Carinho especial pelo jornal


| Tempo de leitura: 3 min
Um dos três sócios que assumiram o Comércio em 1955, Márcio Bagueira Leal foi diretor do jornal de 1955 a 1970, atuando na área administrativa. Ele e seus companheiros de diretoria, Alfredo Costa e Jorge Cheade, tinham em comum o fato de pertencerem ao Rotary Clube e serem maçons.
 
A direção do jornal não era a única atividade de Leal. Ele atuou na Rádio Hertz, foi agente do IBGE, oficial de gabinete da Prefeitura e associado da empresa de transportes Expresso Sírio-Brasileiro - mas tinha pelo jornal um carinho especial e participava ativamente de seu dia a dia. 
 
Márcio nasceu em Ibiraci (MG) em 8 de fevereiro de 1923. Filho de Maria Amélia Nogueira e Miguel Bagueira Leal, mudou-se para Franca com a família aos 13 anos. Sempre amou a cidade e nunca quis se mudar. Formado em contabilidade pelo Colégio Ateneu Francano, casou-se com a professora Maria Aparecida Casaroti Leal e teve uma filha, Maria Helena Bagueira Leal Coelho. Ela lembrou-se de quando o pai dirigiu o jornal, em entrevista em 2007. “Eu era criança, mas lembro de brincar com os tipos na gráfica. Os tipógrafos montavam meu nome com as letrinhas. Havia um forte cheiro de tinta, Criança geralmente adora o local de trabalho do pai, então eu ia à sala de reuniões e me sentia importante.”
 
A passagem de Márcio pela direção do Comércio é marcada por transformações no jornal. “Novos equipamentos e visual gráfico renovado, mais informativo, e linha editorial atuante e polêmica, que elevaram a tiragem do Comércio,” enumera Antônio Humberto Coelho, genro de Márcio, em entrevista também de 2007. As melhorias atraíram mais leitores e ajudaram a alavancar as assinaturas em campanhas de sucesso, atingindo 295 assinantes um número satisfatório para a época.
 
Seus muitos outros afazeres o afastaram do periódico, mas Antônio Humberto disse que o amor pelo jornal perdurou. “Seus laços com o Comércio se mantiveram vivos através dos anos. Sempre que a oportunidade surgia, relembrava saudoso e com orgulho dos tempos vividos naquela casa”
 
Depois que deixou o jornal, Márcio direcionou seu empreendedorismo para a indústria calçadista. Trabalhou na indústria Servetodos e depois tornou-se sócio da Calçados Paragon, transformando-a numa das maiores fábricas da cidade. Ao mesmo tempo, criava cavalos de raça e atuava no ramo agropecuário. Podendo ser definido como um verdadeiro workaholic, foi diretor da Acif, do Sindicato das Indústrias de Calçado de Franca, da Delegacia do Centro de Indústrias do Estado de São Paulo, da Francal, da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do conselho regional do Sesi. Com seus esforços, a região de Franca recebeu o Centro de Atividades “Osvaldo Pastore”, do Sesi, e a escola Senai, que leva seu nome.
 
Apesar de todas as atividades em prol da sociedade, a “menina de seus olhos” era a Guarda Mirim de Franca. Naquela entidade, ocupou a presidência por 34 anos, até se afastar em 2003, sob o baque de que irregularidades na instituição poderiam culminar em seu fechamento. 
 
Quem o conhecia, o definia como um “íntegro, profissional, ético e idealista”. Ele foi homenageado pela Câmara com o título de Cidadão Francano, em 1982, por seus relevantes serviços prestados à comunidade.
 
Márcio Bagueira Leal morreu em 3 de março de 2005, no Hospital Unimed, após travar uma batalha longa contra um câncer de pulmão. Ele tinha 82 anos. O Comércio prestou-lhe homenagem na edição do dia 4 de março, ressaltando sua luta pelo desenvolvimento da indústria e o amor pela Guarda Mirim, além do luto da cidade por sua morte. 

Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários