A última década reservou ao Comércio da Franca experiências novas e inusitadas. Foi o período que o jornal mais se expandiu como empresa, mas também aquele marcado pela morte do jornalista Corrêa Neves, em agosto de 2005, aos 77 anos.
Após um período de internação, ele, que, diretamente, foi o responsável pela modernização do Comércio, empregando uma visão de jornalismo afinada com os interesses do leitor e anunciantes, morreu depois de passar 32 anos na redação do jornal.
O comando do grupo passa para o jornalista Corrêa Neves Júnior. Durante sua gestão, e mesmo antes da morte de seu pai, decisões importantes passam a ser tomadas, como a criação de um conselho de leitores, que, em julho de 2005, teve sua primeira formação conhecida com 12 conselheiros titulares e seis suplentes, escolhidos para serem os olhos e a voz dos milhares de leitores do Comércio junto à sua administração.
Mas dentre todas as mudanças, a maior e mais desafiadora seria encontrar um novo espaço para abrigar a sede do jornal, com redação, gráfica e área administrativa. A sede, no Centro de Franca, mostrava-se com uma infraestrutura incapaz de abrigar o quadro de funcionários que crescia para poder atender as demandas diárias de seu funcionamento.
O próprio local em que estava inserido, na Rua Ouvidor Freire, já dificultava o acesso de usuários aos serviços oferecidos pelo jornal, como balcão de anúncios e até a movimentação da reportagem.
A saída, disse Corrêa Neves Júnior, era “crescer ou morrer”. O crescimento, portanto, veio com a aquisição do imóvel no Jardim Ângela Rosa, para onde todo o jornal se transferiu em 2007, inaugurando suas instalações no dia 6 de setembro.
A data também marcou a entrada em funcionamento de uma nova impressora adquirida pelo Comércio, o que deu maior agilidade na produção diária do parque gráfico. A nova instalação tinha capacidade de produção quatro vezes maior que o conjunto impressor anterior.
A mudança para o novo endereço trouxe consigo a possibilidade de se iniciar um novo modelo de jornalismo, até então pouco experimentado. Após a compra da Rádio Difusora de Franca, cuja aquisição era um antigo sonho de Corrêa Neves, profissionais da emissora AM e do jornalismo impresso, no Comércio, passaram a trabalhar juntos para produzir material conjunto para os dois veículos. A ação pioneira serviu de inspiração para outras redações do Brasil e do exterior.
Pouco depois, a quantidade e modalidade de conteúdo informativo foram ampliadas pelo Comércio com o lançamento de revistas para públicos segmentados. Assim, em 2008 nasceram as revistas Casar, Se Liga (para leitores adolescentes e jovens) e Morar, voltada para quem procura dicas de decoração de ambientes e construção.
As edições comemorativas ao aniversário de Franca, em novembro, e da premiação de empresas e serviços Top Franca completam a lista de revistas editadas pelos jornalistas e editores do Comércio.
No decorrer da última década, o apuro profissional da equipe de fotógrafos do Comércio da Franca sempre foi um diferencial em suas edições. No dia 4 de dezembro de 2007, o reconhecimento maior desse trabalho viria com a entrega do Prêmio Esso de Jornalismo ao fotógrafo Tiago Brandão.
A maior premiação da categoria no Brasil reconheceu os esforços de Brandão na captura de imagens em que a coragem de uma mãe evitou que seu filho se afogasse nas obras abandonadas de um prédio em Franca.
Durante essa última década, o Comércio apostou também em reportagens especiais em Franca, região, no Brasil e Exterior. Foram enviados dois profissionais para cobrir a Copa do Mundo da África, em 2010, e também ao Paraguai, onde a repórter Priscilla Sales produziu uma série de reportagens especiais sobre a triangulação dos sapatos chineses que entravam no Brasil (a profissional ganhou o Prêmio CNI pelo trabalho). Houve também uma expansão no setor de assinaturas e crescimento da cobertura regional.
Perto de 20 anos após a chegada da internet aos meios de comunicação brasileiros, o caminho que se tem pela frente é ainda mais desafiador. Não há fórmula ou equação que expliquem com margem de segurança aceitável como as mídias digitais impactarão os meios de notícias mais do que já impactam nos dias de hoje.
Grandes e médios jornais, como o Comércio, em várias partes do mundo veem a passagem das duas primeiras décadas do século 21 com uma diminuição sensível de leitores interessados no formato tradicional da informação.
A internet torna-se em parte uma aliada à medida que esses veículos criam seus próprios portais de notícias, muitos deles com conteúdo liberado, como o Comércio da Franca, e outros, com acessos restritos. O portal de notícias do jornal, com sua primeira versão lançada em fevereiro de 2006, agrupa reportagens e vídeos, abrindo-se para a participação do leitor, com acessos feitos a partir do mundo todo.
A migração da notícia para um smartphone, tablet ou para a tela de uma televisão inteligente não é mais uma dúvida, mas uma questão de tempo. No novo milênio, que apenas se inicia, jornais e revistas estão passando por um teste de fogo cujos resultados, em médio prazo, são, pelo menos até agora, imprevisíveis.
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