Em momento delicado para o País, jornal noticia revoluções e cresce


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Em abril de 1927, o Comércio da Franca passa a circular esporadicamente com oito páginas
Em abril de 1927, o Comércio da Franca passa a circular esporadicamente com oito páginas
A primeira edição do Comércio da Franca de janeiro de 1925 trazia uma modesta nota alusiva ao centenário de Franca na condição de vila. Dizia o jornal que o evento, além de autoridades municipais, consulares, políticos e comerciantes, reuniu grande público formado pela massa popular.
 
O Comércio chegava ao seu décimo ano e a 478 edições, mantendo praticamente inalteradas suas características visuais, em edições semanais, com quatro páginas.
 
Já em 1926, a publicidade como era entendida na época dava seus primeiros passos no jornal, dentro de uma forma que possa hoje ser entendida como um anúncio mais profissional publicado na capa do Comércio.
 
Durante sete meses, entre junho e janeiro de 1927, o representante Mello e Junqueira, dos veículos Oakland, o “preferido dos grandes artistas do cinema mudo”, anunciou a novidade sistematicamente em todas as edições.
 
Nesse meio tempo, em outubro de 1926, o Comércio deixa o formato editorial com quatro páginas e passa a circular com duas a mais. Na edição 591, de 9 de abril de 1927, nova mudança e o jornal passa a circular esporadicamente com oito páginas. Em outros momentos, porém, novas edições seriam feitas com apenas quatro páginas.
 
As coisas não andavam muito calmas em Franca nesse último ano. A leitura do Comércio faz conhecer a história do “preto velho” morto com dois tiros, entre Covas (atual Miramontes) e Cristais Paulista, onde, denunciava o jornal, há anos aconteciam crimes terríveis.
 
Tinha mais crime, como o do desertor da “força pública”,  essa que deu origem à Polícia Militar. Ele espancou covardemente um sexagenário que foi cobrar um empréstimo feito oito meses antes.
 
Problemas de cidade que se expandia, o Centro sofria com o cheiro insuportável produzido pelos dejetos da padaria Phenix. O artigo do Comércio destacava a impressão negativa que a água pútrida e parada podia causar aos visitantes justamente no Centro de Franca.
 
Como nem tudo eram reclamações, o Cine Odeon apresenta quatro filmes dentro do mês de ouro cinematográfico. O Cavalo de Ferro era anunciado como o filme de maior técnica já realizado até então e mostrava a odisseia que foi a construção das ferrovias que uniram as costas Leste e Oeste dos Estados Unidos.
 
Em 5 de outubro de 1930, a notícia da revolução vinha de maneira alarmista. Na sua primeira página daquele dia, o Comércio levantava questionamentos sobre o que de fato estava acontecendo nas cidades mineiras de Araguari, Uberlândia e Uberaba, com as notícias mais recentes de levantes das forças militares em Minas Gerais. 
 
Segundo o jornal, de Ribeirão Preto partiram as informações de “caráter gravíssimo”, situação só piorada pelo fato de que os trens da Companhia Mogiana só podiam seguir até Rifaina, não transpondo o Rio Grande e a divisa dos Estados.
 
Em novembro de 1930, o Comércio dedica boa parte de suas edições aos desdobramentos locais da crise política nacional. Exortando a vitória de Getúlio Vargas e da Revolução, o jornal diz que, a exemplo de todas as administrações comandadas pelo Partido Republicano Progressista, quem passa a dar as cartas em seguida é o Partido Democrático.
 
A junta provisória do novo governo tira o controle da administração municipal de Franca das mãos do coronel Francisco de Andrade Junqueira e o passa ao major Francisco Barbosa Ferreira.
 
Dois anos mais tarde, o Comércio já usa suas edições para noticiar os desdobramentos da Revolução Constitucionalista. No primeiro de seus textos, o recado era para população se organizar na ajuda aos voluntários francanos, que iriam aguardar ordens de embarque no alojamento montado na Escola “Coronel Francisco Martins”. 
 
Em outubro de 1932, a menção ao envolvimento de francanos na revolução aparece no texto-homenagem ao jovem tenente Hermes de Moura Borges, com 20 anos, morto em combate. Em mais uma edição daquele ano, uma página inteira é dedicada ao livro escrito pelo naturalista francês Augustin de Saint-Hilaire, que entre 1816 e 1822, vindo de Goiás, desbravou o sertão de Covas e se abrigou durante alguns dias em cabanas de sapê montadas no local onde mais tarde seria a Praça “Nossa Senhora da Conceição”.

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