A administração municipal de Franca tinha diversas preocupações e prioridades no início dos anos 1930, mas uma das necessidades mais prementes era diminuir a mortalidade infantil, que, segundo relatórios médicos da época, atingia níveis alarmantes, embora não falasse em números.
O Dispensário Petráglia, criado em 1932 para abrigar e cuidar dos “doentinhos” seria uma espécie de pronto socorro infantil naquela época que, no entanto, durou pouco: apenas dois anos.
Em outras frentes, a cidade se expandia. O bairro da Cidade Nova era a fronteira imobiliária daquele período. No próprio Comércio da Franca, um texto previa que a avenida Rio Branco (atual avenida Presidente Vargas) começaria a atrair novos moradores em pouco tempo. “Já toda calçada, será um encantador natural para novas residências”, dizia o texto.
Num movimento que começou na metade da década de 1930, a mudança de várias fábricas de calçado do Centro de Franca para a Estação se intensificou em 194 0, atraídas principalmente por imóveis maiores.
O setor industrial coureiro-calçadista de Franca experimenta um avanço significativo nesse período. Em seu trabalho Capitais no interior, de 1998, o professor da Unesp de Franca, Pedro Tosi, fala da aptidão local para grandes fábricas, o que acabava aquecendo a geração de mão de obra em outras profissões, como marcenaria, carpintaria, fabricação de móveis e empresas especializadas no conserto e reparo de equipamentos para a indústria de calçados.
A fábrica de móveis Benjamin Steinberg, Boris Cuperman, Levyman & Brickmann, cujos sócios eram todos judeus, foi uma dessas empresas que se instalaram em Franca naquela década no rastro das oportunidades que os sapatos já traziam para a cidade. De 1930, quando foi criada, e após a saída ou morte de seus principais nomes, a empresa trocou de mãos e de nome em 1945.
Sua trajetória foi importante como fator de associação ou ligação entre a indústria moveleira e o surgimento de pequenos negócios que usavam a madeira como matéria prima para a fabricação de formas para calçados.
Na mesma obra, Tosi ainda lembra de outro importante setor comercial que começou a surgir em Franca nessa época. Eram as oficinas de mecânica, mas não em sentido restrito a automóveis, como entendemos ou temos hoje em dia.
Naquele tempo, empresas como Irmãos Barini ou comerciantes como Caetano Calamoni, Fernando Begheli ou Francisco Benicasa se ocupavam de suprir a necessidade que as fábricas tinham de consertar e reparar suas máquinas, aparelhos e, por que não, veículos.
O desenvolvimento que, mesmo a passos lentos, favorecia o Centro da cidade, não chegava à Estação. O bairro não dispunha de água encanada, situação que começou a ser melhorada com a eleição de Antonio Barbosa Filho.
Um ano depois, conforme documentos do Arquivo Histórico de Franca, Barbosa Filho assina um contrato para expansão do fornecimento de água e serviços de esgoto, que passou de uma rede com 2.100 metros de extensão para 4.700 metros. A empresa Geobra completa o trabalho em 1939.
O sistema captava água de córregos e ribeirões que, somados, geravam uma vazão de 84 litros por segundo, impensável para os dias atuais, embora suficientes para a época.
Ainda em relação à Estação, o novo prédio da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro veio presentear Franca num momento em que o café, principal atrativo e impulsionador da ferrovia desde a sua fundação, já estava com preços acentuadamente em queda.
Em 1939, a nova estação, construída no estilo art-noveau, é entregue em substituição à antiga, que já não atendia às necessidades dos produtores de café e das empresas que comercializavam o produto em Franca e região.
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