Seis meses após a implantação do sistema off set com pioneirismo no interior do País, o Comércio mostra uma nova face. O jornalista Corrêa Neves, com larga experiência na grande imprensa da capital, viu na tecnologia o caminho para o jornal que, nos próximos anos, se tornaria líder da preferência do leitor francano. A importação da moderna impressora Goss Community, o que havia de mais avançado na época em impressão a frio - muitos jornais, inclusive nas capitais, usavam ainda chumbo ou rotogravura em seus parques gráficos -, ao lado de uma moderna Ravena para a confecção de fotolitos, a tituleira japonesa Morisawa e as composers IBM, foi o ponto alto deste investimento.
Pouco depois da inauguração desse moderno parque gráfico, num amplo espaço na rua Ouvidor Freire, muito maior do que o ocupado até então, o Comércio já mostrava sua nova cara, com diagramação vanguardista e a utilização de fotos em todas as páginas -- o que ainda não acontecia na fase anterior, em virtude da limitação da impressão tipográfica. E tudo era refletido nas páginas do jornal, com investimento também na equipe de reportagem, dando agilidade à cobertura dos fatos diários.
Logo nos primeiros meses de 1975, várias reportagens mostravam os problemas de uma série de bairros de Franca, principalmente no que dizia respeito ao saneamento básico e à pavimentação. Grandes fotos documentavam a dificuldade de moradores das vilas Santa Luzia e Raycos e dos jardins Seminário, Pedreiras e da Cidade Nova, entre outros. Fatos da cidade se tornaram presentes, chegando aos anos 80 ganhando destaque em manchetes.
Os assuntos relativos à indústria de calçados, já a principal força econômica do município, sempre ganhavam destaque nas páginas do Comércio, como a intensificação da exportação do calçado francano, que era considerado um dos melhores do mundo, ao lado de similares espanhóis e italianos. A primeira partida de sapatos francanos para a então União Soviética foi noticiada em uma série de edições do Comércio, que registrava as realizações da Francal (ainda realizada em Franca) como grandes eventos.
A política também não ficava de fora: entre 1975 e 1985, o Comércio estampava em suas páginas as transformações da cidade, do Estado, do País e do mundo. Desde as cassações de deputados com base no AI-5 (Ato Institucional número 5), que vigorou até o fim da década de 1970, passando pela surpreendente eleição de Maurício Sandoval Ribeiro, pela Arena, em 1976 (ele não aparecia entre os mais cotados), passando pela anistia em 1979 (quando os exilados retornaram ao País), o início da redemocratização que passou pelas eleições de 1982 (com a eleição de Franco Montoro ao governo do Estado e Sidnei Rocha à Prefeitura de Franca), a campanha pelas Diretas-Já, entre 1983 e 1984, culminando com a eleição de Tancredo Neves para a presidência da República pelo colégio eleitoral, derrotando Paulo Maluf, candidato dos militares. Acabava aí a ditadura militar que tomara o poder em 1964. Porém, sobreveio a tragédia, com a morte de Tancredo Neves, em 1985, tomando posse o vice, José Sarney. O Comércio acompanhou diariamente a agonia, a morte e a comoção que tomou conta do País com a morte do presidente que prometera uma nova era para o Brasil.
Um pouco antes, em 1975, a Guerra Fria ainda estava no auge e notícias provenientes dos Estados Unidos e da então União Soviética ganhavam destaque. Em 1978, mais precisamente em 8 de agosto, o jornal destacava a morte do Papa Paulo VI. O seu sucessor, João Paulo I, foi anunciado no dia 26, mas morreu um mês depois. Ele seria seguido pelo polonês Karol Józef Wojtyla, o João Paulo II, aclamado no dia 16 de outubro.
A cobertura jornalística também dava grande destaque ao esporte, principalmente com as glórias do basquete e do futebol francanos. No basquete, a maior conquista veio em setembro de 1975, quando o Amazonas Franca venceu o Real Madrid e sagrou-se vice-campeão do Mundo. Em dezembro, a equipe chegou ao bicampeonato sul americano. A glória maior vem com o acesso da Francana à principal divisão do futebol paulista, ao derrotar o Araçatuba por 2 a 0, no estádio “Lancha Filho.” Na segunda-feira, dia 5 de dezembro de 1977, o Comércio publicava uma edição extra com toda a história do confronto. Infelizmente, em 1982 a Veterana foi rebaixada e não conseguiu retornar. Corrêa Neves era então o presidente. O descenso da Francana foi uma das grandes frustrações de sua vida.
Em termos de publicidade, ainda em meados de 1970, poucos anúncios eram estampados nas páginas dos classificados. O início dos anos 1980 já mostra um volume maior, chegando a mais de quatro páginas em 1985, quando começaram a ser separados por seções. Também a publicidade cresce ao longo dos anos, principalmente com as grandes lojas de departamentos, supermercados e concessionárias de automóveis, que começavam a se instalar na cidade.
A escalada da violência também acaba refletida nas páginas do Comércio: crimes passaram a se tornar mais comuns e o jornal, cumprindo o papel de noticiar o que é relevante, amplia espaço do noticiário, trazendo acidentes de trânsito e a ação de quadrilhas de assaltantes, já em 1985.
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