”
A saída de Cheade da sociedade foi tranquila eo amor e admiração pelo Comércio perduraram. “Ele continuou muito ligado ao jornal, com um relacionamento próximo com seus ex-sócios, com quem continuava a conversar frenquentemente,” disse João. A amizade continuou sólida também com Ricardo Pucci, de quem haviam comprado o jornal.
Depois de deixar o Comércio, Jorge trabalhou como assessor do Grupo Samello e diretor da Calçados Peixe. Ele também assessorou o Café Utam, localizado em Ribeirão Preto, que, na época representava a união das torrefações de toda a Alta Mogiana e foi idealizada por ele. Também continuava suas atividades como diretor da Acif, e, apesar de muito atarefado, não deixava de colaborar com as diversas organizações.
Jorge Cheade morreu no dia 7 de fevereiro de 1975, com apenas 51 anos de idade, vítima de um enfarto. Estava internado no Hospital Regional desde 28 de janeiro daquele ano, data em que sofreu uma primeira parada cardíaca, e, apesar de ter apresentado uma melhora, acabou não resistindo. Ele teve um primeiro enfarto anos antes, em 1962, mas considerava-se curado e não diminuiu seu intenso ritmo de trabalho. Foi velado em sua casa na Rua Augusto Marques e enterrado no Cemitério da Saudade.
Sua morte foi destacada nas páginas do jornal que ele dirigiu por anos. A notícia o homenageou, reconhecendo o ex-diretor “como um homem que sempre trabalhou pelo bem comum e prestou inúmeros serviços a Franca”. O Diário da Franca, também consternado, lembrou Cheade como uma pessoa “inteligente, muito hábil e incrivelmente versátil, cujo falecimento afetava profundamente a toda a população de Franca.”
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