Quatro anos depois começa a Segunda Guerra Mundial. Publicamos notícias sobre o embate na Europa, mas, como orientara o próprio governo, nos mantivemos calados... Calados até 20 de agosto de 1942, até o “Torpeamento de 5 navios brasileiros”. Do silêncio à revolta. “Agora, porém, ante o inominável atentado de que foram vitimas cinco barcos nossos conduzindo a bandeira do Brasil e brasileiros, que não estavam em missão de guerra, mas sim de trabalho, o Comércio da Franca faz causa comum com todos os brasileiros no energico protesto que lançam ao mundo civilizado contra essa deshumana agressão aos brios e à dignidade de um país. O Comércio entrou na guerra, Franca entrou na guerra, o Brasil declarou guerra à Alemanha e à Itália. Era 22 de agosto. Como em 32, a causa de 42 também virou nossa”.
Seguiram-se mais três anos de batalhas, destruição, fome e mortes. Em maio de 1945, com uma edição extra no dia 8, comemoramos o Dia da Vitória - essa era nossa manchete estampada em letras garrafais na primeira página. “A paz veio, depois de tantos anos! Quantos lares voltarão a povoar-se de cânticos alegres! Quantas mães reverão seus filhos! Quantas esposas ansiosas poderão ter em seus braços o marido que partia no enigma das caminhadas! Ergamos nossos corações: peçamos a Deus se digne a abençoar a humanidade para que esta alvorada de Paz seja duradoura e para que os homens vivam em harmonia os dias de reconstrução que se iniciam hoje, em reverência aos heróis que tombaram em defesa da Justiça, da Liberdade e da Fraternidade Universal.”
Viveríamos, enfim, anos de paz! Pelo menos até o golpe de 1964.
Empreendemos, agora, lutas eleitorais. Por quase todo o ano de 1949 e até outubro de 1950, defendemos a candidatura de Prestes Maia ao governo do Estado de São Paulo. Deu certo, não! Venceu Lucas Nogueira Garcez. Mas nem tudo foi perdido. Conseguimos reeleger deputado estadual o nosso redator Dr. Vicente de Paula Lima.
Já em 51, ganhava força a defesa pela construção da rodovia Franca-Araxá. “Um sonho de decênios” começava a se tornar realidade. Entramos nesta luta - que seria de anos. A campanha pela ligação entre as duas cidades ganha a imprensa brasileira. Doze anos depois, em fevereiro de 1963, o governador mineiro Magalhães Pinto visitou a nossa redação e prometeu entregar o trecho mineiro da estrada em setembro. Mas isso aconteceu apenas em janeiro de 1964. Foi realmente uma luta de anos para o sonho virar realidade. Mas faltava asfaltar, São Paulo concluiu a pavimentação em dezembro de 1966. Minas prometeu para o segundo semestre de 1968.
E em meio a essa nossa luta pela estrada, perdemos a liberdade. Veio o Golpe Militar de 1964 - “Revolução” naquela época. O silêncio mais uma vez nos tomou. Não que nossos leitores deixaram de ser informados. Ao contrário, em todas as edições publicávamos notícias sobre as mudanças político-sociais no Brasil. Desde antes. Da renúncia de Jânio à queda de Jango. A tomada do poder pelos militares. Mas a ditadura era braba e emitir opiniões, impensável, naqueles anos de chumbo. Foram 20 anos de um regime autoritário, que levou um de nossos diretores - Alfredo Costa - à prisão. Os cuidados que tomamos não foram suficientes para que as garras da ditadura não caíssem sobre nós. Mas não nos esmorecemos, mesmo sem nosso líder. Continuamos servindo aos interesses de Franca. Seguimos noticiando até o fim desse autoritarismo: o Diretas Já, a eleição indireta de Tancredo Neves e sua morte.
Era 23 de abril de 1985. “Morre Tancredo Neves. Povo brasileiro chora”. O presidente eleito morreu no dia 21 de abril, vítima de uma diverticulite. “O país todo hoje chora a partida de Tancredo Neves, aquele que - como disse o ator Lima Duarte, ontem, em depoimento na televisão - foi o melhor presidente desta Nação, mesmo sem ter assumido seu posto.” Assumiu definitivamente José Sarney, o vice. E até hoje vivemos anos de liberdade e de paz. Não como sonhávamos, como sonhamos... Mas vivemos.
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