A morte de Getúlio Vargas, em 1954, além da comoção nacional que causou, abriu espaço para uma instabilidade política que percorreria os 10 anos seguintes. Em uma década, a começar por Café Filho, vice de Vargas, foram oito nomes a ocupar a Presidência da República.
Antes mesmo das eleições de 1955, o próprio Café Filho é afastado por motivos de doença. Em seu lugar assume o presidente do Congresso, Carlos Luz, que, no entanto, fica apenas três dias no cargo, entre 8 e 11 de novembro do mesmo ano. Deposto, foi acusado posteriormente de tentar um golpe para evitar a posse de Juscelino, a essa altura, já eleito.
Como ainda faltavam dois meses para a posse de JK, quem comandou o País nesse tempo foi o presidente do Senado, Nereu Ramos.
Juscelino assumiu seu mandato de cinco anos, com João Goulart como vice. Alicerçado no slogan de sua campanha, “50 anos em cinco”, deu início a um período de relativos desenvolvimento e prosperidade econômica ao País.
O plano de metas do político mineiro incluía, entre seus 31 objetivos, o objetivo mais ambicioso: a transferência da capital federal para o Planalto Central com a construção de Brasília, algo que em maior ou menor grau de discussão já era intenção de alguns presidentes desde o início da República. As obras começaram efetivamente em 1956.
Em várias direções, na política, artes e nas relações sociais, o Brasil passava rapidamente por inúmeras transformações. Dos Estados Unidos o ritmo que contagiava era o rock and roll, surgido na mesma década. Elvis Presley, com seu disco Heartbreaker Hotel, Chucky Berry e Little Richard eram os nomes da época.
Em 1957, Jânio Quadros, então prefeito de São Paulo, chegou a proibir que o rock fosse tocado nos bailes por “desvirtuar a juventude”. Era o mesmo ano em que Pelé, aos 16 anos, estreava na seleção brasileira contra a Argentina, marcando o único gol na derrota do Brasil por 2 a 1.
Quatro anos após ser iniciada, Brasília é entregue no dia 21 de abril de 1960. Naquele ano, o sétimo censo demográfico feito no País apontava uma população de 70 milhões de pessoas.
As eleições daquele ano marcaram a ascensão de Jânio Quadros, escolhido candidadato a presidente pelo extinto PTN (Partido Trabalhista Nacional). Eleito com o chavão “Varre, varre, vassourinha” e prometendo varrer a corrupção que cercava o governo de seu antecessor, Quadros impacta o País, renunciando ao cargo em agosto de 1961, seis meses e 25 dias depois, sem nunca apresentar uma explicação satisfatória.
A Presidência é ocupada interinamente pelo presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazilli, por apenas 14 dias. João Goulart, vice de Jânio, sob críticas de setores de direita e das Forças Armadas, assume no dia 7 de setembro.
Um dia após tomar posse, o Congresso Nacional, em uma manobra para tirar os poderes de Jango, aprova o regime parlamentarista de governo. Tancredo Neves é escolhido como primeiro-ministro.
O futebol também contribuía com sua dose de alegria. No mesmo ano, a seleção brasileira leva pela segunda vez a Taça Jules Rimet, ganhando da Tchecoslováquia, por 3 a 1, em Santiago, no Chile.
Apesar do plebiscito que determinou a volta do sistema presidencialista ao Brasil, quando mais de nove milhões de pessoas votaram, restabelecendo o poder ao presidente João Goulart, o ânimo em setores conservadores e na cúpula militar não era nada amistoso.
No dia 1º de abril de 1964, o presidente é deposto por um golpe militar. O deputado Ranieri Mazilli assume e passa a vez para o marechal Humberto Castelo Branco no dia 15 de abril.
É divulgada uma primeira lista de cassações dos direitos políticos com 72 nomes, entre os quais o próprio Jango e oficiais do Exército leais a ele. Haveria outras.
Os anos dourados, dos bailes e da liberdade poética e musical, são freados pelo ar pesado de uma ditadura que duraria 21 anos. E que estava apenas no começo.
BOSSA NOVA SURGE NO RIO JANEIRO COM JOÃO GILBERTO E VINICIUS DE MORAES
Das praias do Rio de Janeiro surge um novo estilo musical. Com forma intimista de cantar e arranjos econômicos, artistas como João Gilberto, Vinicius de Moraes e o maestro Roberto Menescal, entre tantos outros, apresentam a bossa nova, ritmo que se firmaria nos anos seguintes no Brasil e no mundo.
O PAGADOR DE PROMESSAS EM CANNES
Enquanto a instabilidade política, a despeito da vontade popular, não diminuía, em 1962, o filme brasileiro O pagador de promessas, do diretor Anselmo Duarte, recebia a Palma de Ouro no Festival de Cannes, na França.
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