Cobertura política torna-se marca do ‘Comércio da Franca’


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A capa do Comércio da Franca do dia 30 de setembro de 1992 trazia a saída de Fernando Collor de Mello da presidência. Itamar Franca assumiu  o cargo.
A capa do Comércio da Franca do dia 30 de setembro de 1992 trazia a saída de Fernando Collor de Mello da presidência. Itamar Franca assumiu o cargo.
Com a chegada da metade dos anos 1980, era comum encontrar reportagens de caráter político nas páginas do Comércio da Franca, fossem locais, em relação ao Governo do Estado de São Paulo ou mostrando fatos ocorridos em Brasília.
 
Foi o que aconteceu na edição de 1º de março de 1985, quando o ex-deputado Ulisses Guimarães concorreu à presidência da Câmara. O Comércio destacava a ligação do político com Franca, onde tinha parentes. 
 
A aproximação com temas mais cotidianos também ganhou força. Na página quatro, por exemplo, o espaço era dedicado aos obituários, orações e mensagens bíblicas e espíritas.
 
A seção de classificados já tinha tomado mais corpo e se tornara uma característica do jornal. As páginas seis, sete e oito eram destinadas aos anúncios em que se vendia e comprava de tudo. 
 
Em abril de 1985, quando o Brasil tentava sair de mais de 20 anos de ditadura militar, viu o presidente eleito indiretamente morrer antes de tomar posse. A comoção pela morte de Tancredo Neves, após 39 dias internado, foi total e a julgar pela quantidade de reportagens, textos e anúncios publicados pelo Comércio, fica evidente o choque da notícia.
 
Manifestações vindas do Sindicato da Indústria de Calçados, mensagens da Prefeitura de Franca, o texto da Objetiva, notas na coluna de obituários e a repercussão local e regional tomaram praticamente toda a edição do dia 23 de abril.
 
Em 1988, o jornal mantinha seu formato de 12 páginas. O noticiário de polícia, ao mesmo tempo em que informava, trazia um modelo de narrativa jornalística muito diferente do apresentado hoje em dia, com textos que às vezes romanceavam a notícia e, não raro, a mostrava de forma humorada.
 
As fotos não possuíam crédito como é praticamente regra hoje em dia. Nesse tempo, o jornal explorava a fotografia como recurso da reportagem, como quando mostrou novamente Ulisses Guimarães, desta vez em outubro daquele ano, anunciando a “Constituição Cidadã”, que é como ficou sendo chamada a Carta Constitucional de 1988. O jornal reservou uma grande cobertura no dia seguinte à sua aprovação, com textos abordando o equilíbrio entre os poderes, os direitos dos servidores públicos, o papel dos municípios e os direitos políticos do cidadão, algo relativamente novo após duas décadas de supressões.
 
Ao mesmo tempo em que a movimentação em Brasília era grande, em Franca, proporcionalmente, não era menor. A corrida à Prefeitura tinha cinco candidatos em disputa. Maurício Sandoval era o favorito em pesquisas e, como o jornal noticiou, teria se saído melhor no comentado debate realizado durante a madrugada do dia 1º de outubro, pela Rede Globo.
 
Em novembro de 1992, em sua edição número 15.653, uma novidade surge na capa do Comércio e em algumas páginas internas. Não era ainda a apresentação do jornal em cores, impossível por questões técnicas naquela época, mas a marcação de alguns textos, títulos e fotos com a cor azul. 
 
No final do mesmo mês, a notícia da renúncia do ex-presidente Fernando Collor de Mello, após aberto pelo Congresso o seu processo de impeachment, recebeu menos importância que o assassinato da jovem atriz Daniela Perez, morta com 18 facadas pelo suposto namorado, com quem contracenava em uma novela da Rede Globo. A morte de bela e jovem atriz tomou conta das manchetes de todos os jornais e revistas e não foi diferente no Comércio.
 
Antes, em setembro do mesmo ano, o Comércio destacava a fraca movimentação popular em torno da cassação de Collor. Dizia o jornal no dia 19 de setembro: “Movimento Fora, Collor foi fraco em Franca”. 

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