A década compreendida pelo período de 1995 a 2004 começou com notícias alvissareiras para a economia brasileira. A inflação, que no ano anterior (94) fechou 12 meses em 1.093,8%, chegou a 14,7% (1995) e a 1,7%, em 1998. Um dos responsáveis diretos pelo controle da inflação, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com a política do Plano Real, toma posse como presidente do Brasil em janeiro de 95. Dois anos mais tarde, uma polêmica emenda constitucional lhe daria o direito à reeleição. FHC é reeleito, novamente derrotando o candidato do pleito anterior, LuiZ Inácio Lula da Silva (PT).
Nas questões sociais, no entanto, a década foi marcada por um trágico confronto entre policiais militares de Rondônia e trabalhadores rurais sem terra que haviam ocupado uma fazenda em Corumbiara. O saldo do enfrentamento, com 11 mortos, sendo dois policiais, correu o mundo e repercutiu negativamente para o Governo Federal.
Menos de um ano depois, em 17 de abril de 1996, um confronto armado novamente coloca o Brasil nas manchetes internacionais. Após um protesto de sem terra contra a lentidão em processos de reforma agrária no País, o bloqueio da Rodovia PA 150 é desfeito pela Polícia Militar do Pará, em Eldorado dos Carajás. Desta vez, foram 19 mortos em uma operação com menos de 20 minutos de duração. Em 1999, os oficiais que comandaram a ação seriam todos absolvidos.
No esporte, a participação brasileira na Copa do Mundo de 1998 terminou de maneira melancólica na França, sede do torneio. Na final, os franceses venceram o Brasil por 3 a 1, que jogou com um time marcado pela apatia e com seu principal jogador, o atacante Ronaldo, vítima de convulsões na noite anterior. Numa péssima partida, quem brilhou foi o jogador Zinedine Zidane, autor de dois gols.
O Brasil de 2000 assistiu a mais uma demonstração de ineficiência da segurança pública. Na tarde de 12 de junho daquele ano, uma ação desastrosa de policiais militares cariocas encerrou o sequestro do ônibus 174. Por mais de 5 horas os passageiros do ônibus ficaram sob a mira do revólver pelas mãos de Sandro do Nascimento, sobrevivente da Chacina da Candelária, em 1993.
Pela TV o Brasil assistiu ao dramático desfecho, quando Sandro e a refém Geisa Gonçalves Firmo desceram do ônibus. Ela era escudo do sequestrador. Um policial fora do grupo que negociava a liberação de Geisa atira no criminoso, que ao mesmo tempo atira na moça. Ela morre no hospital depois de ser atingida por cinco tiros e Sandro é morto asfixiado pelos PMS dentro do carro da polícia. O caso rodou o mundo, virou documentário e posteriormente foi parar nas telas dos cinemas brasileiros.
A redenção da seleção brasileira viria na Copa seguinte, em 2002. Sob o comando do técnico Luiz Felipe Scolari, o Brasil conquistou o pentacampeonato no Japão, vencendo a Alemanha por 2 a 0, campeonato marcado pela ascensão de Ronaldo, artilheiro com oito gols.
O imaginado, esperado e até temido ano 2000 chega com festa em todo o mundo. No Brasil, assim como em outros países, havia o temor de que um defeito de programação generalizado em computadores e redes ocorresse na virada do século, o que, como se sabe, não aconteceu. Nas praias do Rio de Janeiro, a maior festa de Réveillon de todos os tempos reuniu quatro milhões de pessoas para celebrar a passagem.
Após três derrotas, o candidato do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, é finalmente eleito presidente da República. Ao tomar posse, em janeiro de 2003, prometeu mudanças cautelosas na condução da política econômica, como forma de acalmar os ânimos do mercado.
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