Aproximadamente 1836 no calendário indiano. No hebreu foi 5675 e no chinês 4613. No calendário persa foi 1263 e no muçulmano, 1333. Esqueçam o saudosismo, a nostalgia, a saudade do que nunca tiveram ou viveram. Não, 1915 definitivamente não foi um ano fácil ou memorável, no melhor sentido da palavra.
Marcado por guerras, crueldades, revoluções aqui e ali, 1915 foi um ano trágico, em que mudanças lentas no cenário mundial foram sendo desenhadas e que se formatariam perto de três décadas com a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Os anos que viriam logo depois não atenuariam em nada o momento de desconforto e privações que, sobretudo, o velho continente experimentava.
O mundo em uma guerra que assolava a Europa, enquanto que nos trópicos a notícia demorava e chegar. Quando chegava, já vinha esmaecida como as páginas dos jornais, além de pequena, bem como o espaço que normalmente lhe reservavam diminuta em seu impacto.
Para uma geração que vê a notícia correr o mundo em questão de segundos é difícil assimilar e entender a maneira como um conflito que ao seu final deixaria perto de 60 milhões de mortos foi abordado pelos jornais da época, de maneira simples e sem muito destaque. Pela dificuldade da chegada de informações, a real proporção dos eventos demorava dias para ser contextualizada e corretamente noticiada.
O Comércio da Franca, como todos os outros jornais, seguiu essa linha não por opção, mas porque não havia como ser diferente. Em sua primeira edição, a menção ao conflito falava de uma Europa que continuava conflagrada e que seguia em sua rotina de carnificina promovida pelos exércitos dos impérios Austro-Húngaro e Alemão, além da Itália, de um lado, e russos, britânicos e franceses do outro.
Simultaneamente ao período em que o jornal circulou pela primeira vez, soldados turcos do Império Otomano matavam 1,5 milhão de armênios com toda a sorte de crueldade, métodos e planejamentos. O genocídio armênio, que até hoje não foi reconhecido oficialmente, é uma dessas passagens que mancham a história da humanidade de maneira definitiva.
A guerra terminaria em 1918, mas o estado de beligerância não acabaria ali. Com uma participação protocolar, o Brasil mais esteve envolvido no apoio aos exércitos aliados que na forma efetiva de combate. Para o historiador inglês Eric Hobsbawm, o mundo estaria em conflito permanente até 1945.
O brasileiro Santos Dumont deu uma contribuição indireta, mas significativa na guerra: o avião teve seu batismo de fogo nos campos europeus. Frágeis, quase artesanais, para um ou dois homens, não puderam ser considerados decisivos nas principais batalhas, mas foram muito empregados dentro de suas limitações e de sua época.
Neste intervalo é importante citar a Revolução Russa, de 1917, que culminou com o fim da aristocracia russa e a ascensão do partido bolchevique de Vladimir Lênin, o líder do movimento, apresentou o comunismo ao mundo e sedimentou as bases do que viria a ser a antiga União Soviética, sonho de grandeza russo que terminou em 1989.
No esporte, com o cancelamento das Olimpíadas de Berlim, em 1916, por causa da guerra, Antuérpia, na Bélgica, é a sede dos jogos em 1920, quando os brasileiros obtiveram três medalhas (ouro, prata e bronze) na modalidade de tiro.
O curioso é que os competidores tupiniquins chegaram aos jogos sem o material de competição. Armas e munições haviam sido furtadas durante a viagem. A solução encontrada foi pegar emprestados equipamentos dos atletas dos Estados Unidos. A gentileza custou caro aos americanos, que acabaram derrotados pelos brasileiros na competição.
Ainda em 1920, um dos mais conhecidos momentos da história americana tem início com o advento da Lei Seca e a proibição da venda e consumo de álcool nos Estados Unidos.
Nesses anos e nos próximos que viriam, a situação de penúria de vários países europeus criou um cenário dos mais favoráveis para a indústria e economia americanas. Com dependência e necessidade de importar tudo o que fosse necessário à sua reconstrução, esses países levaram os Estados Unidos do céu ao inferno em menos de uma década. Com a diminuição das exportações, empresas americanas com ações na Bolsa de Nova York começaram a quebrar em cascata. O resultado disso, porém fica para depois.
O ano de 1924 chega com a realização da Olimpíada de Paris, um fiasco para os brasileiros, cuja melhor posição foi um quarto lugar no remo. O evento revelou ao mundo o americano Johnny Weissmuller, ganhador de três medalhas de ouro na natação e um bronze no polo aquático e que mais tarde imortalizou o personagem Tarzan no cinema.
O futebol como esporte mundialmente praticado ainda engatinhava. O país de referência era a Inglaterra e, no Brasil, as primeiras competições com operários começavam a ser organizadas, dando início à sua popularização.
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