Habituados à velocidade com a qual a notícia corre o mundo hoje em dia, resta um estranhamento incômodo ver que, em plena Segunda Guerra Mundial, nenhuma palavra lembrava ao leitor em Franca que populações de países europeus estavam sendo massacradas por tropas nazistas e pela reação de países aliados.
O conflito já se encaminhava para o fim, mas, mesmo nas edições anteriores, em anos inteiros, a beligerância não mereceu a atenção do jornal.
Nesse momento é preciso estabelecer uma linha de raciocínio merecida. A guerra, de fato, só veio a envolver diretamente o Brasil com a ida da FEB (Força Expedicionária Brasileira) aos campos europeus para combater tropas alemãs na Itália no ano de 1945.
Antes disso, os impactos do conflito pouco ou quase nada eram sentidos pela população do interior do Brasil. Outra realidade, ligada de forma oposta à observação do início deste texto, diz respeito exatamente à maneira como a informação era divulgada, isto sem contar que o País passava por um período de ditadura militar, em que todos os órgãos de imprensa, sem exceção, estavam sob censura do governo do presidente Getúlio Vargas.
No dia 11 de setembro de 1947, o Comércio chega à sua 2000ª edição, em 32 anos de circulação. Naquele dia, quem pegasse o jornal nas mãos leria como notícia principal o alerta que as autoridades de saúde faziam sobre a nocividade do consumo do álcool ao organismo, a verdadeira “praga da sociedade”, contribuindo para o aumento dos “crimes de sangue”.
Na edição de 20 de julho de 1950, quatro dias após a derrota da seleção brasileira de futebol no Maracanã, para o Uruguai (2 a 1), na final da Copa do Mundo do Brasil, a notícia, ao contrário do destaque que o futebol obteve com o passar dos anos nos meios de comunicação, mereceu apenas uma nota curta, em duas colunas, ainda assim dividindo espaço com o jogo entre Orlândia e Francana, em Franca, pela rodada do Campeonato Paulista da segunda divisão.
Em outubro de 1954, uma reportagem em tom efusivo mostra o resultado das eleições gerais realizadas naquele ano, quando foram renovados dois terços do Senado, eleitos novos deputados federais e estaduais e governadores de 11 Estados.
Em Franca, o resultado apontou vitória do candidato Prestes Maia, com 3.569 votos, apenas 203 votos a mais que o segundo colocado, Jânio Quadros. A abstenção nas urnas naquela eleição, mostra o jornal, foi de 42%.
Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.