Passa o tempo e Franca já é a capital nacional do sapato. Em abril de 1986, revoltados com as perdas salariais decorrentes do Plano Cruzado, no governo Sarney, os sapateiros dão início à maior greve que a cidade já vira. Com apoio do PT e das centrais sindicais, os trabalhadores param praticamente todas as fábricas de Franca. Acompanhamos tudo de perto. Inclusive as visitas do então presidente do PT, o ex-presidente Lula, e do presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Jair Meneguelli, que vieram a Franca incentivar o movimento. A greve de 12 dias reuniu cerca de 10 mil pessoas em apenas uma das assembleias. Foi o movimento operário de maior repercussão que já noticiamos. O fim da greve foi negociado pelo então prefeito Sidnei Rocha.
Exatamente um ano depois, em abril de 1987, Sidnei é convidado pelo governador Orestes Quércia a assumir a presidência da Vasp. O prefeito aceita o convite e tenta se licenciar do cargo em Franca. Denunciamos a tentativa de manobra e Sidnei é obrigado a renunciar à Prefeitura.Passa Sidnei, passa Quércia, passa Sarney. Até Collor passa. É 22 de dezembro de 1992. O primeiro presidente eleito pelo povo no Brasil redemocratizado havia sofrido o impeachment pela Câmara há dois meses, mas só deixaria o Planalto e a Casa da Dinda dali uma semana, numa tentativa frustrada de escapar da confirmação do impeachment pelo Senado, transvestida de renúncia. Em nossa região, é o início de um mistério na pequena Guaíra, a cerca de 120 km de Franca. Vaneide Rosa de Paula Chagas desaparece de casa após uma discussão com o marido, o então delegado de polícia Naílton Faleiros Chagas. No dia 25, um corpo é encontrado às margens da BR-050 entre Uberaba e Uberlândia (MG), quase totalmente carbonizado. Sem identificação, foi congelado no Instituto Médico Legal de Uberaba. Ao sermos informados do encontro do cadáver, nos deslocamos até a cidade mineira e foi confirmado que o corpo era de Vaneide. O tenebroso caso tomava contornos mais surpreendentes à medida que as investigações avançavam e apontavam o marido como o principal suspeito. Tudo noticiamos. Até abril de 2006, quando o ex-delegado foi declarado culpado e condenado a sete anos de cadeia pelo assassinato da mulher.
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