Cidade se moderniza e a indústria calçadista cresce a passos largos


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A Amazonas nasceu em 1947, em Franca. Na foto à esquerda, datada de 1º de maio de 1953, aparecem os funcionários Alcino Teixeira, José Rodrigues e Luiz Carlos
A Amazonas nasceu em 1947, em Franca. Na foto à esquerda, datada de 1º de maio de 1953, aparecem os funcionários Alcino Teixeira, José Rodrigues e Luiz Carlos
Em dezembro de 1956, o Comércio da Franca publicou dois grandes suplementos que marcam uma data que caiu em desuso e deixou de ser anotada nos calendários com o passar do tempo. Exatamente naquele ano a população comemorou o aniversário dos cem anos da elevação de Franca à condição de cidade.
 
Para muitos estudiosos, tratou-se de uma data criada para satisfazer alguns setores sociais, já que, como se sabe, o que se comemora de fato é o ano de 1824, quando Franca tornou-se vila.
 
Todas as figuras ilustres da República estavam retratadas na publicação. Lá apareciam as fotos de um sorridente Juscelino Kubitschek, presidente em seu primeiro ano de mandado, e João Goulart, seu vice, circunspecto como sempre. Jânio Quadros, governador do Estado de São Paulo, era apresentado como a figura de mais rápida carreira política que se viu.
 
Nas mesmas páginas em que os Cine Odeon e Cine Santo Antônio faziam propaganda dos filmes em cartaz, uma reportagem sobre como seriam as providências para dar um Natal mais digno a duas mil famílias pobres de Franca.
 
Nesse período, Onofre Gosuen, prefeito, e Abílio Nogueira, seu vice, tinham que se preocupar também com o asfaltamento das ruas que ligavam a Estação ao Centro, a começar pela rua General Telles, já em 1958 uma importante via de ligação entre as duas regiões da cidade.
 
As contas de energia, tão preocupantes nos dias atuais, já mereciam naqueles dias uma notificação da Companhia Francana de Força e Luz sobre os motivos que levariam a empresa a aumentar a tarifa para os consumidores. 
 
Segundo a companhia, o mesmo valor pago pelos serviços de iluminação durante anos, sem reajuste, estava inviabilizando a prestação do serviço em Franca. A direção da empresa lembrava ao prefeito Gosuen de que os preços nos 10 anos anteriores já tinham elevado o custo de “todas as necessidades”, sendo urgente e necessário o reajuste.
 
A virada dos anos 1950 para os 60 vinha consolidar a indústria de calçados de Franca. Para isso, dois nomes desse setor e que anos mais tarde se tornariam referência dentro e fora do Brasil firmavam suas atividades.
 
A Amazonas, fundada em 1947 pela família Pucci e por Tomaz Licursi para produzir saltos e solados vulcanizados de borracha, e a Calçados Samello, durante anos um dos maiores nomes do calçado masculino nacional.
 
Embrionada em 1926 pelo jovem espanhol Miguel Sábio de Mello, a Samello surgiu como uma pequena oficina de conserto de calçados em Franca e colaborou para formar uma elite de profissionais e artesões preocupada com a qualidade e o conforto dos produtos. Isso mais efetivamente a partir de 1934, quando Miguel começou a mecanizar sua pequena indústria.
 
Mas o grande avanço veio na década de 40 quando, com base em pesquisas feitas nos Estados Unidos, a Samello passou a investir no lançamento do “mocassim genuíno” no Brasil. O feito ficou sacramentado como uma grande revolução no setor, uma vez que os calçados duros e pesados passaram a ser substituídos pelos flexíveis e confortáveis mocassins.
 
Outro salto da empresa aconteceu em meados dos anos 50, quando Wilson Sábio de Melo, filho primogênito de Miguel, buscou, também nos Estados Unidos, um projeto arquitetônico moderno e integrado com os últimos avanços tecnológicos da época para que a indústria expandisse. Sua iniciativa resultou na sede atual da empresa, ponto referencial de Franca.
 
A produção de calçados em Franca entrava em um período de verticalização de suas atividades, com empresas ligadas umas as outras e setores interdependentes.
 
O número de fábricas, segundo Pedro Tosi, saltou de 23, em 1953, para 66 no ano de 1956 e 76 empresas, em 1960.

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